domingo, 12 de dezembro de 2010

Promessa de fim de ano para o fim do ano

Não, de novo, eu fui um belo de um covarde e não procurei ajuda. Vivi vários dias de apatia e riso forçado.

Pensei: só vou me sentir feliz de novo logo após apresentar o seminário da proposta do mestrado. Pois é uma das poucas atividades que faço por prazer. Montei apresentação, escrevi monografia, e tudo. Mergulhei de cabeça, sem olhar pros lados. Encabrestado.

Eu precisava terminar de tratar uns dados antes de eu apresentar o seminário e, por isso, eu estava no laboratório. De repente, chegam duas pessoas ao laboratório onde trabalho. Duas pessoas completamente estranhas ao laboratório, mas não a mim: Mateus e Alice.

Eles me explicaram o motivo de tão inusitada visita: Mateus me indicara a ela para que eu a ajudasse em um trabalho. Nada muito complexo, mas como o inner fire estava meio apagado ultimamente, resolvi ajudar até mais do que deveria. Indiquei referências, mandei trabalhos parecidos prontos, e tudo mais.

"Ai, Gringo, você não existe!"

Outro dia, eu a encontrei no ônibus, justamente no dia da apresentação da minha proposta do mestrado. Praticamente um sinal divino, eu diria. Conversamos aleatoriedades, non plus. Mas eu estava edgy para convidar, como não quer nada, para gastar um cupom para um jantar em um restaurante japonês que eu havia comprado naquela semana. Não o fiz.

Eu estava prometendo a mim mesmo que eu gastaria esse cupom antes de eu ir embora pra minha cidade para as festas de fim de ano. Até que eu arranjei coragem. E, por acaso, acabei de visitar a página da Alice no Orkut.
Espiada básica no perfil dela e vejo que ela entrou em uma comunidade de caronas entre São Carlos e Piracicaba. Mas ela me disse que tinha desistido de procurar estágio outro dia! Como? Ah, às vezes, nesses montes de viagens, ela teve que ir pra lá alguma vez.



Shock.
Relacionamento: namorando.

"eeee morreeee to felizzzz de estar aki em sanca com vc....um bjaummmm linda amo vc...."

Tá, acho que descobri quem é a pessoa. Espiada básica número 2 e descubro que ele é um pouco religioso, libriano, torcedor do Santos, biólogo (ou pelo menos estuda pra tal), participa da comunidade do "MSN Messenger São Carlos" [não me diga que eles se conheceram por lá, s'il vous plâit ! Que... bizarro! Ufa, pelo menos ela não participa da comunidade!]

Piracicabano.

Oh. Isso explica alguma coisa.

Descobri isso de uma maneira tão inconsciente, insana, feroz! que nem sei como que eu consegui escrever tudo isso até agora. Um misto de raiva, tristeza, um não-sei-o-quê me dominou de uma forma! Uma ânsia por tudo que beira à psicopatia.
Não, pare com isso! Deseje-a felicidade. Afinal, parece que toda aquela história de teatro foi a maneira pra esquecer do ex. Ela agora parece estar se sentindo amada truly.

Mas e eu, meu Deus? Até quando eu vou ficar nessa apatia, nessa solidão? Nessa querência, nesse wish to love someone?
A questão toda não é a Alice estar namorando, mas sim eu estar, num sábado à noite, ventos e trovoadas lá fora e eu sozinho em casa, ouvindo música fossa. Como em vários outras noites de sábado. A única companhia minha neste exato momento são duas velas,





Já sei.

Eu prometi que iria gastar o cupom, não é? Não disse com quem...

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Convenci-me

Hoje à tarde fiquei um bom tempo na internet, respondendo a emails acerca da comissão de formatura. Um deles veio de Úrsula*, que já havia causado uma mega-discussão entre a turma e a comissão, que não vem ao caso agora. Ela questionava sobre uma cobrança de juros, que ao meu ver (e dela também) era indevida.
Eu lhe disse que conversaria com a comissão para resolver o assunto.
Dois membros da comissão responderam: Maíra e Mateus*. Mensagens coladas na íntegra:

Maíra: Gringo, já conversamos sobre isso lembra??
Em um dos plantões que estavamos quase todos ou todos... isso aconteceu tbm com o Lucas* [é a mesma pessoa deste dia] e ficou decidido que isso NÃO VALE PARA A FORMATURA.
Porque a formatura não tem vencimento. As pessoas tem 1 mês inteirooo para fazer um depósito e se elas resolvem deixar para o último dia, problema delas! Está lembrado que falamos isso?
Inclusive, falamos pra quem tem transferência planejada deixar pra no máximo dia 28 de cada mês para que isso não acontecesse.
Então a decisão é essa. Isso também já aconteceu com o Lucas* e acho que com mais gente e nós não vamos voltar atrás e recalcular nada.. porque isso abriria espaço para outras exceções, concordam?
Todos de acordo? Ou alguém acha que não deveria ser assim? Porque se a maioria achar que não deve ser assim, a gente pode conversar... mas já conversamos sobre isso e já tinha sido tomado essa decisão.
Eu já transmiti isso pro Lucas quando aconteceu. Gringo, vc transfere essa informação pra Úrsula então?
 
eu: Sim, eu sei que a gente conversou.
Daí eu perguntei pro meu pai, que é dono lá das lojas. Peguei um dos contratos e li com ele aqui, e ele me falou que normalmente se passa pro próximo dia útil, por isso que eu quis discutir isso com a comissão.
Calma, Maíra, eu só tava perguntando pq tb me perguntaram, pra que tanta patada?

Maíra: Gringo, não estou dando patada. Se pareceu, desculpe. Mas para mim isso já era um assunto decidido porque, repetindo, nós não temos vencimento para pagamento, as pessoas têm o mês inteiro pra pagar.
Mas como disse, se todos (vc, a Letícia, a Marina e o Mateus) acharem que isso deve ser revisto..podemos conversar novamente a respeito. Mas acho que vai trazer dor de cabeça porque isso vai acabar tendo que ser aplicado em vários casos.
É isso...
bjoss
Novamente desculpa se pareceu patada...
 
 
Já comecei a ter palpitações desde essa hora. Não sei por quê.
 
 
Mateus: ow...num vi patada nenhuma!
enfim...primeiro faltam só dois meses pra acabarem os pagamentos e independente dos motivos num vale a pena mudar agora....e eu concordo com a Maíra, q isso já foi discutido várias vezes...então eu sou a favor de deixar como tá...a única coisa q eu acho eh q a gente devia ser tolerante com transferencias q atrasam...


Disritmia cardíaca aumentando. Dor de cabeça, tontura. Inexplicavelmente, consegui arranjar forças pra responder a Úrsula sobre o que discutimos. Tanto por preguiça quanto pra dizer implicitamente que não concordava, colei a mensagem dos dois.

Ela me respondeu. Nem ao menos li a resposta dela e encaminhei para a comissão.
Depois dessa hora, tudo que eu lembro são flashes de memória. Tudo rodava e rodava. Eu devo ter comido algo que me deve ter feito mal. Mas eu não fiz nada de mais hoje no almoço, e tudo estava fresco... o que é que está acontecendo?

Lembro vagamente que conversei com Mateus, e só agora fui procurar o que havíamos conversado no histórico de mensagens. Pra começar, nem lembrava que conversamos em francês, tampouco que o assunto era Maíra. Mateus reforçara sua discordância comigo quanto às patadas dela, mas concordara com sua principal característica: a falta de delicadeza.

E, claro, Mateus, como TODAS as pessoas que conheço, falaram pra eu relaxar.
Ah, foi o estopim! Chega, todo mundo só me fala pra relaxar! Como, se toda vez o chumbo sobra pra mim? Eu é que tenho que passar mensagens pra turma, mesmo que eu não concorde, porque as pessoas mal lembram que a Marina e o Mateus são da comissão, e todos bem conhecem a truculência da Maíra e a tendência a barracos da Letícia, a ponto de evitá-las.

Cansei dessa merda de comissão.
Tá acabando, relaxa! Só mais umas cinco reuniões e boa...
Vai sonhando que são só mais cinco!
São sim, mesmo porque nem tem mais dias pra fazer.

Sem ter consciência dos meus atos, desatei a chorar. Se alguém me perguntasse o motivo, eu diria que não sei, além de possivelmente responder com violência, tamanha a também inconsciente raiva de não-sei-o-quê. Deitei na cama e apaguei por entre alucinações.

Tive vários pesadelos. Não me lembro de todos.

No último, eu estava num pátio escuro, à noite. Chovia muito, tudo estava cinza. Gritei alto de dor, e algo me sugou tão forte de volta à consciência que acordei achando que estava caindo. Braços e pernas tremendo, suando frio.

