sábado, 24 de setembro de 2011

Transcendental

Ou seja, nessa enrolação, nessa conversinha de chinês, nesse lenga-lenga, a gente se pega, mas ela está se apegando. Moi, nem tanto.
Talvez seja próprio dos homens se sentirem acuados quando ouvem um "amor mío" sussurrado em um hálito incandescente, excitante; mesmo que seja somente ao cantar Labios compartidos, que está tocando no computador. Talvez seja próprio dos homens se sentirem acuados quando ouvem o caso de quando ela foi à ginecologista e, ao responder sobre ter um namorado, ela dizer que sim; mesmo que seja somente para simplificar à médica algo que nem ela sabe do que trata, mas acha que sabe. Mas certamente não é próprio dos homens sãos não quererem continuar, mas irem levando "de barriga" [principalmente de barrigas coladas uma à do outro], só por causa de um possível medo de fazê-la sofrer. E sofrer com isso.
Seria muito mais fácil eu ser cafajeste, pisar bastante, esnobar, não fazer ela ter cinco orgasmos em uma noite ser egoísta e wham, bam, thank you ma'am. Não adianta, eu não consigo.

Agora, será uma meta. Terminar esse... esse... essa coisa entre mim e a Di é uma decisão que transcende o campo dos relacionamentos. Por mais que possa doer em mim agora ou logo depois, é um investimento de longo prazo. Não quero mais brincar de guardar mágoa própria pra evitar a alheia. Assim como um pouquinho de álcool pode fazer bem, um pouco de egoísmo também faz.

Não vai fazer sentido pra ela, eu sei. Só faz sentido aqui na minha cabeça. Nem pros que sabem desse meu segredo vai fazer, então que se foda.

Explicação, é claro que eu vou dar outra. Quem é que já não contou mentirinha ou outra?

domingo, 18 de setembro de 2011

Longa história


[Leia este post primeiro.]

Mas daí ela, insistindo muito, me convida "pra ir comer um bolo na casa dela". Eu, acreditando que era só visitar mesmo, fui. Não porque queria, não porque estava com vontade.

Já viu, né.


Um sixty-nine, um squirt. Eu, dois; ela ficou me devendo três.

- Você foi na festa do Tusca? - meu colega de apartamento, que não é mais o Carlos*, me perguntou., logo que pisei em casa, às quatro da tarde do outro dia.
- Então... é... errr - respondi, com mais rangidos que uma porta enferrujada. - Não exatamente, mas é longa história.

E ficou por isso mesmo.
Eu tento, juro que falo pra mim mesmo: não quero, não dá, não tá certo isso! Mas a gente se encontra e tudo incendeia...

Longa história. Tão longa que eu não estou vendo o fim.

Documentos

Semana passada foi a formatura do Gabriel*. Voltei pra casa, fiquei lá uma semana.
Voltei feliz, mas com uma ideia fixa na cabeça: eu não quero continuar nessa enrolação e não quero mais me encontrar com a Di.
Eu sei que é de assustar, ainda mais depois de tudo isso que a gente passou junto, do que eu escrevi. Sim estou curtindo, mas é que não dá, não sei explicar. Os dez anos de diferença pesaram aqui: logo logo ela vai ter terminado o doutorado, e eu mal vou ter terminado o mestrado.
Também tem o fato de ela ter que fazer uma viagem internacional de quase 5 meses daqui a pouco tempo. Não adianta, eu sei que distância mata. Nem me venham com mimimi clichê - já vi muita gente teorizando sobre isso e um mês depois já tinham terminado relacionamento de mais de anos. À distância, pra piorar. Quanto mais um casinho ridículo desses.

Ressalto: não estou falando aqui que eu tô querendo "aproveitar a vida", porque eu nunca fui de esbórnia, cês bem sabem. Aliás, daqui a pouco eu escrevo uma coisa sobre isso.

