domingo, 29 de novembro de 2009

Shall we dance?

Por fazermos parte da comissão de formatura, vez ou outra ganhamos convites das empresas para irmos a outras festas de formatura. E como final e começo de ano são quando há a grande maioria dos bailes de formatura, estamos em um período de vacas gordas.

-- É porque eu não sei em que formatura eu vou, mas eu não queria ir sozinho, também, né? -- Alice e eu conversávamos por MSN.
-- Eu também nem imagino... [risos~]
-- Daí como eu sei que você é daqui da cidade, ficaria mais fácil você ir nas formaturas em janeiro. -- eu disse --. Eu ainda estou para decidir, porque eu já sei que vou ficar aqui em São Carlos em janeiro.
-- Ah, vamooss! -- [sim, ela digitou desse jeito.]
-- Então você me avisa quando decidir, please?
-- Beleza... vou dar uma olhada lá e te falo, ok?!
-- Ok.

Mas não respondeu.

-- Oi! Então, eu 'tava pensando... eu vou na formatura do dia 29 e 30 de janeiro. Vamos? -- eu disse, via orkut.
-- Vamoo! Por mim, pode ser, Gringo!! Beijooos -- [respondeu desse jeito mesmo.]

Eu e minhas metáforas...
É complicado para um homem aprender dança de salão, mais do que para a mulher. Porque ele precisa aprender a conduzi-la. Portanto, precisa aprender não só para ele, mas também para ela. Como, no entanto, o homem aprende a conduzir a mulher na dança? Outra pessoa pode até tentar ensinar, mas depende muito mais dele -- de sua presença, de sua imponência.

Shall we dance, Alice?


O comando da situação deve ser meu. Não vou errar de novo.
Pau na mesa.

sábado, 21 de novembro de 2009

Será? [2]

Bom, eis a segunda parte do post, o tal plus a mais. Tão plus que está bem grande o texto. Sorry de novo.
A terceira festa que as comissões de formatura organizaram foi uma festa junina. Foi muito boa (deixei a barba crescer e fui a caráter, muito engraçado!). Mas deu MUITO trabalho. Muito mesmo: eu quase surtei depois de trabalhar quatro horas incessantes no caixa. Eu precisava parar de fazer conta de cabeça em segundos.
Por causa disso, eu precisava de alguma coisa que eu me mexesse e não pensasse. Troquei então com a Marina, que estava no correio elegante. Claro, eu ficava andando, e por isso, eu via tudo o que estava acontecendo na festa.
Pena que esse "tudo" passou um pouquinho do limite.
Letícia*, da minha comissão de formatura, estava no bar, servindo e bebendo feito louca, o que fazia não dar tempo para ela ficar com o Flávio*, seu namorado, que estava com vários amigos.
Por sinal, o Flávio é a mesma pessoa deste dia, ou seja, já não tenho motivo para ter um pingo de afinidade com ele.
Enfim, Flávio estava mandando vários correios-elegantes em pseudônimo para seus amigos, de brincadeira. Numa dessas andanças, eu estava entregando dois cartões ao mesmo tempo, mas eu tinha só uma caneta. Emprestei uma para ele e fui atrás de outra pessoa, que estava usando uma caneta própria. Peguei o coração de papel com a outra pessoa e fui andando em direção ao Flávio.
Chegando perto dele, seu amigo Lucas* parou na minha frente:
-- Cadê o Flávio? Eu preciso da caneta que eu emprestei...
-- Já já ele entrega -- respondeu. Por um momento, não entendi essa atitude dele, mas quando olhei para o lado...
Flávio estava na pegação forte com outra menina.

Fiquei pálido, paralisado. Choqué. Corri ao caixa, pois era o único lugar em que eu pudesse ouvir meu pensamento.
Lá estava Alice.
-- O que foi, Gringo? Tá estranho...
-- Alice... desculpa... -- eu estou arfando? -- é que eu vi uma coisa... o namorado da Letícia... tava com uma menina...
-- Sério? -- o choque era irradiante no rosto da Alice. -- Nossa, Gringo... espera, senta aqui, acalma...

