terça-feira, 8 de setembro de 2009

Uma nem tão curta sobre minha bevidade

Em 2007, fui a um "congresso" em Curitiba. As aspas são de sentido fortemente irônico, pois os organizadores, estudantes nem um pouco preocupados com o tecnicismo de um congresso, realizam esse evento que se resume a uma festa que dura sete dias. De fato, existem os cursos e palestras, mas são poucos os foliões (ops, congressistas!) que assistem a eles. Mesmo sabendo disso e sabendo que eu não me sentiria à vontade, fui.
Em uma das festas, um conhecido me parou na festa. "Como que você não chegou naquela menina lá, do seu lado? Ela estava te dando o maior mole!", ele disse. "Hã?" foi a única coisa que consegui pronunciar.
E eis que essa pessoa, em um tom sério, me questiona se sou gay. Disse para eu não me preocupar, porque sempre tem gente "assim" com quem eu possa "conversar" naqueles lugares (tente imaginar o tom mais irônico ever! Pois é, foi mais irônico que isso).
Não, não achei ruim de ele perguntar isso. Não, não sou gay. Só acho que essa situação foi consequência da minha falta de... feeling pra coisa, digamos. E, por ninguém nunca ter me visto com pessoa alguma, seja XX ou XY, todos preferem pensar pelo mais burlesco. Não o culpo por isso.
Mudando de assunto, mas nem tanto:
Havia raras pessoas nos mini-cursos, eu inclusive. Em uma das sessões do mini-curso, eu não estava suportando ficar acordado, e resolvi tirar um cochilo de 10 minutos que fossem.
De repente, eu levo um tapa fortíssimo na cabeça. "No intervalo eu te explico", cochichou. Consenti em silêncio e continuei a prestar atenção no curso.
"Tu 'estava' fazendo um barulho enquanto dormia, e fiquei com medo de que o professor ouvisse.", explicou-me.
Foi o sono mais estranho que eu tive na minha vida. Eu tenho certeza que eu estava escutando o que o ministrante falava, com clareza. Mas eu estava RONCANDO! Como?
Conversei então, com a esbofeteadora gaúcha, como pude perceber pelo sotaque e pela cuia de chimarrão, sempre à mão. Amanda* até me ofereceu o chimarrão, mas eu brinquei, falando que era melhor eu tomar café, para me acordar, e agradeci. Era uma pessoa muito agradável, nossa conversa no intervalo do curso fluía bem. Não era uma beldade arrasa-quarteirão, mas também não era nenhuma espanta-tubarão.
Enfim, encontrei Amanda na fila para entrar em uma das festas, se não me engano era a penúltima. Nós conversamos mais um pouco. Depois de um tempo, ainda na fila, ela apoiou seu braço no meu ombro. Usando o outro braço, era fácil de ela me abraçar.
Entramos.
Eu, mais nervoso que noivo no altar, não soube o que fazer. Pessoas, levem em conta a minha "bevidade", a minha caipirice e uma péssima auto-estima; que, juntas, não poderiam associar o tapa na cabeça, a conversa no intervalo do curso, o braço sobre meu ombro, com qualquer potencialidade. Não ficamos. Tudo porque eu não soube interpretar os sinais.


Descobri tarde demais quem era a pessoa sobre a qual me disseram no outro dia.


A minha maior lição desse congresso? Não foi sobre a indústria do silício metalúrgico ou sobre six-sigma, tema do curso que Amanda e eu participamos. A maior lição desse congresso foi: existem mulheres que podem, sim, querer ficar com um ex-obeso, que foi jocosamente chamdo de Japança no colégio (junção da minha ascendência e do meu porte físico àquela época); cicatrizado por estrias no corpo todo, por consequência da perda muito rápida de peso; um quê de nerd, talvez. Desde que haja uma sintonia natural entre as partes.


Ainda estou na condição da bevidade. Nem por isso eu não "gostei" de alguém. Não deu certo em nenhuma das vezes, pois, nas raras vezes em que resolvi pôr as cartas na mesa, eu errei no tato, e perdi a oportunidade.
Desde meus tempos verdes, achava e ainda acho que é muito vazia essa coisa de ficar com alguém e nem ao menos lembrar o nome dela no outro dia. Não seria muito melhor se eu me lembrasse da intensidade, da pele, do fogo interior? Não quero só contar mais uma pessoa na lista das peguetes.
Eu quero alguém pra lembrar a vida toda, mesmo que não seja para durar para sempre.

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