Eu estava acordado, rolando na cama, inquieto. Já não estava tendo pesadelos mais. Acordado, alerta, tremendo. Mas de olhos ainda fechados. O que é está acontecendo? E por que eu estou com tanta fome? Meu Deus, tá parecendo uma larica.
Eu fazia força pra abrir os olhos, mas ainda não conseguia. Suava, rolava na cama, tremia. E nada. Vamos, pelo menos comer alguma coisa eu preciso! Levanta!

Finalmente venci a luta. Luz embaixo da porta? Como, Priscila e Carlos não podem estar acordado a uma hora dessas!
Olhei na cabeceira da cama: onze e meia. Meu Deus, eu juraria que eram mais de três da manhã.
Relutei alguns passos além da cama e cambaleei. Segura!
Que coisa é essa? Vamos, pelo menos um copo de água!
Lembrei que tinha um pote na geladeira com o que sobrou do meu almoço. Comi do jeito que estava mesmo: frio. Gelado, na verdade.
Bebi quase a garrafa de água inteira.

Passou.

Agora que estou me sentindo um pouco melhor - ainda com um pouco de dor de cabeça -, penso que tudo indica que eu tive um delírio. Não, mas eu não...

estou...

Doente...

Não! Agora até alucinações! Preferia a fase que eu só ficava triste...

Eu agora estou convencido: amanhã cedo eu vou procurar ajuda. Que se exploda a opinião dos meus pais, que se exploda a minha poupança, que juntei com tanto esforço. Uma vida está em risco.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Poder e conseguir não são a mesma coisa

Esses dias, a gente foi num barzinho, onde por acaso encontrei a Paula*, com algumas amigas. Jogamos um pouco de conversa fora, e tal, e meio que firmamos um juramento pra voltar a fazer dança de salão em janeiro. Será que dessa vez vai?

Enfim, hoje cedo eu vou dar uma olhadela no orkut e vejo que eu recebi um depoimento:

Que bom te ver hoje!!!:) Deu tantas saudades de vc!!!
E que texto maravilhosos eh esse no seu perfil?? Quem é o autor????
Viu.. duas amigas minhas acharam vc um gato..." Nossa... como esse seu amigo é bonito... Que charme, se veste bem, costas largas"..... Eh gringo*.. atraindo muitos olhares!!!!;)
A gente precisa sair pra dançar!!!!
bjsssssssssss
Detalhe #1: texto do meu perfil é este aqui.
Detalhe #2: eu estava com uma pólo branca, calça jeans de bolso faca, e a horrenda combinação sapato social italiano preto e meia branca.


Toda vez que eu cometo essa gafe fashion por falta de meia da cor do sapato, eu lembro dele.

Enfim, mesmo que essa catástrofe não estava visível ou pelo menos assim espero, tive um déjà vu. Deste dia. Independentemente de alimentadas no ego, eu acho que é essa sensação de poder - no sentido de habilidade, e não de força ou posse, que fique claro! - que é o que mantém duas pessoas ensemble.

Eu tenho a capacidade de fazer com que ela se sinta bem ao meu lado.

É, pensando bem, a gente acaba falling in love with ourselves when near the other.

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E esses dias, a gente fez uma reunião entre as comissões de formatura.

Alice.
E eu achando que tudo isso era só uma vaga lembrança. Ver aqueles olhos, aquele sorriso - agora não mais de aparelho, fazendo valer o investimento -, aquele rabo-de-cavalo balançando ao ar, hipnotizando-me...

- Nossa, que calor!
Nem te conto o inner fire que se passa aqui!
- Pois é, muito quente, né? Mas você veio de preto.... - ela estava com uma pólo preta.

Ela se sentou ao meu lado, por falta de espaço na sala onde estava send a reunião. Não que eu estivesse mentally stuttering, mas algumas vezes eu a olhava e ela retornava, com o rosto sorridente e a testa franzida, como se estivesse vendo um "bichinho fofinho". Não, eu tenho certeza que não era isso que significava. Foi o jeito que eu encontrei para descrever sua expressão. Talvez estivesse sem-graça, não sei. Mas eu não estava olhando tão intensamente. Só olhando, inocente.

Seria tão mais fácil se a gente mostrasse nossos sentimentos abertamente, sem joguinhos, sem crises, sem opacidades!

Eu quero.

Eu não consigo!

Preciso de ajuda.

Gabi, você é a chave.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Vira homem!

Em mais uma das minhas crises, eu quase contei pros meus pais do que se passa. Desde a péssima convivência com o Carlos (que, pra ele, é indiferente), passando pela sensação de derrota ao ouvir incessantemente o nojo dos meus colegas quando surge o assunto "trabalho" na roda, e eu tento participar da conversa; até mesmo de tudo o que eu passei nos tempos de colégio e nunca contei. Nem pros meus irmãos, talvez nem mesmo aqui.
Escrevi a tal da carta no computador, guardei, mas não imprimi. Meu plano era esconder a carta de modo que Maria*, minha mãe, encontrasse facilmente. Na embalagem do presente de aniversário dela, que foi sexta-feira passada.
Achei golpe muito baixo, e não executei esse plano.

Daí, esses dias, estávamos almoçando aqui em casa. Havia todo um contexto sobre um novo acontecimento tipo este, mas o assunto se encerrou assim:
- Sabia, Zé*, que todas elas, a Juliana, a irmã dela e a mãe dela 'faz' terapia? - disse Maria, falando da namorada do meu irmão Gabriel.
- É? - respondeu meu pai, desinteressado.
- Pois é. Outro dia eu vi ela comentar não sei o quê do terapeuta. É uma fresca mesmo!

O assunto continuou, mas um zunido agudo e ensurdecedor alfinetava meu ouvido. Latejava.
"É uma fresca mesmo" ecoava no vazio do meu peito.

Até perdi o apetite. Dissimulei, engoli em seco, peguei a louça que usava e saí da mesa da copa. Não consegui mais ficar ali. Quer dizer, ela "é uma fresca mesmo" por fazer terapia? Então você tem um filho que já cogitou ser fresco, le savez-vous ? Pior: várias vezes ele cogita sê-lo. Ainda mais nos últimos meses.

Jamais eu teria espaço pra conversar com meus pais sobre isso. Os dois são matutos demais pra compreender. Terapia que nada, iss'é falta dum cabo de enxada!

Sentir solidão mesmo numa casa cheia que nem essa? Mas cê tem de tudo, não tem porquê.

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Segunda paulada do dia: a Rosana*, mãe do Carlos, me ligou no celular, sendo que nem em São Carlos estou. Desesperada, atrás de uma chácara para reservar para a formatura. Detalhe: alguns meses atrás, passei um papel pro Carlos com o contato de várias chácaras, valor aproximado, quais são legais, o que eu não gostei nelas, etc.

Como eu não tenho o email da Rosana, expliquei a situação pra minha mais recente colega de apartamento, Priscila, e perguntei se ela tinha. Aproveitando a viagem, perguntei também sobre uma coisa que estava me incomodando:
- Não sei, Pri, mas me pareceu que o Carlos tava meio irritado comigo, já que eu reservei chácara e nem dei moral pra ele...
- Ah, Gringo, abstrai as bravezas do Carlos... ele tá estressado por conta do TCC, porque ele deixou pra última hora, e tá desesperado porque as simulações não estão dando certo (...). Se ele ficou puto com o negócio da chácara, acho que não deve ter sido com você, e sim com ele mesmo, que não correu atrás (...). Pode até ver que ele pediu duas semanas de férias antecipadas na empresa (...)

Tá bom, Pri, vou fingir que acredito no motivo dessas férias. Assim como você.

Eu disse que entendia um pouco do estresse dele, por mais que eu saiba que a culpa é toda de sua desorganização com prazos, mas contei que não é de hoje que eu estou mal com isso.
Sim, contei. Não mostrei, é claro. Por razões óbvias.
Incrivelmente a gente mostrou uma sintonia de pensamentos - ele não sofreu muito na vida, a Rosana nunca foi de falar não pra ele, ele não é nem um pouco humilde, etc etc. Depois, ela adicionou a isso o clichê do "gostar apesar de, e não por causa de", e reservou.
E como toque final da receita...

- Ah, não guarda coisa ruim pra você não... se chateou? Manda tomar no cu na hora mesmo! Depois fica tudo certo e a vida continua (...). Por isso que prefiro amigos homens: rolou um atritozinho, manda tomar no cu; depois de uma semana tá tudo certo! Mulher não, já pega birra pro resto da vida e nunca mais se fala!

Traduzindo: vira homem, Gringo!

"Vira homem."

"É um fresco mesmo."

Eu não entendo! "Homem" (haja aspas!) não tem direito de não ser sincero a ponto de ferir, tem que falar na lata mesmo. Não tem direito a se sentir só a ponto de cogitar terapia, isso é coisa de gente fresca.
Daí os outros perguntam se eu sou gay.