Depois que eu consegui respirar normalmente:
-- Então, Alice... agora eu não sei se eu conto pra ela. Eu não tenho aquela amizade com a Letícia, mas é muita cara de pau dele abusar do fato de nós estarmos aqui trabalhando feito loucos pra trair a Letícia! Ainda mais assim, na frente de todo mundo! Se fosse para fazer coisa errada, que fizesse a coisa errada de um jeito "certo", oras! Fosse pra um canto que ninguém os visse, e faziam o que quisessem lá! -- senti pulsadas de sangue na cabeça.
-- Ai, Gringo, nem sei o que te dizer...
-- Posso ficar aqui um pouco? Preciso esfriar a cabeça.

Pena que tempo para esfriar a cabeça era uma raridade.
Logo depois, eu tive que trocar de lugar: virei o pipoqueiro da festa. Flávio veio ao meu lado. Ah, lá vem ele...
-- Muito bom, Gringo, a festa tá muito boa! Vocês só não esperavam que fosse bombar desse jeito, não é verdade? -- conversa de elevador? Eu dispenso...
Respirei fundo, troquei minha expressão no rosto por um sorriso satisfeito e disse:
-- Pois é! Olha só essa mesa: eu fiz quatro bolos, fora os outros que as meninas fizeram! Tinha muito doce, paçoquinha e duzentos e cinquenta cachorros-quentes aqui, e tudo isso acabou com menos de duas horas de festa! Agora só tem pipoca e cerveja... e já saímos para comprar cerveja pelo menos umas duas vezes.
-- Fora o trabalho que dá, né? Aí, cara -- e ele apontou para a escala de horários da comissão, que estava colada na parede --, a Lê tá em todos os horários, trabalhando... nem dá pra eu curtir minha namorada!
Se bem que você não deixou de curtir outras meninas, não é? Calma, respira, breathe in...
-- Mas todos nós estamos em todos os horários, só estamos trocando de lugar de tempos em tempos. Repara bem...
Que cara hipócrita! Quem ele quer enganar? A mim?
O bar ficava em frente à barraquinha das comidas, de modo que eu via a Letícia. Sua embriaguez era evidente. Um dos nossos "clientes" estava próximo demais dela. Eu percebi que ele estava com second intentions, mas deixei quieto. Mais perto, mais perto e ele rouba um beijo dela.
Barraco geral. Flávio não estava perto, mas Letícia estava putíssima muito brava com o cara, querendo sair no tapa com ele. Um dos amigos do Flávio (que viu as duas cenas, tanto a da Letícia quanto a do Flávio) segurou a Letícia antes que ela batesse no cara, e o ladrão saiu correndo, com um sorriso malandro entortando sua expressão "olha-como-sou-fodão".
Meu Deus, quem é mais hipócrita aqui? O Flávio ou o amigo dele, que sabia da "outra" e segurou a Letícia? E eu quieto, no meu canto, controlando meus nervos.

Cheguei em casa cedo, como mamãe pediu. Cinco da manhã.
Às 8h da manhã (pois é, nem sei onde arranjei forças), eu tinha aula prática no laboratório, em dupla. Eu não poderia faltar, pois não há aula de reposição sem justificativa, e "festa junina" com certeza não está nas lista dessas justificativas.
Minha dupla é a melhor amiga da Letícia, e percebeu meus nervos à flor da pele quando eu quase arruinei o experimento várias vezes.
-- Gringo, está tudo bem?
-- Desculpe, Dani*. Realmente, eu não estou bem.
-- O que foi?
-- E-e-eu te conto no final da aula, por favor.
-- Tudo bem... que coisa.... -- e continuamos a fazer o experimento.

-- Nem sei se eu devia estar te contando isso, Dani, mas -- as palavras relutaram em sair da minha garganta -- eu vi o Flávio ficando com outra menina na festa ontem.
Claro, Dani me olhou com a maior cara de espanto.
-- Tem certeza que era ele, Gringo?
-- Tenho -- minhas mãos já estavam tremendo, geladas, e minha visão estava turva de lágrimas.