No terceiro ou quarto dia que eu estava em casa, Di me mandou uma mensagem no celular. Ia responder meio que por educação, só - querer responder, mesmo, eu não queria. Ah, tudo bem, daqui a pouco eu respondo. Quinze minutos depois, a bateria do meu celular acaba. Ah, tudo bem, eu ponho pra carregar e...
Ops! Cadê o carregador? Ih, está a 280 quilômetros daqui, esqueci em São Carlos. Ah, tudo bem, eu respondo pela internet. Daí minha casa fica sem internet pelo resto da semana.
Ótimo.
Na mensagem: "Pessoa ingrata, nem dá notícia, nem um oi! (...)", dentre outros assuntos aleatórios.
E desde quando eu devo dar notícias? Nem pros meus amigos eu fico avisando se eu estou fazendo coisa x ou y, por que eu deveria? Não me sufoque. Não preciso ficar documentando meus passos.
Deixa eu querer fazer isso. Quando eu quiser fazer isso, pode ter certeza que aí sim temos um compromisso.
Engraçado, isso: dar liberdade pra que o outro se sinta na obrigação de contar como foi seu dia. Já escrevi sobre isso antes.

Na formatura do meu irmão, duas grandes decepções, ambas tendo a ver com meu primo Felipe*. Não sei se foi porque ele namorou sete anos e depois terminou, mas hoje ele é um recém-formado bon vivant: gasta quase inteiro o já abastado salário dele com luxos: baladas regadas a bebidas caras, carro esportivo importado, eletrônicos não tão essenciais.
Felipe trabalha na região de Belo Horizonte. Ainda assim, viajou mais de 600 quilômetros só para ir para a formatura do meu irmão.
Decidiu assim, de sopetão: estou saindo de BH pra formatura. Causou vários problemas quanto à quantidade de convites, à ida das pessoas pra formatura, tudo. Acabou por fazer meu irmão comprar um convite em cima da hora, preço lá nas alturas.
A cereja do bolo? Desacompanhado. E sem avisar pra namorada.
Ele sim teria que avisar. Não perca seu tempo em me falar que ele veio pra comemorar a formatura porque eu sei muito que não é esse o motivo. E ele perderia a oportunidade de uma balada com três garrafas de whisky, uma de tequila e uma de vodka importada  [sim, meus irmãos são uns sem-noção] de graça, fora outras bebidas comuns aos outros convidados? Never!
Tudo isso sem nem sentir a cara queimar.

Não que tenha que ser uma obrigação "de documento", mas teria que haver uma... uma... vontade de querer avisar, pelo menos.

E é justamente isso que eu acho que aconteceu entre mim e a Di: não existe ainda essa vontade. E ela atropelou. E eu desanimei muito.
Sei que é muito egoísmo da minha parte querer terminar o que aconteceu com a gente por causa disso - afinal, eu também fiz isso - atropelar as coisas - no começo.

Mas daí...

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

I'm in love

É, eu não tenho que escrever só pra desabafar. Resolvi escrever hoje só porque eu estou... feliz.

Já me perguntaram se eu estou namorando. Já me mandaram, de brincadeira, um link de "Love's in the air" no Youtube. Não, não acho que esteja in love with her. Com as ideias mais assentadas na cabeça, estou levando, deixando acontecer; como Montesquieu me ensinou bem. Ao mesmo tempo, não sei definir o que é isso. Me ajuda aí:

A Di e eu, quando nos encontramos por acaso, nos corredores do departamento, conversamos como se fôssemos bons amigos. Via internet, perdemos a vergonha e combinamos programinhas bobos, sair pr'algum barzinho, comer e beber alguma coisa. Toda vez, termina under the sheets.
Da última vez, ela seguiu diquinhas dazamiga, com certeza. Mais vontade, mais ardência, mais fogoum corpete alucinante, um espelho... Até aconteceu um pequeno acidente por causa dessa... dessa... querência voluptuosa.

Ela não é assim, não foi natural. Tá, aquela amaciada no meu ego, claro: ela está tentando me conquistar. Pelo sexo, o que pode não ser uma estratégia boa. Afinal, eu não sou um moleque que acabou de perder a virgindade.

...

...

Tá, tá, eu sei que sou, mas cês entenderam.
Enfim, voltando: ela está tentando me conquistar. Ou seja, eu sou um bom pedaço de mau caminho... estaria eu, então, sentindo estes efeitos?

Não foi só a Di que fez essa reviravolta em mim. Foi o fato de eu ter me tornado mais vaidoso, mais preocupado (que ironia!) com saúde, bem-estar - corrigindo desde os dentes até a circunferência abdominal. Se todo esse bem-estar, essa felicidade comigo mesmo culminou nela, foi uma mera questão de consequência.

Tudo indicaria que sim, estou apaixonado. Apaixonado? Só se for pela vida.