E é ridículo eu querer "virar homem" (cês entenderam, tentar me comportar como esperam de um "homem") nessa altura da minha vida.

Depois eu surto (não no sentido que a gente usa vulgarmente) e ninguém sabe o porquê.
Depois eu faço bobagem e ninguém sabe o porquê.

sábado, 16 de outubro de 2010

Duas rapidinhas: ironias

E como esse mundo não cansa de dar voltas, eis que novamente eu preciso fazer um favor pro Carlos. Ou melhor, pro irmão dele. Ou melhor ainda, pra um amigo do irmão dele.
Amadeu* é colega de turma do irmão do Carlos, e ele veio pra cá por causa de um congresso. Para que ele não precisasse gastar uma fortuna em catering, o irmão do Carlos ofereceu para que ele ficasse aqui em casa.

Incrível como que, em menos de uma semana, eu devo ter conversado mais com Amadeu do que com Carlos. Acho que ele deve ter até achado que eu falo demais, a ponto de encher o saco.

A outra ironia é que outra pessoa também ouviu mais de mim do que Carlos: Priscila.

Pois é.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Capicuas

Fui a Uberaba sexta passada, não só por causa do feriado do dia das crianças (o de verdade), mas porque minha prima escolheu uma data interessante para se casar.
Dez do dez do dez, às onze da manhã meio-dia e meia, porque o padre atrasou. Por muito pouco, a data vira um capicua.

Sim, vá pesquisar o que é isso.

Minha prima vai se lembrar muito bem do fato de o casamento dela ser em um quase-capicua, claro. A data foi escolhida a dedo pelos noivos, não só por causa da coincidência dos números, mas para facilitar a vida dos convidados que moram fora, como eu, meus irmãos e alguns dos meus primos. Perto de um feriado, e tal.

Dez dias depois, outra data quase-capicua: 20/10/2010. Bem interessante também essa combinação de números, não é? E eu, você, e boa parte das pessoas viventes hoje passaram por um capicua de verdade, há uns anos: vinte de fevereiro de dois mil e dois, às vinte horas e dois minutos. Leia os números de trás para frente...
Macabro!

Outra curiosidade é que ninguém viverá pra passar por dois capicuas (rache a cuca e confira esse fato!).

O que eu estava fazendo de especial nesse minuto cuja combinação numérica raríssima? Não lembro. Só lembro que meu pai me mostrou a combinação interessante desses números na manhã daquele dia.

É, bem isso: não me lembro. Não pensei em nada especial para fazer ou lembrar forever.

Tudo bem que minha prima se casou no dia 10/10/10, e é óbvio que foi um fato programado. Nada contra ela ter pensado nessa data especial marcando em uma combinação numérica interessante.

Mas eu não pude deixar de pensar em uma das minhas características fortes: ser um planejador. Até que ponto é válido se antecipar? Até que ponto é válido querer prevenir problemas antes que eles aconteçam?

Por exemplo, na Comissão, vários problemas que surgiram só agora eu os havia antecipado, mas riram da minha cara. Exemplos:

1) "Missa? Como assim, missa de formatura? Nunca vi isso, deve ser coisa de mineiro.". Daí, nossa formatura não vai ter nem ao menos um culto ecumênico por conta de os outros membros terem ignorado esse ponto. Detalhe: já vieram me perguntar sobre isso.
2) "Ah, pára de frescura, o povo vai gostar de não ter que escolher roupa para os dois dias da formatura!". E deu no que deu.

No final, nem ao menos uma lembrança de que fui eu que antecipei esses problemas, e que eu poderia ter apresentado uma solução simples. Não que eu o tenha feito em busca de atenção, mimimi. Cês entenderam.
E isso machuca. A ponto de eu pensar em querer me livrar dessa característica (defeito?), só pra eu deixar de ser o chato-que-fica-agourando-os-planos-dos-outros e me tornar, pois, um pouco mais "relaxado" e sociável.

Tá, é "legal" saber que a formatura, no final das contas, vai dar certo. Mas é uma alegriazinha tão... solitária. Todo mundo bêbado, ninguém vai reparar que tudo aquilo foi um trabalho de três anos e meio, para toda a turma. Não é que eu esteja esperando qualquer coisa do tipo "a decoração está linda" ou "a temperatura do vinho branco está ideal".

Só quero ser reconhecido pelo que eu sou, e não pelo que eu fiz.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Sou só eu ou...

... eu realmente tenho escrito muito mal?

domingo, 3 de outubro de 2010

Meu eu noutro?

Li aqui sobre a opinião de um psicólogo acerca do que nos faz apaixonar pelos outros. Só ressaltando esse trecho bem interessante:
We don't fall in love with a person because of their qualities, per se. Rather, we fall in love with ourselves in their presence. In other words, we fall in love with the version of ourselves that we become when we are around them. That, I suggested to her, is what romantic love is all about (I'm setting aside any discussion of love of family, love of animals, etc). If, for example, I normally perceived myself as relatively unattractive or unintelligent, but I felt good-looking or smart in my lover's presence, I am likely to get hooked on her. I might go on about how beautiful, smart or enticing she is, and I might actually believe those things, but the truth is it's the new improved "me" I have fallen in love with. This may be a version of myself I hoped to be all my life and if she is the key to finding it, I want to be around her more and more.

Seria então o falling in love uma forma de auto-conhecimento?
Eu me fiz acreditar nos últimos dias que era possível sim, ser feliz sozinho. Mas eu sou obrigado a concordar com Tom Jobim agora.


Eu percebi que, enquanto eu escrevia, eu acabei me conhecendo melhor. Ao terminar de ler aquele texto, me deu uma vontade de saber que efeitos são esses!

Por onde eu começo?

Não que eu queira "manuais". Eles estão aos montes aí na internet, e todos eles são muito falíveis. Além do mais, é ridículo. Nada disso é tão "exatoide", prescrito, como uma receita.

Mas por onde eu começo?

O mundo dá voltas

Depois de todo o barraco que eu mostrei nos três últimos posts longuíssimos, até Priscila, que nem faz parte das turmas da formatura, começou a atacar a comissão.
"Obrigada, comissão de merda, pelo show de mediocridade (...)" no MSN foi só o começo.

A questão é que ela é mais uma que não sabe separar as coisas. Eu sou da comissão, lembra?

Enfim, depois de tudo isso, aqui em São Carlos tem desabado o mundo, como bem merece o título de Capital do Clima.
Assim como a casa dela.

Isso mesmo: a casa dela, por conta dessas chuvas todas, está quase desabando. É aquela coisa: tem gente que acha que construir casa é só empilhar tijolo e alternar com cimento.
Enfim, agora ela terá que sair às pressas da casa dela.

Guess who has she phoned? Pois é, moi ! Pra saber se ela poderia passar a dividir apartamento comigo e com o Carlos.

É, minha gente, esse mundo dá voltas mesmo.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Churrasco com barraco

Sábado passado foi o último churrasco organizado pela comissão de formatura. Letícia (é a mesma deste dia), também remoída pelos ataques à comissão, estava disposta ao contra-ataque. Não que eu achasse certo; conforme eu disse, qualquer sugestão válida que a turma nos der é bem-vinda, desde que feita com respeito. Mesmo que não tenha sido de forma respeitosa, não justifica um contra-ataque "à altura".
Enfim, todo o tempo ela e seus amigos lançavam indiretas relacionadas ao tal do terno do Carlos, ou sobre um fato isolado que ocorreu com um amigo dele, o Bruno*.
Bruno tem um estilo um tanto... diferente, digamos. Adepto das calças skinny, meio rocker. Pior é que ele manda ajustar as calças skinny para ficarem ainda mais justas. Eu particularmente não usaria nem acho bonito nele, por ressaltar ainda mais sua magreza de adolescente espichado.
Enfim, há uns dias, Bruno também lançou um ataque totalmente desnecessário à comissão há alguns dias, em resposta a uma leve bronca. Tudo bem que Maíra*, a presidente da nossa comissão de formatura, poderia ter escrito de uma forma um pouco mais branda, mas não foi nada tão grave a ponto de merecer o que Bruno escrevera.

Alguns dias depois, Letícia e Bruno se cruzaram por acaso no shopping daqui de São Carlos:
- Oi Bruno, tudo bem? Veio gastar no shopping, então? - totalmente casual, Letícia tentou puxar assunto, mesmo já estando remoída com os emails da turma contra a comissão.
- Pois é. Acabei de gastar R$ 700 em roupa - respondeu.
Por que motivo ele teria que mostrar que gastou uma fortuna em roupas? E como Letícia não é de levar desaforo pra casa:
- Ah, é? R$ 700 em calça apertada?

Em homenagem ao Bruno.