Depois de uma longa conversa com a Dani, eu fui para casa, almocei muito mal e fui à aula de francês. Preciso me distrair, e essa aula vai me ajudar.
Meu celular toca. Não conheço o número, mas atendi no intervalo.
-- E aí, Gringo? -- Flávio.
Associei toda a história por trás da minha distração: Dani e as outras amigas da Lê conversaram entre si, para resolver o que contariam para ela. Resolveram contar para ela, ocultando a identidade da testemunha ocular. Letícia, desesperada, precisa saber quem é essa testemunha. Suas amigas, com muito pesar, soltam a informação, entregue por Letícia com bandeja e lacinho para seu namorado, que a convenceu facilmente que eu era o mentiroso da história. Os pombinhos traidores terminaram juntos e eu, possivelmente, não saio vivo dessa.
Ele tentou conversar pacificamente comigo, perguntando que história era aquela, de eu falar que eu o vi ficando com uma menina.
-- Eu vi. Isso é tudo o que eu tenho a dizer. -- mantive a postura e a pose o tempo todo.
Ele, desconcertado pela minha firmeza, apelou e me xingou de todos os nomes possíveis, inclusive me ameaçando. Sim, ameaçando. Eu até pensei em começar a gravar a ligação, pois existia essa função no meu celular, mas desisti da ideia.

Voltei para casa mais preocupado ainda, e por acaso encontro Carlos, meu colega de apartamento, na rua, também voltando para casa.
-- Carlos, preciso te contar uma coisa. -- e contei tudo isso aí em cima.
Ele ouviu, impassível. Só lamentou por mim e por Letícia, mais nada. Carlos nunca foi uma pessoa tão preocupada com os outros. Nem sei porque perdi meu tempo falando isso. Acho que foi meu desespero.
Eu estava sem saída.
Alice. Ela é a única pessoa que sabe da história e que me resta agora.
-- Gostaria de falar com Alice, por favor? -- tentei ocultar a voz embargada.
-- Quem gostaria? -- a mãe dela, eu acho, que atendeu.
-- Ah, diga que é o Gringo. Obrigado. -- consegui disfarçar bem.
Ela atendeu.
-- Alice, lembra o que eu te contei ontem? Pois é. A história ficou mais cabeluda ainda.
-- Gringo, você está chorando? -- não consegui disfarçar a voz por muito tempo.
-- Sim, desculpa...  -- e contei o restante, inclusive do beijo roubado, que ela não sabia. -- Eu não fiz isso porque eu queria separá-los, mas olha a minha situação agora: ela vai continuar a ser namorado daquele hipócrita, e eu vou ficar como o fofoqueiro da história, talvez perdendo a pouca amizade que eu tenho com a Letícia!
-- Gringo, calma!
-- Ele me ameaçou, Alice! A-me-a-çou! Tem noção do que é isso? Como você quer que eu me acalme? Ele só se acusa mais e mais, pelas atitudes dele! Sabe... eu não conseguiria fazer um tipo de coisa dessa... se é para namorar, que seja coisa séria, não... isso! --  eu disse, com asco nessa última palavra.
[...]
-- Gringo, é sério... descansa, você está com a cabeça quente, ainda vai fazer bobeira.
-- É, eu preciso mesmo... fui o último a ir embora ontem, tive aula o dia inteiro... enfim, desculpa por te fazer de ouvido pros meus desabafos.
-- Imagina, Gringo, precisando, só me ligar. Você tem meus números...

No final das contas, Letícia me agradeceu por eu ter contado, mesmo que indiretamente, a ela toda essa história, já que isso quis dizer que ela pode confiar em mim. Nossa amizade continuou a mesma, e o Flávio bem que tenta ser gentil comigo agora, mas eu só mantenho a frieza, entretanto sem desrespeitá-lo.

Brigas superadas, amizades mantidas. Não é isso que eu quis ressaltar aqui.
Eu não fiz isso com second intentions; mas, depois disso, sem querer, Alice me conheceu muito mais que Clara, Fabiane, Amanda, Lígia. Talvez menos que Fernanda ou Ana, mas isso não tira o mérito do raciocínio que quero fazer aqui. She sees my true colours, diria Phil Collins no meu lugar.


Eu continuarei a mostrar minhas true colours: eu não estou indo ao teatro dela só por ir. Eu gosto de teatro, acho incrível como os atores conseguem "se tornar" outra pessoa.
Eu gosto de cozinhar e de escrever também. Por causa disso, resolvi postar o "Comidas e Pegadas" no meu perfil do orkut, juntamente com uma letra de música irreverente -- mistura inglês e francês, minhas línguas estrangeiras, e ainda fala de amor. Eu estou querendo mostrar minhas true coloursWill she admire them?

Maintenant tu me connais plus que beaucoup de personnes. Si tu veux me connaître um peu plus, moi je vois seulement une manière pour satisfaire ta volonté...

