quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Sempre ela, a intolerância

Por que é tão difícil fazer alguém acreditar que eu não quero o que quase todo mundo quer?


Desde tempos, eu já me via diferente dos outros. Sabe, enquanto aquela molecada na escola amava as aulas de educação física -- a fase em que toda energia é pouca! --, eu adorava matemática. No colegial, todos ignoravam a física e a química, enquanto eu as idolatrava, apesar de odiar o fato de os professores apelarem para a palhaçada, tentativa inútil de fazerem os alunos gostarem da matéria.
Resolvi fazer engenharia. "Ah, meu Deus, tem que gostar para fazer". Por acaso alguém faz medicina, direito, administração, biologia, ciências sociais, letras, enfermagem, terapia ocupacional, psicologia, artes visuais, música, seja-lá-que-curso-der-na-telha-do-colegial sem gostar? Enfim, eu acho que foi uma das escolhas mais acertadas que fiz na minha vida. Simplesmente não me vejo fazendo outro curso de graduação.

Agora, perto da reta final, estive procurando por estágios, como já bem falei por aqui. Participei de dez processos seletivos. Recebi o "não" de nove deles. O último, EU dispensei. Fiz uma extrapolação estatística (ou um silogismo, diriam os filósofos), só isso. Já que eu sempre era dispensado logo depois das dinâmicas de grupo, e essa era a próxima etapa, logo eu seria dispensado, right?
Sei que foi um pouco de exagero da minha parte, mas existe outra razão bem forte para isso.
Pode ser bem verdade que eu "não tenha o perfil que a empresa procura". Ainda bem. Serviu pra alguma coisa toda essa loucura.

Eu fiz pesquisa em IC, e simplesmente a-do-rei. Outra escolha que eu acho que foi muito bem acertada foi a de procurar fazer IC. Tamanho é meu gosto pela pesquisa que eu consegui uma premiação nacional na área. A-do-rei também ser monitor de Cálculo 1. Só não fui monitor em outras disciplinas porque eu não tinha tempo.
Pronto, decidi: vou virar pesquisador. Professor? Em se tratando de Brasil, os centros de pesquisa estão, na sua grande maioria, nas Universidades. Portanto, professor por tabela. E com orgulho.

Mas por que é tão difícil alguém acreditar que existe alguém que queira virar professor de engenharia?

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