Voltando ao churrasco: Letícia - ou melhor, o álcool em suas veias - não parava de gritar injúrias indiretas aos dois, Carlos e Bruno. Os dois, claro, já ficaram de cara amarrada, devolvendo as ofensas ao falarem pelas costas. Porém, não a ela, mas sim à comissão: reclamando que o churrasco estava uma merda, organizado por uma comissão de merda.
Detalhe: as únicas pessoas a reclamarem do churrasco foram Carlos, Bruno e companhia, o que não totalizava sete pessoas, das mais de 100 presentes.

- Podem me expulsar da comissão se vocês quiserem, mas eu vou lá tirar satisfação com aqueles dois ridículos! Podem me chamar de barraqueira, mas eu não tenho sangue de barata! - esgoelava Letícia, aos prantos, para algumas pessoas das comissões.
- Não, Lê, calma que a gente vai conversar - disse Luís, também meio high.
Eles me chamaram também. Eu disse que não iria, e ponto; sem me justificar. Claro que não foi impensado: primeiro, eu sempre fui do tipo de não querer comprar briga. Segundo, era visível que todos estavam ébrios, fora de suas razões. Terceiro, apesar de tudo o que eu tenho passado com Carlos, eu ainda divido apartamento com ele, e eu sei que Carlos não vai saber separar as coisas, como eu pude perceber pelo que ele disse sobre o churrasco havia poucos instantes. Quarto, quem caçou a briga foi a própria Letícia, ela que suporte as consequências.

Covardia e egoísmo da minha parte? Talvez seja, mas não vou defender nenhum dos lados, pois os dois estão errados: Letícia não tinha necessidade alguma de querer brigar com eles - ela própria armou a guerra que estava por vir. Já Carlos não soube separar o que é opinião de Letícia da opinião da comissão.

E saiu o motim, escudando Letícia: Flávio, Luís e Maíra, em marcha, partiram para o contra-ataque que há tanto os afligiam. Até Priscila se interpôs, em defesa de Carlos.
- Sai daqui, senão eu meto a mão na sua cara - ameaçou Letícia.
Submissa que é, Priscila obedeceu e ficou resmungando aos cantos, como uma velha covarde e rabugenta.

Depois disso, não sei de muitas informações; só alguns fatos isolados:
1) Soube da própria Priscila que Flávio até pediu desculpas a Carlos e a ela, pelas atitudes de Letícia, o que me impressionou bastante, levando em conta o que conheço de Flávio. Só vasculhar o que eu escrevi sobre ele até agora aqui e aqui.
No final das contas, Priscila disse que "ainda bem que você, Gringo, está nessa comissão. Mas você não merecia estar passando por isso". É, Pri, pelo menos você reconhece, ao contrário do seu namorado e de grande parte da turma.

2) Luís ainda continuou a resistência, mesmo que a situação já estivesse mais ou menos resolvida. Depois, Priscila, que não o conhecia ainda, me perguntou algumas informações sobre Luís: nome, de que comissão era, etc. Fiquei um pouco temeroso, a princípio, mas não achei que faria algum mal a ele se eu a respondesse.

A cereja do bolo é que vamos nos reunir amanhã, para decidirmos toda aquela história do tuxedo. Com que cara a comissão vamos argumentar com a turma, dizendo que nós realmente levantamos a reivindicação da turma às outras comissões, depois de Letícia e Maíra terem feito tudo isso? Por mais que seja verdade, não teremos credibilidade alguma.

Podem anotar, amanhã eu vou ter uma nova crise de hipotensão, assim como tive em outro arranca-rabo com a comissão.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Showing their claws

Conforme já disse em outros dias, sou membro da comissão de formatura. E uma das últimas decisões foi sobre o dresscode da formatura.
Aqui, diferentemente do que estou acostumado a ver por aí, são dois dia de festa phynna: um jantar, mais pra família; e um baile de gala, quando normalmente é feita a valsa. Nossa comissão resolveu fazer algo diferente, mas que faz todo o sentido: se o jantar é mais para familiares, menos "festa" e se eles é que seriam interessados em ver a valsa, porque fazê-la no baile? Daí, resolvemos mudar: valsa no jantar.
Isso gerou um pequeno problema: baile de gala pede um traje... de gala (duh)! Portanto, tuxedo para os homens. Mas a valsa com certeza ficaria mais bonita se todos estivessem de tuxedo também, não é?

Beaucoup plus chic, ne c'est pas?

Foi feita uma discussão longa sobre isso. Os principais argumentos foram:
1) O tuxedo identifica o formando na formatura.
2) Decidir por ele nos dois dias é tirar a liberdade de escolha dos formandos.
3) Os homens vão é gostar de ter o dresscode determinado para os dois dias - tuxedo -, já que vai facilitar a escolha do traje. Preocupação a menos.

Meu voto foi contra o tuxedo os dois dias. O único voto. Mas acabei considerando uma boa escolha, no final das contas. Votei contra principalmente por causa do argumento 2, apesar de eu, particularmente, não achar ruim caso eu não fosse da comissão.
Comunicamos à turma sobre a decisão. Já sabendo do fato antes mesmo de ter sido comunicado à turma, Carlos* já conversara comigo sobre isso. Eu lhe disse que infelizmente não poderia tomar partido da sua opinião, mesmo concordando, pois estou representando a turma toda, não só a opinião dele e a minha. Também disse que ele tentasse conversar com a turma, e que levaríamos a discussão novamente com as outras comissões, para reconsiderarmos a proposta.
Ele mandou isso pro egroup da turma (ipsis litteris, com a formatação inclusive):

Estive conversando com amigos durante esses últimos dias a respeito da "obrigatoriedade" da utilização de smoking nos dois dias da formatura.

Achamos totalmente injusto essa decisão ter sido tomada sem consulta dos formados, nenhum de nós (homens) vamos gostar de utilizar a mesma roupa nos dois dias (mudando apenas a cor da faixa, gravata e camisa, ainda sendo camisa branca nos dois dias).

Vamos aos fatos:
Sim, eu sei que smoking é um traje mais formal, elegante, MAS, duvido que uma empresa que irá alugar cerca de 120 smokings e, que realiza isso todos os anos, terá em suas mãos roupas de primeira qualidade (quem sabe de terceira).
Só o fato de não podermos ver o smoking antes da formatura já seria ruim para um dia, ainda mais dois!!! E não confio nem um pouco nas medidas "quadradas" que a "costureira" tirou no dia das fotos, anotando apenas tamanho da cintura, e comprimento da manga e e comprimento do smoking, eu sou chato: SOU, a formatura tb é minha e eu quero o melhor para mim, mandei fazer um terno (para formatura) e fiquei o dia inteiro sendo medido em "n" outras dimensões...
Não acho que as meninas tem direito de opinar nesta decisão, já que ninguém está obrigando nenhuma ir com vestido igual nos dois dias, e ainda igual a todos outras "meninas" formandas,
Sobre ficar "diferente" dos demais na festa (convidados etc...): a festa é dos formandos, cada um estará com seus amigos/familiares e afins, para essas pessoas, todos sabem quem é formando, não importa se o tio de "funalo" vai saber se eu sou formando,
E se eu sujar o smoking no dia do jantar?

Não estou querendo parecer arrogante nem nada do gênero, estou mostrando apenas o interesse que um grupo de pessoas demonstrou, espero que possamos conversar e arrumar uma solução para esse "problema".

Espero uma resposta, e proponho marcar uma reunião para discussão do assunto.

Primeiro, é claro que o traje não é de primeira qualidade. São cerca de 50 (e não 120, já que mal somos 100 formandos no total), iguais.

Você não estava esperando o terno de dois bilhões de dólares, estava?

Segundo, medidas "quadradas" que a "costureira" (aspas malditas!) são só para dois dias, conforme você próprio disse.
Terceiro, a comissão também quer o melhor para a turma; ninguém aqui é egoísta o suficiente para querer benefício próprio em detrimento de má qualidade da nossa própria formatura. E eu sei que esse terno não foi para a formatura. Não precisa mentir pra mim, ok?
Quarto, é claro que as meninas têm direito de votar sobre isso. Só porque elas não vão usar o tuxedo, elas não tem direito de voto? Aliás, feel free para opinar sobre os vestidos delas. Longo pro baile ou pode longuete?
Quinto, o que quisemos dizer com identificar os formandos é uma questão de formalidade, além de facilitar o trabalho para os fotógrafos. Tudo bem que não é, a princípio, grande coisa para os formandos, mas isso irá trazer consequências drásticas para a qualidade do álbum.
Sexto, já nos antecipamos sobre a possibilidade de sujar o traje e propusemos à empresa o aluguel de mais uma camisa e jogo de faixa e bowtie para o outro dia. Um tuxedo completo por dia encareceria muito, sendo que é só uma questão de ter cuidado. Além disso, duvido muito que após a meia-noite alguém estará com o paletó, a faixa e a bowtie.
E last, but not least, desculpe, Carlos, você foi arrogante, sim; assim como tem sido desrespeitoso comigo ultimamente.