Será? [1]

Alice* também é da comissão de formatura, não a do meu curso, mas a mesma da Lígia. Morena linda, thumbs up. A gente tem trocado umas palavrinhas a mais ultimamente, nada sério. Tivemos algumas reuniões, organizamos festas, essas coisas.
Numa dessas festas, eu fiquei responsável pelo material de divulgação e de fazer as fichas das bebidas. Para evitar desperdício das fichas, eu pensei em não cortar, mas picotar as folhas (igual o talão de cheque, sabe?). Assim, as fichas não-usadas ficam guardadas para outra oportunidade. Daí, eu lembrei uma técnica bem bizarra e engraçada de se fazer esse picote: com uma máquina de costura sem linha. Lancei a ideia no grupo de emails das comissões de formatura, perguntando se alguém conhecia alguma costureira. Alice disse que sua avó era.
Acabei não fazendo isso, mas usei essa informação.
Como eu mesmo disse que estou passando por uma mudança um tanto rápida de forma, eu perguntei a ela, mais tarde, se sua avó fazia ajustes em roupas. Ela me confirmou, mas seus dotes costurísticos eram mostrados só para a família (não nesses termos, obviamente; dê-me a licença poética!), mas que uma tia dela fazia essas coisas.
Bom, fui lá na casa dessa tia dela, (uma senhora muito boa no que faz, aliás), e deixei quatro calças e um blazer para serem ajustados.
No dia em que os busquei (ontem), eu a encontrei no ônibus, lotadíssimo, e ela em pé:
-- Nossa, tá difícil passar aqui, hein?
-- Pois é, Gringo!
Eu disse um tempo depois que estava indo na casa da tia dela, buscar as roupas:
-- Ela é muito rápida! Eu deixei as roupas lá anteontem e ela me falou que estavam prontas agora há pouco!
-- Ela é muito boa. Profissional, né? -- Alice concluiu.
Eu a olhei longamente antes de ela descer do ônibus. Procurei seus olhos por trás das lentes dos óculos escuros. Sorri de um lado só da boca, meio malandro, quando os encontrei.

Os outros três contatos foram todos a ver com fotos no orkut.
Bom, o primeiro foi assim: eu, por acaso fuçando na página dela, e eu vi umas fotos de uma festa. Na verdade, eu, como qualquer homem, fui atraído pela "falta de pano" de uma foto (segundo um comentário), e a falta de um sorriso na foto (legenda: "É, tá difícil foto sem rir! Rs"). Ela está complexada porque está usando aparelho nos dentes, e acha que fica "feia" quando sorri. C'est impossible, mademoiselle.
-- Complexada com o aparelho? Melhor pensar que é um investimento, para melhorar! - eu disse, via recado no orkut.
-- Pois é... mas nunca melhora, né? -- ela respondeu.
Nem sei porque você está usando aparelho...

O segundo contato virtual puxa o terceiro. Alice é atriz, sabe? Ela faz parte de um grupo de teatro. Nada muito profissional, mas nem por isso inglório. Ela postou fotos de alguns ensaios e de quando ela apresentou (um ensaio aberto, na verdade) em um asilo. Achei super legal a ideia, e as fotos dos velhinhos sorrindo só não foram mais priceless do que ela ver esses sorrisos ao vivo e saber que foi ela que os "causou". Mandei um recado parabenizando-a pela iniciativa e pela beleza das apresentações.
O outro foi quando ela divulgou em tudo quanto era lugar na Internet que estivesse ao alcance dela (ou seja, orkut e MSN) que ela fará uma apresentação na Oficina Cultural.
-- Queria ver a peça, viu? Porque pelo menos as fotos estão legais! (aqueles chatos né? [risos]) -- digitei no MSN.
Ela riu da minha piadinha idiota:
-- Vai lá, Gringo! Só aparecer! Sabe onde é a Oficina? -- e ela me indicou o caminho.
-- Nossa, do lado da minha casa!
-- Vai então, Gringo... [smiley piscando]
-- Pode contar comigo! [idem]
-- Ok! Fico feliz, Gringo! -- ela disse. -- Gringo, vou dar uma saidinha, mais tarde eu volto! Mas fiquei feliz em saber que você vai, viu? Beijos...
-- 'magina... Beijo.

