terça-feira, 3 de abril de 2012

Imprevistos

Eu escrevo porque preciso organizar minha cabeça. E cá estou de novo.

Achei que dei um passo firme, bom, ao conseguir resolver o problema da bolsa que não sai. Bom, deixa eu contar do começo, mais fácil de entender:

Ainda não saiu - até agora não acredito que ainda estou esperando resposta. Porém, surgiu meio que de surpresa outra oportunidade pra eu finalmente começar o doutorado. Valor menor, mas quatro anos de doutorado garantidos e num ritmo mais tranquilo em relação à outra, que são três anos só. Porém, por questões financeiras e pessoais (cês bem sabem o quanto eu não quero mais ser o filhinho da mamãe), eu ainda quero a outra bolsa, maior, mesmo que sejam só três anos e que seja um trabalho um pouco mais sob pressão.

Porém meu orientador não concorda. Ou pelo menos eu entendi isso: se nesse meio-tempo eu receber um parecer positivo, mesmo assim ele quer que eu fique com a bolsa de quatro anos, abandonando a que eu tanto quero.

Até agora estou por entender o porquê da mudança de opinião dele! Antes, há uns seis meses ele falava: "você tem perfil pra esse tipo de projeto", "seu histórico da graduação e do mestrado são bons pra isso" etc., etc. Agora ele me vem e me fala que "se você quiser assumir o risco [de ter um ano a menos, de não ter tempo folgado para escrever artigos e prestar concursos], o problema é seu"? Como assim?

Mas não, não vou pensar nisso agora. Vou esperar o problema acontecer pra que eu discuta a questão com ele. E essa foi a decisão que achei que tinha sido sensata, levando em conta meu péssimo defeito de querer antecipar tudo, que dê tudo certo; mas sentir uma frustração enorme, beirando à ansiedade, caso dê um detalhezinho fora dos planos. Foi um primeiro passo. Importante.

E estava realmente feliz com essa decisão. Decisão de deixar pra me preocupar depois que o problema aparecer.

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Daí me surge uma vida nova, literalmente. Minha mãe me dá um toque no celular, subentendendo-se que era pra eu abrir uma vídeo chamada pela internet.

Manuela. A japonesinha meio alourada de um ano e dois meses.

Minha sobrinha.

Sim, toda aquela história agora tem um final: o resultado do exame de DNA saiu, e deu 99% de probabilidade de que a paternidade é positiva.

Primeiro passo pra ficar pra titio, done.

Ninguém me cumprimentou. Primeira coisa que falaram foi pra que ela me mandar um beijo pro titio.

Eu não tive tempo pra me acostumar com a ideia ainda. Não com o fato de eu ser tio, mas com toda a falsidade alheia só pra proteger a Manuela. Eu concordo com protegê-la, ela não tem culpa nenhuma. Mas de repente meu irmão vira um santo porque descobriu ser pai de uma pulada de cerca? Não, não, isso não entra na minha cabeça! Definitivamente não entra.

Mas quem sou eu pra falar alguma coisa? Afinal, eu e a Manuela temos em comum o fato de não termos sido planejados.

Realmente, esse mundo dá voltas mesmo.

A semana mal começou e aparecem dois imprevistos! Tenho que ter força pra enfrentar tanto uma banca de mestrado quanto uma criança de um ano e dois meses.