Mas engula tudo o que tem se passado dentro de casa, Gringo. Não leve uma discussão pessoal para o nível da comissão de formatura. Roupa suja se lava em casa.

O mais irônico foi ver pessoas que nunca participaram das discussões da comissão de formatura de repente surgirem de suas tocas e apoiarem a causa. Se eles combinaram? Imagina. Outra coisa que me entristece não é a discussão em si - super válido, aliás, afinal a formatura também é deles -, mas o fato de as pessoas armarem estratégias de ataque contra a comissão, como se quiséssemos fazer a pior formatura possível para a turma.


Acho que Carlos deve ter se sentido assim quando viu que seu esquema estava funcionando.

Enfim, questionamos as outras turmas sobre o ocorrido, levantando a hipótese de voltarmos atrás na discussão. Dissemos que estivera havendo uma discussão no grupo de emails na turma, e que estavam propondo que se liberasse o terno no dia do baile, levantando todos os argumentos que estão nesse email, com exceção da petulância da mensagem.
Elas foram irredutíveis: não houve qualquer reclamação sobre o dresscode, e como sempre votamos por pessoas na reunião (e por acaso as comissões estavam completas), perdemos a votação.
Para levarmos essa decisão de volta para a nossa turma, convocamos uma reunião. Nosso approach para a reunião será decidido logo antes, mas resumidamente será mostrar que foi uma questão debatida por todos, mas que infelizmente não conseguimos levar adiante a reivindicação. Não foi por negligência, mas sim por direito de opinião por todos os membros da comissão, assim como todas as outras decisões que já foram tomadas.

A situação em si dentro da comissão está resolvida. Mas mais uma vez o Carlos e seus amigos mostram suas garras. Como é que eu pude ser tão cego?

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Sempre tem um... FDP

Acabei de chegar de uma soirée num botequinho perto de casa. Fomos o Carlos*, o Sidnei* (são os mesmos desse dia), dentre outros common acquaintances. E, todos um pouco high (menos eu, já que a dona Amoxicilina não me permitiu), começaram a lembrar os anos da faculdade.

- Eu inda vou inventar uma máquina do tempo e voltar pro primeiro ano de faculdade! - Carlos disse.
- Ah, eu acho que eu voltaria... sei lá, pra quarta série - contrapôs Sidnei.
- Ô louco, quarta série? Daí não!
E ficou nisso. Eu já estava começando a ficar shattered inside, porque tudo o que eles falavam tinha alguma coisa a ver com sexo ou drogas - eles até hoje não se conformam por possivelmente sair da faculdade sem ter experimentado nenhum tipo de droga. Que coisa, não?
E eu, calado, quieto. Primeiro, pelo motivo que vocês estão carecas de saber. Segundo, porque tudo o que eles conversavam era sobre coisas para as quais eu não fui nem ao menos convidado.

Até que Carlos (só pra lembrar, é o que divide apartamento comigo) me solta essa:
- Vamos fazer mestrado? Só pra poder aproveitar mais um tempo na faculdade!

Minha vontade era de levantar da mesa sutilmente, deixar o dinheiro que pagaria a minha parte e, também de forma bem sutil, dar um soco na cara dele, e espancá-lo to his death. É óbvio que eu só estou fazendo mestrado porque quero aproveitar mais um tempo na faculdade, não é mesmo?

É incrível como Carlos* não mede nem um pouco o que vai dizer, sabe? E o pior de tudo é que ele acha isso uma qualidade e tanto nele - "se eu não gosto de tal pessoa, eu deixo isso bem claro", diz ele.
Sinceridade machuca. E é assim que eu descubro o monstro com quem dividi apartamento por três anos.

domingo, 22 de agosto de 2010

Rehab

Recontando parte da história do post passado: de volta a Avalon, Morgana redescobre o mundo atrás das brumas, e tenta reerguê-lo ao retomar o cargo a que sempre se destinou - a Senhora do Lago. Para os que leram As brumas de Avalon, sabe do final, mas não é isso que vem ao caso.
Retomei a viagem para a terra que se oculta nas brumas. Longa, árdua, mas recompensadora.

Claro, já passou, não está doendo mais.
Olhando para trás, hoje eu dou risada. Primeiro, porque realmente a irmã da Alice* realmente estava encerrando o semestre naquele dia do convite-arapuca (pois é sua anta!). Segundo, eu meio que percebi que não ia dar certo: uma pessoa toda cheia de querer fazer social, trabalhando como freelancer, e tudo mais... nada contra a profissão, s'il vous plaît ! Eu só não suporto fazer social.
Talvez seja por isso que me têm como chato! Só sou caseiro, tá?

Sometimes I go out, though. Começo desse mês eu fui numa baladinha que tocou samba rock live. Queria ter ido pra dançar, mas nenhuma das minhas companhias ou o espaço disponível colaboraram.
Enfim, nesse dia, eu perdi do pessoal, e fiquei andando pra procurar todo mundo. Até que eu ouvi algum comentário enquanto eu passava, de uma roda. Não entendi bem, só sei que eram duas mulheres conversando alguma coisa sur moi. Pra fazer graça, eu fiz menção de voltar.
- Ó, vai que ele tá voltando!
E senti uma mão nas costas.

Ui.
Apesar de o ego estar lá em cima, eu estava mentally stuttering. Daí nem puxei assunto. O que eu ia conversar mesmo? Tipo, "Oi", et non plus ? Tá, talvez eu pudesse convidar pra dançar, mas não estava tocando samba ainda. Que coisa!

Virei e e sorri. Tentei achar os olhos acima da blusa vermelha e por entre o cabelo loiro. Não achei; muita gente em volta.

Tudo bem.

Como assim, "tudo bem"?
É, bem isso. Estou feliz do jeito que estou, só o fato de ter atraído dois olhares um olhar me bastou naquela noite. Primeira etapa do rehab, done.

Calma, calma. Já juntei os cacos, agora é entender como deveria ser o vaso.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Relendo e renascendo

Tem gente que acha estranho eu estar relendo uma quadrilogia. Você já conhece a história, oras! Mas sabe? O incrível de reler qualquer coisa - meus posts, inclusive - é que, a cada leitura, o leitor é outro e, consequentemente, a obra também é outra.
O quarto livro d'As brumas de Avalon está aqui do meu lado. Eu simplesmente devorei esse livro na madrugada passada. Sabe quando o livro te dá aquele tapa na cara? Então.
Posso ser preso por causa disso, mas vou transcrever a parte nada curta que me fez ficar completamente insone. O real motivo de eu fazer isso, vocês vão saber.Eu sei que vocês não vão entender nada, porque talvez não conheçam a história e porque esse seja parte do capítulo 8 do quarto livro. Quem sabe até fiquem curiosos para ler?
Eu poderia explicar o contexto no livro, mas vai perder toda a graça. Leiam o livro ou não assistam ao filme, porque eu duvido muito que um filme de 3h reproduza mais de 800 páginas da quadrilogia, muito menos reproduzir bem.
Não, não vi o filme.