Já contei tanta história sem final (ou sem começo, como queiram) aqui que até eu já estou cansando disso. Mas essa história tem um plus a mais, que eu vou contar em outro post.

domingo, 15 de novembro de 2009

A deficiência seletiva

Por eu ter sido sempre obeso mórbido cheinho desde pequeno (e só agora meu peso está aceitável), eu nunca gostava de ficar sem camisa, por razões óbvias: poupar as pessoas e a mim mesmo de um trauma. Ontem, inclusive, eu fui a um churrasco, e o calor dessa cidade, junto à proximidade da churrasqueira, estava insuportável. Mesmo assim, relutei em tirar a pólo rosa que eu estava usando.
Hoje, por outro lado, resolvi me propor uma prova de fogo. Precisava ir ao supermercado e à farmácia, que ficam não tão perto de casa, mas nada que impeça de ir a pé (aliás, eu não tenho outra condução além do Oscar-canhá e da Mercedes de 40 lugares). Resolvi ir topless, mas levei uma camiseta, é óbvio.
Para evitar cruzar olhares ou escutar comentários alheios (estigma do passado), levei meus óculos de sol bem grandes e meu mp3. Je n'écoute pas, je ne vois pas.

Tá aí, descobri uma coisa.
Bem melhor eu abstrair as opiniões dos outros, até porque se eu depender dessas opiniões eu cometo suicídio, com certeza. Bom também é não tentar tirar conclusões a partir de coisas pouco confiáveis, como um olhar dissimulado.

Minha aréola um pouco grande? Não tem como eu diminuir, tem? Então, xapralá.
Minhas estrias bem no baixo ventre? Versão alternativa do "caminho da felicidade" (rá!).
Barriga? Só manter a postura mais reta (o que para mim é uma dificuldade -- 1,85 m e timidez explicam), que ela some magicamente.
Que bom que das minhas pernas eu não tenho do que reclamar.
Cada parte é única. Não existe outro Gringo.

Não tenho abdome "trincado", tórax explodindo na camiseta, bíceps idem. Ainda bem. Não estou incomodado com isso. Se alguém repara demais nesses meus "defeitos", eu sou surdo e cego. Aliás, cega é uma coisa que essa pessoa não é, hein? Falaverdade... Hum...

Regardez-moi, je suis le plus beau du quartier
J'suis l'bien aimé
Dès qu'on me voit, on se sent tout comme envouté, comme charmé
Lorsque j'arrive, les femmes elles me frôlent de leurs regards penchés
Bien malgré moi, je suis le plus beau du quartier, hum, hum, hum
Est-ce mon visage? Ma peau si finement grainée? Mon air suave?
Est-ce mon allure? Est-ce la grâce anglo-saxonne de ma cambrure?
Est-ce mon sourire? Ou bien l'élégance distinguée de mes cachemires?
Quoi qu'il en soit, c'est moi le plus beau du quartier
Mais prenez garde à ma beauté, à mon exquise ambiguïté
Je suis le roi du désirable, et je suis l'indéshabillable
Observez-moi de haut en bas,
Vous n'en verrez pas deux comme ça
J'suis l'favori, le bel ami de toutes ces dames et d'leurs maris
Regardez-moi, je suis le plus beau du quartier
J'suis l'préféré
Mes belles victimes voudraient se pendre à mes lacets -- ça les abîme
Les bons messieurs, eux, ils voudraient tellement m'déshabiller -- ça les obstine
Bien malgré moi, oui bien malgré moi
Je suis le plus beau du quartier


Tá, eu ainda não cheguei a ter essa auto-confiança

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Kaboom!

É muito fácil uma pessoa perder seu "quê" comigo. Não que eu seja intolerante ao extremo, mas eu deixei de invejar Carlos ontem cedo.
Eu fiquei um pouco completamente shocked, quando, na festa da minha comissão de formatura, Carlos me disse que estava solteiro.
Ah, sim; eu já havia percebido que eles estavam mais pra lá do que pra cá, e que a relação deles sempre foi unilateral (mais Priscila que Carlos). Aliás, eles contaram, nessas andanças nossas, que foi ela que "chegou" nele. Além disso, eu acho que às vezes ela sutilmente atropela seu amor por si mesma em detrimento ao seu por ele.
Enfim, não sou eu que vou servir de terapeuta de casal. Eles que se entendam.

