quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Sou mais eu!

Eu falei sobre errar no tato no último texto. E eis que eu acabei por cair na minha última história memorável até o momento.
Em 2008, eu comecei a estudar francês, e Clara*, minha amiga e caloura, já havia estudado a língua. Eu pedi ajuda a ela para fazer um trabalho: uma espécie de seminário sobre três regiões da França. Tudo em francês, óbvio.
Nesse mesmo ano, eu presidi a organização de uma semana acadêmica, e Clara era uma das pessoas que estavam na organização. Durante o evento, eu deixara claro que não organizaria a próxima edição dessa semana, pois eu não teria tempo para isso. Eu me preocupei bastante com a minha "equipe", pois eles organizariam essa semana enquanto estivessem no terceiro ano, o mais difícil do meu curso. É muita sobrecarga. Eu a senti na pele, e não queria que eles sentissem o mesmo.
Eu achei que a pessoa mais indicada para presidir a próxima Semana seria ela, pois era a que menos estava com atividades fora do curso, e que ela poderia muito bem conduzir a equipe.
Mas eu tive um sonho.
Nesse sonho, ou melhor, pesadelo, eu estava em um hospital, não como paciente, mas como acompanhante de uma enferma (sim, ela) com uma crise de pressão baixa seguida por uma parada cardíaca. Acordei com o bipe do monitor cardíaco latejando na minha cabeça.
Eu estava MUITO preocupado com ela. 'tá bom, eu confesso que eu tinha uma "quedinha" por ela, depois de ver que tínhamos muita coisa em comum, e que la langue française fait mon coeur battre plus fort...
Resolvi (tentar) falar com Clara. Eu não consegui falar com clareza, muitos pensamentos pipocavam ao mesmo tempo. Mas eu disse que eu estava muito preocupado, por causa do estresse de se organizar uma semana daquele porte; e falei que eu achava que, apesar de tudo, ela tinha que presidir a organização.
Até que eu me expus a ela. Tentei beijá-la. Inutilmente. "Nós somos amigos". A clássica resposta. Em inglês, até virou sigla: LBJF (let's be just friends).
Eu tentei reconstruir nossa amizade durante quase um ano, fazendo-me sofrer muito. Eu fiz um esforço muito grande para não me anular, mas por dentro eu estava em cacos.
Conversei com outras pessoas, para saber o que elas achavam. Disseram que eu agi certo, mas que eu tinha que investir mais.
Depois do meu segundo "fora" e de um texto-diário com 17 páginas (sim, meu hábito de escrever não é novo) contando o que se passava entre nós, das minhas expectativas, dos nossos encontros, eu resolvi cuidar mais de mim: apaguei os textos do meu computador, rasguei a versão impressa e joguei no lixo. Praticamente um ritual de descarrego.
Chega. Eu caí na zona da amizade, et c'est tout. Não tem volta.
Eu realmente queria que tivesse dado certo. Eu acho que posso ser uma boa companhia, um bom namorado. Mas eu não vou me submeter à humilhação. Love by grace não.



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