... Creio que o que mais me magoou foi falhar a Avalon, foi Ela não ter estendido sua mão para ajudar-me e realizar o seu desejo. A força de Artur, dos padres e do traidor Kevin fora maior do que a magia de Avalon, e não restara ninguém.
Não restara ninguém. Ninguém. Eu pranteei Acolon sem parar, e a criança cuja vida mal começara antes de terminar, atirada fora com os restos. Chorei, também, por Artur, perdido para mim agora, e meu ininigo, e, inacreditavelmente, até por Uriens, e pelos escombros da minha vida em Gales, a única paz que eu jamais conhecera.
Eu matara, afastara de mim ou levara à morte todos aqueles a quem amara no mundo. Igraine fora-se e Viviane morrera, assassinada, jazia entre os padres de seu deus de morte e condenação. Acolon fora-se, o sacerdote que eu consagrara para lutar a última batalha contra os padres cristãos. Artur era meu inimigo; Lancelote aprendera a temer-me e a odiar-me, e eu não era inocente por causa deste ódio. Guinevere temia-me e desprezava-me, até Elaine fora-se agora... e Uwaine, que fora como meu próprio filho, também me odiava. Não havia ninguém que se importasse se eu morresse ou vivesse; por isso, também eu não me importava...
As últimas folhas caíram, e as assustadoras tempestades de inverno começavam a abater-se sobre Tintagel quando, um dia, uma de minhas damas veio até mim dizendo que um homem me procurava.
(...)
Agora, contra a minha vontade, senti-me agitar pela curiosidade. O Merlim? Mas Kevin era homem de Artur, certamente; ele não viria ter comigo assim. Não se aliara ele a Artur e aos cristãos, o traidor de Avalon?(...)
- Da última vez que nos falamos, você disse que os dias de Avalon estavam terminados. Por que, então, deveria haver mais alguém para sentar-se no lugar de Viviane, exceto uma garota que mal se encaixa para tão alto cargo, esperando o dia em que Avalon desapareça completamente nas brumas? Desde que você renegou Avalon pelo estandarte de Artur, não fará sua tarefa mais fácil se ninguém reinar em Avalon, exceto uma velha profetisa e uma sacerdotisa sem poderes?
- (...) ocorreu-me que suas mãos ainda são necessárias lá. Ainda que Avalon esteja fadada a perder-se nas brumas, recusar-se-á a perder-se com ela? Jamais a julguei covarde, Morgana. Você morrerá aqui, Morgana, de dor e de exílio...
- Para isso vim para cá... Tudo o que tenho tentado fazer está arruinado, falhei, falhei... devia ser seu triunfo, Merlim, que Artur tenha vencido.
Ele balançou a cabeça:
- Ah, não, minha cara, nenhum triunfo. Faço o que os deuses me deram a fazer, nada mais, e você faz o mesmo. E, de fato, se sua sina deve ser ver o fim do mundo que nós conhecemos, então, meu amor, deixe que esta sina nos encontre no lugar que nos foi apontado, servindo o que nosso deus nos deu para servir... É minha tarefa chamá-la de volta a Avalon, Morgana, não sei por quê! (...) seu lugar é em Avalon, e o meu é onde os deuses decretarem. E em Avalon, você poderá curar-se.
(...)
- Deixe-me em paz, harpista Kevin. Vim aqui para morrer. Deixe-me agora.
E então, no silêncio, ouvi o som suave de sua harpa. Kevin tocava, e depois cantou.
(...) Ele cantou a maneira como o iniciado Orfeu perdera aquela a quem amava, e descera aos Infernos e falara com os Senhores da Morte, e implorara por ela, e lhe foi dada a permissão para ir às terras escuras e trazê-la de volta, e então ele a encontrara nos Planaltos Imortais...
(...)
- Volte, volte, a vida chama com todos os seus prazeres e dores. Sou eu que a chamo, Morgana de Avalon... sacerdotisa da Mãe... volte à vida, volte para mim... você que a jurou, a vida espera além da escuridão da morte...
- Estou velha, velha; eu pertenço à morte, não à vida...
- ... Ela será jovem ou velha como lhe aprover... - e diante dos meus olhos minha própria face espelhada estava de novo jovem e bela como a da donzela que chamara o jovem gamo para caçar o veado que corria... sim, e eu fora velha quando Acolon viera ter comigo, todavia lançara um forte desafio para seu filho.... e ainda que velha e estéril, todavia a vida pulsava dentro de mim como na eterna vida da terra e da Senhora... e o Deus estava diante de mim, o Eterno que me convocava para a vida... e eu dei um passo, e outro, e então eu subia, subia, vinda da escuridão, seguindo as notas distantes da harpa que cantava para mim as verdes colinas de Avalon, as águas da vida... e logo descobrir que estava de pé, estendendo minhas mãos para Kevin... e ele depôs a harpa gentilmente, me segurou, e quase desmaiei em seus braços. E por um momento as brilhantes mãos de Deus queimaram-me... e depois era apenas a voz doce, musical e meio zombeteira de Kevin que me dizia:
- Não posso segurá-la, Morgana, como bem sabe.
(...)
E, pela primeira vez, em muitos dias, dormi. E, dois dias mais tarde, cavalguei para Avalon.


Obrigado por me trazer de volta à Avalon, Isabela*.

domingo, 4 de julho de 2010

A trap and an oath

I tried one last time with Alice* today. That's what happened:
I made a little trap: I have a very odd photo of hers, making a grimace. However, the photographer, who wasn't me (but a common acquaintance), didn't give time to my camera to focus on her, and the result was a completely blurred photo. But she's still recognizable. At least I recognized her.
I posted this photo on an online album, with this subtitle: "I negotiate the photo deletion", and waited for her reaction. As she didn't answer, I teased her:
(via orkut scraps)
Me: "Not even you have recognized yourself in this photo?"
Her: "That's not fair! Delete that photo! LOL"
I knew she wouldn't be mad at me, as I foresaw she'd laugh at it too. Trap triggered!
Me: "Oh, then we may negotiate it... how 'bout talkin' the subject over Thursday night at that pub?"

(via MSN):
Her: "Just saw your message... thanks for inviting, but I'm going to travel..."
Me: "Oh, really? No prob then. Travelling? Where to?"
Her: [small pause] "São Paulo. I'm visiting my sister."
Me: "Ah, yes. Thought you'd say about that meeting at Natal, but it's next week, isn't it?"
Her: "Yes... I'm going!"
Me: "That's nice, eh?"

Why do I think she's lying to me? Not only because of her small pause, but also because I suppose her sister, who is also a college student, will already be on holidays, as we are. OK, her family can be going there to bring her back home, as my parents does sometimes. Still, there's a light, subtle whisper in my ears... She's trying to avoid you. Remember that this is not the first time, but the THIRD time she turns you down!

... I surrender. That's why I am swearing an oath: from now on, I'm not going to try again. Never. With anyone.
No, I'm not mad at her specifically - she has the right to reject or accept any asking-outs she receives. And I suppose it is rather easy for you, women, to choose between a meeting and a girls' night out at a night club.
Or a travel.

The problem is with me. I'm 21, and never have I seen such uselessness in this subject as I myself. Why do I keep on banging my head against the wall? Twenty-one is an age that has no coming back.
So, I surrender.

Actually, I'm solving a problem. My anxiety for sharing a life with someone is the lock-and-chain set for the true freedom I could feel.
I kept on telling myself that the only thing I miss is someone with which I could share my innermost secrets, my innermost concerns...


Yes, I have just contradicted myself.

sábado, 3 de julho de 2010

Eu não preciso de você

Eu conheço cada centímetro da sua pele, cada palmo do seu corpo. Sei o exato ponto onde as cócegas te são mais provocantes, qual é aquela partezinha do seu couro cabeludo onde você mais gosta de receber um cafuné.
Sim, eu percebo que, quando você finge aceitar, mas está contrariada, uma ruguinha quase invisível na sua testa aparece. Eu sei que só quando suas covinhas aparecem é que seu sorriso veio da alma.
Eu sei qual é a coisa que mais te deixa ansiosa: esperar.
Entretanto, eu não precisava conhecer seu corpo, não precisava saber ler suas reações, não precisava conhecer suas ânsias.
Não preciso de nada disso.

Eu não preciso de você.

Mas que força é essa que me inquieta, que não permite ver aquela porçãozinha exata do seu pescoço sem que meus olhos traduzam meus pensamentos pecaminosos? Que força é essa que me faz ler suas linhas de expressão no seu olhar? Que força é essa que me força a fazer surpresas ou te deixar na expectativa, só pra ver seus cômicos pulinhos e tremeliques, de tanta ansiedade?

Eu não preciso de você. Mas estou aqui, do seu lado.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Uma não tão rápida sobre as expectativas

Final de semestre, e as notas finais saindo. Hoje, logo depois do jogo ridículo do Brasil na Copa, eu vi que saíram as notas de uma das disciplinas da pós-graduação.

Bom, contemos a lenga-lenga do começo:
O programa de pós daqui funciona assim: quanto às disciplinas, a gente tem que cursar 3 disciplinas obrigatórias. Os alunos efetivos devem manter rendimento superior a 60% em duas delas (conceito C) e superior a 75% na outra (conceito B). Caso contrário, são cortados do programa de pós. E isso os deixa muito tensos, reclamando da vida... por conta de míseras três disciplinas (*).
Um caso muito extraordinário é se o aluno efetivo conseguir dois conceitos A (mais que 85%) e um B, pelo menos. Nesse caso, e se o orientador autorizar, o aluno "A-A-B" pode fazer doutorado direto, sem o mestrado.
Meu caso (aluno especial, porque eu ainda não terminei a graduação) é um pouco diferente, pois eu não tenho a obrigação de ser "B-C-C". Aliás, eu nem tenho a obrigação de cursar as três disciplinas agora, e eu posso cursar as disciplinas de novo, caso não consiga os conceitos B ou C requeridos.
Por problemas de horário, eu escolhi cursar só duas. No entanto, eu ainda tinha as disciplinas da graduação (que são quatro, nem um pouco fáceis). Se eu não graduar, é óbvio que eu não posso continuar na pós-graduação, nem como aluno especial. Meu foco, portanto, é outro.

Apesar de não ser meu principal objetivo na universidade no momento, eu ia muito melhor nas disciplinas da pós que muitos dos alunos efetivos. Modéstia à parte. Não falo isso porque eu estou me gabando, e sim porque nem todos estão cursando a pós-graduação porque desejam, infelizmente. Sim, essa é a origem de maus professores, mesmo em grandes universidades.