Carlos me disse que iria à praia com uns amigos nossos no final de semana em que fui para minha cidade. Como eu já havia me programado, não fui. Não vou falar que ele deve ter aproveitado da sua recém-solterice, mas digamos que foi uma ótima oportunidade... melhor não pensar.
Domingo passado, Priscila veio aqui em casa à noite. Mal ela chegou ao quarto e os fatídicos sons começaram. Foram duas.
-- Ué, Carlos, achei que você tinha me falado que estava solteiro -- eu medi bem as palavras. Isso foi ontem cedo, quando estávamos indo para a faculdade, sem ela por perto, obviously. Aquela jogada de "verde" básica.
-- Pois é... tem coisa que a gente não escolhe -- respondeu, um pouco pesaroso.
Fala sério, essa era a pior resposta que eu poderia ter ouvido.



Foi isso que eu senti na hora.

Priscila, não faça isso com você mesma! Ele só está com você porque convém a ele, ele não te ama! Tudo bem que ele não te traiu, pelo que eu saiba. Isso não é demonstração dos sentimentos dele, é no mínimo o dever da fidelidade.


Tá bom, parei. Vocês que se entendam.

domingo, 8 de novembro de 2009

Repaginada [1]



Não, não foi assim. Tá, não foi totalmente indolor.  Poxa, eu achei que seria muito, mas MUITO pior do que foi. Bem mais intolerável foi a tentativa de pressão psicológica da esteticista, cujo delírio era evidente ao sentir minhas mãos geladas.
Só não esperava ficar com as costas marcadas, parecendo que fui chicoteado por horas. Está aos poucos sumindo, but ainda está bem feio.
Se minhas costas perderem o vermelhidão, eu posso falar que valeu a pena.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Página virada merece outro personagem

Ter voltado para cá me abriu bastante a cabeça. Muita coisa me aconteceu, conforme postei.
Agora, e novamente, e sempre, sou um novo eu. E o Gringo de agora quer mudar seu visual, inspirado novamente por navegadas básicas na internet.
Cansei de tees básicas, de pólos básicas, de calças retas sem barra feita, de tênis esportivos.
Notas de peças que eu pretendo comprar (aos poucos, claro), para dar um up no meu guarda-roupas:

-- Duas calças jeans: uma delas branca véio da gafieira mode on e outra tem que ser BEM escura, mas com as costuras claras, e ambas não tão retas, mas nem por isso skinnies. Cruzes! Como que alguém usa aquilo?.
Aliás, na última compra de peça de roupa minha, a vendedora me falou que eu tinha que dar uma "modernizada" nas minhas calças folgada essa vendedora, né? Mais que minhas calças naquele dia...
-- Óculos de sol "aviador".
-- Sandália de couro afinal, eu quero modernizar ou "recordar é viver"?
-- Mais uma regata fit clara (e não aquelas que sempre me fazem lembrar os cinquentões no bar da esquina de cima de casa, com aquela leve e sutil PANÇA-que-serve-de-fôrma-para-telefone-público)
-- Alguns acessórios, principalmente um cordão + pingente discreto ou pulseira de tiras de camurça. Pensei em um cordão preto com um yin-yang, bem onde as clavículas encontram. Será que combina comigo? Só achando e provando para saber...
-- Boina e/ou chapéu de panamá véio da gafieira mode on #2 Faltou o sapato branco para arrematar!. Sim! E eu rodei que rodei essa cidade hoje, tô com bolha no pé de tanto andar e não achei NENHUM! Nem que fosse para eu achar um que eu não gostasse... NENHUM MESMO!
-- Bata ou camisa de manga curta bem clara, soltinha; para o verão que está chegando.
-- Relógio de pulso classudo, para complementar o que eu tenho, completamente esportivo, apesar de não ser digital.

Não vão entrar aqui: calça skinny, camisa xadrez (não consigo gostar, na boa), bermuda surfer -- se bem que eu preciso de uma sunga legalzinha -- por eu não achar que não "vão" comigo.


Mudando de assunto, mas nem tanto: outro dia, eu perguntei pro meu cabeleireiro, lá na cidade onde eu estudo, o que eu poderia fazer com os malditos pelos das costas (que normalmente eles cortam à máquina depois de um corte de cabelo, engrossando-os):
-- Ué, depila!
[eu com cara de "Eu não vou fazer isso!"]. De fato, eu já raspei, com lâmina mesmo, o peito, a barriga, os ombros e as costas (sim, dei uma de contorcionista), e gostei do resultado, exceto o fato de que também engrossa o fio bagarai e que eu tinha que fazer a cada dois dias.
Ele continuou:
-- Eu depilo lá com a Nádia, na La Maison, e dura mais ou menos um mês -- eu tenho total certeza que ele é gay: roupas "justinhas" demais, corpo malhado demais, é cabeleireiro... já viu, né? Nada contra, please, mas depilar a ponto de ser íntimo "assim" com a depiladora passou do ponto pra mim. Pode até ser homossexual, mas não me venha com bichice, por favor.

