domingo, 27 de junho de 2010

Cinco anos

Sentir saudade de coisa boa é fácil. Os amigos de São Carlos, da universidade, das festas - é claro! Duvido que alguém não fale que não sentirá saudades disso. Por outro lado, nossos cinco anos aqui em São Carlos não foram só flores.

Duvido que alguém confessará que sente saudade de quando teve, pela primeira vez, que se virar para manter a casa. Eu, pelo menos, não tinha máquina de lavar no meu primeiro mês em São Carlos, e não contratava diarista por nada nesse mundo. Sim, nos primeiros finais de semana, lá estava eu no tanque, ou com a vassoura em punho. Lerê, lerê...

O clima maluco dessa cidade? Piorou! Saio lá de Minas Gerais, do coração do cerrado brasileiro, e venho pra essa cidade que não decide se faz frio, se chove, se faz calor, ou se acontece tudo isso no mesmo dia. Em um intervalo de menos de uma hora.

Ah, é! Nisso eu aposto, e bem alto: ninguém vai encher o peito e falar que sente saudades das noites em claro, por conta dos planos de estudo - famosos planos de estudo! -: Juscelino Kubitschek (50 anos em 5), Jack Bauer (resolva seus problemas de estudo em 24 horas!), Serginho Groismann (até Altas Horas) ou mesmo Roberto Baggio (na decisão, só chutar pra cima)!

Todas as questões polêmicas acerca da comissão de formatura, da minha saída não tão voluntária do PET, dos tantos "nãos" dos processos seletivos de estágio, da dura, mas mais que acertada decisão de fazer mestrado...

Mas sabe de uma coisa? Só de pensar no ano que vem, em que tudo será diferente, em que nada disso será parte da minha rotina...

Não dá um apertozinho no peito?

domingo, 20 de junho de 2010

Pra falar de tolerância (de novo)

Eu tava esses dias na faculdade, numa das salas onde tinham computadores, e uma amiga, a Débora* que vai odiar seu pseudônimo, queria porque queria mostrar um e-mail pra uma outra amiga dela, a Viviane*.
Era aquela piada do grupo de amigas papa-hóstias que se orgulham dos seus filhos, conhece?

- Meu filho é padre, e todos da paróquia pedem a bênção a ele.
- Já o meu é sacerdote, e todos o tratam como "Sua Excelência Reverendíssima".
(...)
- Ué, amiga, e o seu filho? Não é religioso?
- Então... meu filho tem 1,90 m de altura, olhos verdes, um corpo de dar inveja e, quando ele passa, todas falam "Meu Deeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeus!".


Só que... digamos que o email era... ilustrado.


E digamos que Viviane é um tipo de pessoa bem "fechada"; um pouco grossa, talvez. Não que ela não seja agradável, mas toda vez que a gente conversa, ela reclama que está cansada, que tem um monte de coisa para fazer, etc.

Enfim, eu achei a cena mais irônica e engraçada do mundo a mudança de comportamento dela.
Antes: entrada toda esbaforida na sala de computadores, Viviane way. Reclamando do cansaço, das provas infindáveis, e tudo mais.
Depois [que ela viu as fotos que ilustravam da piada]: Silêncio.

- *suspiro* Aí sim, hein, Dé?
Até o ar ficou mais leve.

O que a falta de homem solteirice aguda não faz, não é verdade?

Daí eu, mais uma vez, parei pra pensar: ela se fecha de uma forma, ao ficar reclamando da vida...! E eu, não faço a mesma coisa?


... é isso. Enquanto eu não deixar ninguém entrar aqui dentro, nem um grãozinho de areia - intruso, incômodo -, eu não vou poder fazer a minha pérola.

sábado, 12 de junho de 2010

Feliz dia das crianças?

Eu queria escrever um texto melancólico, lamentando o fato de hoje ser o vigésimo primeiro dia dos namorados que eu passo solteiro.
Tentei inspirar o niilismo ao reler meus lamentos do passado e escutar músicas fossa.

Charles Aznavour liderou minha playlist. Não estranhem esse lenço e esses gestos! Tem a ver com toda uma história... Tradução bem porca da letra aqui.

Charles Aznavour liderou minha playlist [2]. E aqui, de novo, a tradução tabajaresca.
(alguém me dá de presente o DVD desse show? Eu sei que deve ser uma peça rara no Brasil, mas I'd love!)

No entanto - olha só! -, eu não consigo. Claro, eu ainda sinto falta de ter alguém com quem poder comemorar não só o doze de junho, mas também com quem brindar à vida.

(já volto, permitam-me duas divagações...)
Divagação #1
No feriado, eu fui no casamento do meu primo, e, novamente, eu era o único desacompanhado dentre os maiores de 15 anos da minha família. E, claro, aquele vazio, aquela sensação horrível de sentir os olhares acusativos (ou, em alguns casos mais incisivos, as palavras acusativas pois é) dos meus parentes...

Divagação #2
Daí eu estava lendo os tweets, e um conhecido disse que foi assediado ontem no baile do brega. Posso confessar uma coisa? Além da Fabiane, acho que nunca fui assediado; se é que eu posso considerar isso um assédio.
Por que será que eu nunca fui assediado?
Eu nunca fui de fazer muita brincadeirinha boba, e desde tempos me julgava "maduro demais pra minha idade", desde os verdes anos. E olhava com desprezo àqueles que "se comportavam feito moleques". Agora sim, eu entendo: eu fui o culpado de todo o bullyingEu reclamei da intolerância, mas eu é que fui um intolerante.

Juntando as duas...
É isso: eu vou ser criança de novo. Na medida do possível, c'est claire: não vou ficar de traquinagens pueris, óbvio. O que eu quero dizer é que eu vou, from now on, vou tentar recuperar a tolerância que não tive nos verdes anos.
Aí sim, eu vou deixar de ser o único maior de 15 anos desacompanhado nas festas da família.
(é óbvio que eu não quero estar acompanhado só pra "fazer social". Cês me entenderam.)

Por que eu nunca parei pra prestar atenção nessa música, por mais que eu a conhecesse?
Lyrics e tradução here.

Feliz dia dos que souberam ser crianças. Aproveitem o doze de junho.