Como é uma coisa que eu quero - e muito -, eu faço a minha parte para não precisar cursar as disciplinas de novo quando eu for um aluno efetivo. Inclusive, várias pessoas tiravam dúvidas comigo, copiavam listas (é, e quem disse que isso é coisa de graduando?), etc.

Não foi nem uma, nem duas vezes que ouvi:
"O Gringo* vai ser A em FT e Cinética."
"Certeza que o Gringo* vai conseguir doutorado direto."

A tal da expectativa.

- E aí, viu seu A em FT?
- Não, eu tirei B - respondi.
- Como assim? Você era o que mais estava manjando de FT na sala!
- Eu não estava me sentindo muito bem na segunda prova, foi isso.

O que não deixou de ser uma verdade. Final de semestre, eu tinha todas as avaliações dobradas - as da graduação e as da pós. Imagina se eu estava cansado.
However, mesmo que eu mantivesse a mesma média da primeira prova, eu seria B em FT. Aliás, o professor (que já me conhecia de outros tempos, já que ele foi meu orientador da IC e vai ser do mestrado) me deu o conceito B: se ele fosse fazer os cálculos certos, eu seria C.
E agora, eu acabei de olhar a da outra disciplina: B em Cinética.

Resumindo: sou B e B. Agora sim vocês estão felizes, colegas? Olha só, eu não posso mais pensar em doutorado direto! Não tirei o A necessário.

Eu acho engraçado isso. Todo mundo me acha um gênio. Ainda bem que eu sei que não sou. Gênio, certamente não. Esforçado, talvez. Alimentam-se expectativas em cima de uma genialidade que não existe.

Portanto, ficou aqui uma lição: não há razão nem para que eu próprio me  achar um gênio, quanto mais para os outros! Sou só humano, como todos são.

Prolongue essa lição para o campo que quiser: amoroso, profissional, etc.


(*) Mas que me faz rir pensar que eu fiz o dobro de disciplinas (contando as da graduação) que os mestrandos; que eu sou tesoureiro da comissão de formatura; que eu já estou fazendo pesquisa do mestrado (enquanto a maioria deles não está) e que eu tenho um aluno de IC co-orientado por mim... ô se faz!

domingo, 27 de junho de 2010

Cinco anos

Sentir saudade de coisa boa é fácil. Os amigos de São Carlos, da universidade, das festas - é claro! Duvido que alguém não fale que não sentirá saudades disso. Por outro lado, nossos cinco anos aqui em São Carlos não foram só flores.

Duvido que alguém confessará que sente saudade de quando teve, pela primeira vez, que se virar para manter a casa. Eu, pelo menos, não tinha máquina de lavar no meu primeiro mês em São Carlos, e não contratava diarista por nada nesse mundo. Sim, nos primeiros finais de semana, lá estava eu no tanque, ou com a vassoura em punho. Lerê, lerê...

O clima maluco dessa cidade? Piorou! Saio lá de Minas Gerais, do coração do cerrado brasileiro, e venho pra essa cidade que não decide se faz frio, se chove, se faz calor, ou se acontece tudo isso no mesmo dia. Em um intervalo de menos de uma hora.

Ah, é! Nisso eu aposto, e bem alto: ninguém vai encher o peito e falar que sente saudades das noites em claro, por conta dos planos de estudo - famosos planos de estudo! -: Juscelino Kubitschek (50 anos em 5), Jack Bauer (resolva seus problemas de estudo em 24 horas!), Serginho Groismann (até Altas Horas) ou mesmo Roberto Baggio (na decisão, só chutar pra cima)!

Todas as questões polêmicas acerca da comissão de formatura, da minha saída não tão voluntária do PET, dos tantos "nãos" dos processos seletivos de estágio, da dura, mas mais que acertada decisão de fazer mestrado...

Mas sabe de uma coisa? Só de pensar no ano que vem, em que tudo será diferente, em que nada disso será parte da minha rotina...

Não dá um apertozinho no peito?

domingo, 20 de junho de 2010

Pra falar de tolerância (de novo)

Eu tava esses dias na faculdade, numa das salas onde tinham computadores, e uma amiga, a Débora* que vai odiar seu pseudônimo, queria porque queria mostrar um e-mail pra uma outra amiga dela, a Viviane*.
Era aquela piada do grupo de amigas papa-hóstias que se orgulham dos seus filhos, conhece?

- Meu filho é padre, e todos da paróquia pedem a bênção a ele.
- Já o meu é sacerdote, e todos o tratam como "Sua Excelência Reverendíssima".
(...)
- Ué, amiga, e o seu filho? Não é religioso?
- Então... meu filho tem 1,90 m de altura, olhos verdes, um corpo de dar inveja e, quando ele passa, todas falam "Meu Deeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeus!".


Só que... digamos que o email era... ilustrado.


E digamos que Viviane é um tipo de pessoa bem "fechada"; um pouco grossa, talvez. Não que ela não seja agradável, mas toda vez que a gente conversa, ela reclama que está cansada, que tem um monte de coisa para fazer, etc.

Enfim, eu achei a cena mais irônica e engraçada do mundo a mudança de comportamento dela.
Antes: entrada toda esbaforida na sala de computadores, Viviane way. Reclamando do cansaço, das provas infindáveis, e tudo mais.
Depois [que ela viu as fotos que ilustravam da piada]: Silêncio.

- *suspiro* Aí sim, hein, Dé?
Até o ar ficou mais leve.

O que a falta de homem solteirice aguda não faz, não é verdade?

Daí eu, mais uma vez, parei pra pensar: ela se fecha de uma forma, ao ficar reclamando da vida...! E eu, não faço a mesma coisa?


... é isso. Enquanto eu não deixar ninguém entrar aqui dentro, nem um grãozinho de areia - intruso, incômodo -, eu não vou poder fazer a minha pérola.

sábado, 12 de junho de 2010

Feliz dia das crianças?

Eu queria escrever um texto melancólico, lamentando o fato de hoje ser o vigésimo primeiro dia dos namorados que eu passo solteiro.
Tentei inspirar o niilismo ao reler meus lamentos do passado e escutar músicas fossa.

Charles Aznavour liderou minha playlist. Não estranhem esse lenço e esses gestos! Tem a ver com toda uma história... Tradução bem porca da letra aqui.

Charles Aznavour liderou minha playlist [2]. E aqui, de novo, a tradução tabajaresca.
(alguém me dá de presente o DVD desse show? Eu sei que deve ser uma peça rara no Brasil, mas I'd love!)

No entanto - olha só! -, eu não consigo. Claro, eu ainda sinto falta de ter alguém com quem poder comemorar não só o doze de junho, mas também com quem brindar à vida.

(já volto, permitam-me duas divagações...)
Divagação #1
No feriado, eu fui no casamento do meu primo, e, novamente, eu era o único desacompanhado dentre os maiores de 15 anos da minha família. E, claro, aquele vazio, aquela sensação horrível de sentir os olhares acusativos (ou, em alguns casos mais incisivos, as palavras acusativas pois é) dos meus parentes...

Divagação #2
Daí eu estava lendo os tweets, e um conhecido disse que foi assediado ontem no baile do brega. Posso confessar uma coisa? Além da Fabiane, acho que nunca fui assediado; se é que eu posso considerar isso um assédio.
Por que será que eu nunca fui assediado?
Eu nunca fui de fazer muita brincadeirinha boba, e desde tempos me julgava "maduro demais pra minha idade", desde os verdes anos. E olhava com desprezo àqueles que "se comportavam feito moleques". Agora sim, eu entendo: eu fui o culpado de todo o bullyingEu reclamei da intolerância, mas eu é que fui um intolerante.

Juntando as duas...
É isso: eu vou ser criança de novo. Na medida do possível, c'est claire: não vou ficar de traquinagens pueris, óbvio. O que eu quero dizer é que eu vou, from now on, vou tentar recuperar a tolerância que não tive nos verdes anos.
Aí sim, eu vou deixar de ser o único maior de 15 anos desacompanhado nas festas da família.
(é óbvio que eu não quero estar acompanhado só pra "fazer social". Cês me entenderam.)

Por que eu nunca parei pra prestar atenção nessa música, por mais que eu a conhecesse?
Lyrics e tradução here.

Feliz dia dos que souberam ser crianças. Aproveitem o doze de junho.

domingo, 2 de maio de 2010

O novo Gringo #3: O reciclo pós-reator químico

Sempre fiquei meio down quando eu ouvia meus colegas contando dos estágios deles nas empresas. E eu, por birra, não quis fazer estágio em indústria.
Agora sim eu entendo que, ao contrário do que eu pensava, devia me orgulhar - e muito! - da minha escolha.