E amanhã eu vou pagar pelo mau pensamento: eu me rendi e vou fazer o calvário de me depilar com cera pela primeira vez. Eu ainda estou com um pouco de preconceito de mim mesmo quanto a isso, mas se eu não tentar, fica parecendo criança: "nunca comi e não gostei" não quis dizer isso, seus libidinosos!.
Não contei para ninguém até agora. Sei que não faz sentido eu querer guardar segredo e, ao mesmo tempo, escrever aqui, para qualquer um ler; mas eu uso pseudônimo, mesmo! Então #tantufas.
Amanhã mais à noite eu conto como foi a sessão de tortura.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Ser macho e ser homem: meu insight de indelicadeza

Primeiro, não me leve a mal, please. Já peço desculpas de antemão se eu soar um pouco grosseiro ou irônico. Você sabe o quanto eu a amo.
Eu só estava associando mal as coisas. Eu queria achar algo que ligasse entre estas conversas e essas situações e seu recado no orkut para mim e para a Ana*: repetidos, pedindo ansiosamente por notícias. Nada a ver.
Ana me disse que vocês conversaram. E eu, por causa do recado repetido, estava desconfiado de uma coisa: de que essa conversa foi além do que você me disse ter sido. Mas é só meu olhar afiado demais, investigativo demais. Sorry. Achar pelo em ovo é uma arte.
Tudo isso não passou de um sofisma. Eu não estou nem estive com second intentions, longe disso. Eu concordo com você: seria muito estrago se... you know.
Então, por favor, esqueça o que eu disse. Eu é que devo desculpas dessa vez.

"Micareta não é altar", "Se namorar fosse bom, micareta não bombava", já disseram você e uma faixa que levaram no Axé, respectivamente. Se uma mulher que possivelmente põe o cinto com um bumerangue de tão gorda me arranhou no peito e suas unhas foram descendo, descendo... e eu não fiz nada; então eu só tenho uma coisa a falar:
Enchanté, c'est moi: Gringo. Eu sei que sou diferente. Eu sei que sou recriminado. Exemplos:

  1. "O Gringo numa micareta?", foi o que eu ouvi de Carlos*. Isso porque ele é meu colega de apartamento! Quero nem imaginar o que ele fala nas minhas costas. Muito menos o que as pessoas que não gostam de mim.
  2. Já contei aqui um caso de quando ouvi algo como "Como assim, você é gay?!".

Até você me recrimina por isso -- você prestou atenção no que você me disse? Não, não precisa pedir desculpas, eu aprendi a abstrair isso há tempos. Eu já estou acostumado.
Levando em conta sua escolha profissional, você vai procurar por algum fato do passado que possa ter me feito assim. Eu lho apontarei, então: bullying justamente "naquela" fase da vida. Sexta, sétima série, sabe? Pois é. Era geral: as poucas pessoas com quem eu mantinha algum laço eram por piedade delas. Agora você sabe porque eu, mesmo tendo ganhado uma bolsa de estudos integral pelo colegial inteiro, preferi sair daquela escola.
Eu seria mais respeitado se eu saísse "pegando geral", "passando o rodo", não é verdade? Que forma mais sórdida de se conseguir respeito... Sou mais forte que isso. Eu preciso acreditar que ser Gringo seja vantajoso. Não que eu ache que eu não preciso mudar ou que sou imutável. Eu só quero saber o que é mais respeitável: macheza ou hombridade?

terça-feira, 3 de novembro de 2009

... e reviravolta

Desculpem-me, primeiramente, pelo tamanho do post, mas foi inevitável.
Sexta-feira, logo depois que postei Predestinação, um pedido-relâmpago de recadastramento para um dos processos seletivos de estágio que eu estava participando apareceu no meu email. É uma das empresas que são minhas primeiras opções. Essa empresa alegou que houve uma falha no sistema e que todos os currículos dos matriculados na minha universidade haviam sido excluídos e, por isso, todos haviam sido desclassificados por acidente. Achei uma justificativa muito mal-dada, mas agradeci aos céus pela nova (?) oportunidade.
Uns minutos depois disso, conversei via MSN com uma amiga de longa data: conheço a Ana* desde os tempos de escola. Não, ela não é a homenageada deste post. Eu confesso que ela me intimida um pouco, mas não de uma forma ruim. Mesmo sendo uma pessoa muito "na dela". Mesmo não sendo uma pessoa de temperamento explosivo.
Essa baixinha me assusta.