Sorry, minha vez de ser técnico na minha área.
Todo processo químico se baseia em 3 etapas básicas: preparo de matéria-prima, reação química e separação de produtos. Nessa última etapa, ocorre a separação de matéria-prima que não pôde ser aproveitada numa primeira etapa e, por isso, volta ao processo. Isso garante que as conversões sejam mais altas e que não haja desperdício de material.
Sou a matéria-prima que retorna ao reator para aumentar a conversão final. Sou o aluno que retorna aos estudos, para o processo de formação de novos engenheiros tenha maior qualidade.

Nunca mais vou ficar down ao pensar que não fui pra indústria. E ainda vou dar risada interna de quem se ilude com o trabalho na indústria, se sentindo "o" engenheiro fodástico.
Se ele é um produto final, eu sou o reciclo que garantiu a alta conversão final. Coitados, vivendo a alegria da inocência.

Ha. Ha. Ha.

O novo Gringo #2: Pump it!

- Ô, Gringo, acho que daqui uns dias eu vou trocar seu treino - Alex*, o treinador da academia, me falava. Cara gigante, mesmo comparando com meus 1,85 m. - Desde que você entrou aqui, você já emagreceu muito.
- Sim, eu percebi isso. Mas era essa a minha intenção. Só tenho achado estranho é que eu voltei a pesar 90 kg desde janeiro, mesmo que meu treino seja misto. - divaguei.
- É, massa muscular magra "pesa mais" que gordura. Normal.
- Entendi. - de fato, eu sabia que engordado eu não tinha. - Mas o que você sugere?
- Acho que você devia fazer um treino de hipertrofia para começar a "encher" esse corpo aí.
Não!
Conforme eu já disse, não estou nem um pouco interessado em virar um marombado. Pô, eu sou um nerd qui parle françaisque faz mestrado em engenharia e que frequenta aula de dança de salão! Isso realmente foge dos padrões, non?
Ninguém nunca viu um marombado dançando tango. Falaverdade, você também riu de imaginar a cena!

- Ah, tudo bem. Vou ter que fazer testes de carga, né? - concordei, mesmo não querendo. Não vou tentar convencer uma vítima do complexo de Adônis do contrário.
Pra que eu não vire um tórax e bíceps explodindo na camiseta, c'est simple: só eu não me suplementar com hiperproteicos ou hipercalóricos e o Alex não ficar sabendo disso, oras. De onde o corpo vai tirar "matéria-prima" se eu não fornecer?
Esse foi fácil de enganar.

O novo Gringo #1: Dança de salão

- Não te imaginava fazendo isso, Gringo - Marina* se surpreendeu, dizendo com seu jeito tímido. Parecia tão surpresa que eu achei que ela estava me repreendendo.
- Na verdade, eu sempre quis fazer, mas nunca me surgia a chance. Estou adorando a experiência. Recomendo!

Comecei a frequentar aulas de dança de salão. Marina não foi a única a estranhar o fato. Meu jeito sério e fechado não "bate" com o estereótipo de quem gosta de dança de salão.
Sweet illusion é pensar que se vai a aulas de dança de salão para aprender a dançar. São tantas as coisas que se aprende com a dança de salão que o ato de dançar em si é secundário. Quer ver?

Primeiro, o óbvio. Condução dos passos: o homem é quem conduz a dança. Consequentemente, há todo um desenvolvimento de auto-confiança, de segurança.
Diz minha parceira de dança, a Paula*, que dá pra perceber a personalidade da pessoa só de sentir a condução do parceiro. Há homens que não conduzem com tanta "força", o que mostra um pouco de insegurança. O oposto também diz algo desagradável: pode denotar autoritarismo.
Isso não se restringe só aos homens. Por exemplo, eu, com míseras quatro aulas de dança, já percebi que há mulheres que gostam de ser conduzidas com os olhos e não com o toque. A Simone*, uma das alunas, é das que gostam de trocar olhares. Pudera, com olhos esmeralda iguais ao dela! A Paula, por outro lado, quase que conduz o parceiro, o que me deixa um pouco confuso: ela está tentanto prever os passos ou eu estou conduzindo pouco? Ela é precavida e tenta contornar todas as situações, ou sou eu, que estou alheio às suas vontades? Daí eu fico com "medo" de por força demais na condução e parecer "machón" demais.

Segundo, postura. É horroroso (e eu percebi isso na segunda aula) dançar olhando para os pés, com medo de dar ou levar um pisão no pé. Cadê a troca de olhares, cadê a sintonia entre o casal? E, de novo: postura exala auto-confiança. Mesmo se ela for desagradavelmente excessiva.

Postura! Exatamente! Perfeito!

Não é uma ótima maneira não-verbal para conhecer um ao outro?

Quer coisa que se encaixaria melhor ao meu tact avec les femmes que dança de salão? Como assim, Marina, "não me imaginava fazendo isso"?

Eu, perdido na aula.

sábado, 20 de março de 2010

Voltei!

Mas eu voltei pra falar de coisa boa, pra frente.
Não comecei a terapia, e nem vou começar. Não pelo motivo que eu aleguei. Foi só que eu senti saudades de escrever só pra mim.
De fato, eu não parei de escrever. Eu comecei outro blog, sobre culinária e engenharia, minhas duas paixões. Infelizmente, eu não escrevo lá tanto quanto eu gostaria, por falta de tempo. Ah, gente... é um passatempo, não um compromisso! Então, eu nem vou me cobrar a ponto de postar tão sagradamente quanto às pessoas que blogam por profissão.

Voltando: sobre a terapia, eu percebi que a única coisa que eu fazia era auto-flagelação, conforme postei aqui da última vez. Bevidade aos (agora) 21 anos? Só eu sei disso. Se não aconteceu ainda, deixa estar. Se é pra ser, vai ser. Se não, fazer o quê, né?
Claro que não vou ficar de braços cruzados esperando pela mais perfeita pessoa aparecer na minha vida. Aliás, eu tenho feito meus esforços quanto a Alice de novo, sabe? Deixa eu contar essa nova pra vocês:
Eu cruzei com ela outro dia no ônibus lotado. Eu tava de lente de contato, e o sol estava ofuscando muito, fazendo eu ficar meio franzido, com cara de bravo.
- Oi! E aí, como tão as coisas? Tá estagiando?
- Oi... então, na verdade, eu tô fazendo mestrado. Acho que te falei antes, né?
- Nossa, que legal! Parabéns!
Fiquei pensando qual foi meu mérito de ir assinar um documento pra entrar como aluno especial. De qualquer forma, agradeci pelos parabéns.

Uns dias depois, ela me perguntou via MSN se eu estava bravo com ela.
- Não, por que estaria?
- Ah, te achei com uma cara estranha aquele dia.
Expliquei que era por conta de uma conversa com meu orientador, o que era uma meia verdade. A falta dos óculos fotocromáticos também explicavam.

Conversa vai, conversa vem, e ela acabou falando que precisava de umas aulas de inglês. Ó só.
Ficamos de combinar algum dia depois de ela terminar os ensaios pra próxima peça.

Talvez eu esteja fantasiando demais as coisas, mas eu acho que o fato de ela me procurar pra conversar as coisas demonstra alguma coisa. Ou não? Só perguntando pra saber...

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Help

'Tá bom, gente, eu confesso.

Sabe por que eu voltei pra São Carlos? Não foi (só) por causa das coisas da comissão de formatura, do mestrado, ou por causa da Alice. Alías, eu desvirtuei o blog inteiro.
Sabe por que eu comecei a escrever? Pensa comigo: antes, experências nada boas no passado. Irritabilidade. Agorafobia (tá, não cheguei a esse ponto, mas foi muito perto). Hoje: sono completamente desregulado (tá, as férias "ajudaram" um pouco, mas mesmo no período letivo, ele é). Inabilidade de manter a concentração. Desmotivação. Persistência das experiências nada boas.
Pois é.

Eu tentei muito inutilmente mascará-la, me enfurnando em tudo quanto é coisa: a própria comissão de formatura, a própria IC, o grupo de trabalho do qual fiz parte e fui "forçado" a sair dele, estudar francês, and so on. O estopim foi saber que, mesmo eu tendo "esculpido CV" sem querer com essa "perda" de tempo, para nada de bom serviu. Bom, na verdade, pelo menos para uma coisa boa: fazer eu reconhecer que eu preciso de ajuda.

Mas nem para procurar ajuda eu crio coragem. Eu já até falei beeem no começo do blog que sempre tive um pouco de preconceito sobre isso. É muito submissa a posição da pessoa doente. Afinal, é algo "controlável" nosso pensamento, não é?

Mas nem para procurar ajuda eu crio coragem.

Acho que foi auto-flagelação ficar aqui escrevendo esse tempo todo. Vou parar com isso.

Farewell.