Enquanto estávamos no colégio, eu me lembrava de quando fomos a dois shows aqui. Um deles foi do Djavan (óunnn) e o outro foi do Leoni (óunnn²). No primeiro, éramos um grupo enorme de pessoas, eu fui mais porque eu queria conhecer mais sobre o cantor. Já o segundo... fomos a Fernanda*, o namorado (atual noivo) dela, Ana e eu (#ui). Estávamos em pé, perto de uma barra de proteção, um do lado do outro, pessoas se apertando para chegar mais perto (#ui²)...
Ana, façamos um favor para essas pessoas: a gente bem que poderia ocupar o espaço de uma pessoa só aqui. Sabe como? Assim, ó...
Preciso comentar que eu não fiz isso?
Chamem-me de "fraco": aquela diferença de altura que "encaixa", um show do Leoni, aquelas músicas "para dois"... Eu responderei que nossa amizade já está estragada com o convívio. Eu já disse que nós três (a Fer, a Ana e eu) já estivemos fechados no quarto da Ana, na casa dela? Pois é. Eu era quase o amigo gay delas.

Depois que eu fui estudar em São Carlos, nós já encontramos só nós dois, em uma pizzaria. Foi totalmente obra do acaso essa soirée virar um rendez-vous, pois havia outras pessoas que tinham combinado de ir até a pizzaria. Bom, pelo menos eu acho que foi por acaso.
Que meus olhos ficaram sorrindo no dia, eu sei: reencontrar amigos de longa data é formidable. Sim, também: suas curvas, destacadas pelas suas roupas hell on heels, eram perigosas demais para um não-habilitado como eu.
Ela me buscou aqui em casa e me deixou, na volta, também, já que eu não tinha carteira de motorista na época. Mas conforme eu disse, já estragamos por demais nossa amizade., e ficou só nisso.

Eu lhe disse que estaria indo para a minha cidade natal logo hoje.
-- Ah, vamos no Axé, então -- digitou Ana.
-- Axé? Vai ser nesse final de semana? -- eu, como sempre, o maior desinformado de festas ever.
-- É, amanhã e domingo!
-- Eu acabei de te falar que eu 'tô podre por causa da festa de ontem! E você vem e me chama? -- Mas eu queria te encontrar, então eu vou! -- eu disse, de brincadeira, claro.
-- Ah, imagina, obrigada! [smiley do MSN envergonhado]

Na nossa conversa, a letra mais digitada foi "k", pois ríamos de qualquer bobagem que eu falava. entendeu minha piada?  Enquanto isso, liguei para o meu irmão que mora aqui, e pedi que ele comprasse o ingresso para o Axé. Quando Ana me disse dessa festa, eu pude imaginar que ele já comprara o dele, pelo menos. Dez minutos depois, ele me confirma a compra do ingresso.
-- Ah, ótimo! Depois a gente combina direitinho de a gente ir lá, tá? -- e ela me passou o número do celular.
-- OK.
Eu achei que seria a maior dificuldade ever a gente encontrar, pois estaria bem cheio. Fui surpreendido por uns braços que me puxavam o pescoço.
-- O-oi, Ana!
Depois de um tempo, ambos high, ela me veio com um papo... estranho:
-- Nossa, se você souber como anda minha vida amorosa! O "caboco" me vem e pede em namoro com menos de uma semana que a gente 'tava junto! Onde já se viu?
-- Ô louco! Ih, fi'a, se você soubesse da minha também... daria pra escrever um blog livro!

Pronto, 'tá aí nossa solução: tanto fail junto não tem como ficar pior!


-- Para de me deixar na curiosidade! Conta logo, beijou quantas lá? [...] Como assim, zero a zero? -- Fernanda me repreendia, por MSN. -- [...] Larga de rodeio que eu preciso sair, tenho que ir pra faculdade daqui a pouco!
-- Ah, tá bom, prontofalei: por um acaso você quis que seu melhor amigo e sua melhor amiga... ? Confesso que pensei, mas eu não quero repeteco da história da Clara.

Aguardem novos episódios posts...