sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Predestinação


Eu não sei porque eu ainda alimento esperança: sempre que eu to me sentindo bem "demais", como nesse dia, vai existir alguma coisa para me fazer sentir muito, mas MUITO mal.
Como hoje.
Não, não estou com ressaca da festa de ontem. Pelo menos não alcoólica -- eu não consegui levantar da cama hoje de tanta dor nas costas e nas pernas. Adoro quando as pessoas me desapontam, sabe? Adoro quando as pessoas têm tanto bom-senso que se oferecem para ajudar ao perceberem que eu e mais quatro pessoas estávamos há QUINZE HORAS trabalhando na festa, abaixando até o chão a caixa térmica para pegar as bebidas. Literalmente, eu dei meu sangue por aquela festa -- estou com um corte na mão esquerda, feito pela lataria da caixa térmica.
Comentei com uma dessas pessoas, que também estava havia essas quinze horas, que minha vontade era de pegar um mísero palito de fósforo aceso daqueles maconheiros filhos da puta, que não deixavam a gente ir embora, porque queriam ficar mais na festa que já tinha acabado, e fazer um lança-chamas bem no meio do cu deles com um desodorante de aerossol que estava na minha bolsa.
Dor física? O quê? Isso existe? Perto disso, não é nada (suponho que comentários são dispensáveis: trabalhando por quinze horas, quando é que eu tive tempo?)


Ah, eu contei a última? Então. Foi assim: eu estou fazendo uma disciplina sexta-feira de manhã (sim, estou matando aula agora), e essa mesma disciplina é oferecida na segunda-feira à tarde. A primeira prova dessa disciplina aconteceu para a minha turma antes do que da turma de segunda. Daí, alguém da minha turma teve a brilhante ideia de copiar e mandar para o e-group de todos os alunos do meu ano a prova para que as pessoas da turma de segunda se guiassem para "estudar" (haja aspas: estudar para uma prova um final de semana antes? Convenhamos...). Carlos é da turma de segunda, e alguns dos amigos deles, que vieram estudar aqui em casa, também. Como eu havia feito a prova, eu falei para eles como eu fiz. Daí, foi minha vez de ter a brilhante ideia de mandar minha resolução da prova.
Fui retaliado.
Sim, de fato, eu reconheço que minha resolução já não estava perfeita, aliás, quem sou eu para isso? Mas para as pessoas escreverem OITO mensagens do tipo "é, o Gringo errou isso", ou "a resolução do Gringo está errada"? Façavor... Detalhe: dessas oito mensagens, sete eram de pessoas que já tinham feito a prova, portanto não precisariam estar estudando essa disciplina naquele final de semana. Ou seja, foi  só para mostrar "olha só como sou mais inteligente que o Gringo".


E qual é a utilidade da prestatividade? Acho que deve servir só para percebemos que nunca satisfazemos ninguém. Paciência tem limite.
Estou procurando estágio, e as empresas de RH fazem o favor de sempre dizerem "Vocês receberão resposta, positiva ou negativa". Algumas esperas vão fazer aniversário, se continuar nesse ritmo. Exemplos: uma empresa em Campinas não me responde faz um mês e meio; outra em São Paulo, dois meses. Uma aqui perto disse que até dia 23 deste mês me daria resposta (detalhe: amanhã é Halloween). Outra falou que "na semana que vem" (que seria há quinze dias) responderia.
Sim, eu acho que vou virar um estagnário no ano que vem.


É isso, eu estou predestinado. Predestinado a não ser reconhecido, de todas as formas possíveis: pelo empenho, exemplificado no tempo trabalhando na festa; pelo altruísmo, na resolução da prova; pelas minhas competências, nos processos seletivos de estágio.
O tiro de misericórdia é o meu reconhecimento como homem, que também dispensa comentários.


Ainda bem que pelo menos como filho ou como amigo de uns bem poucos eu sou reconhecido. Eu vivo bem, tenho dignidade. Eu ainda tenho que ser grato por isso.

Alanis Morrissette - Offer
Who, who am I to be blue?
Look at my family and fortune
Look at my friends and my house
Who, who am I to feel dead?
And who am I to feel spent?
Look at my health amd my money
And where, where do I go to feel good?
Why do I still look outside me
When clearly I've seen it won't work?
Is it my calling to keep on when I'm unable?
Is it my job to be selfless extraordinaire?
And my generosity has me disabled by this:
My sense of duty to offer.
And why, why do I feel so ungrateful?
Me who is far beyond survival
Me who sees life as an oyster
And how, how do I rest on my laurels?
How dare I ignore an outstreched hand?
How dare I ignore a third-world country?

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Cafajeste por acidente

Eu cortava e rubricava as fichas para as bebidas da cervejada de amanhã, quando Clara (sim, ela mesma) entrou na sala:
-- Gringo, a festa lá da sua comissão começa que horas mesmo?
-- A partir das 6 da tarde -- respondi -- e vai além!
-- Ah, sim, era isso que eu queria saber. Pensei que ia ter hora pra acabar porque, como vai ser no palquinho... A gente [ela e as amigas de apartamento] estava pensando em ir lá, mas perto das dez.
Eu senti uma pontada por dentro. Tudo bem que já rolou muita água por debaixo da ponte, mas e se Lígia e eu...vocês entenderam, Clara vai olhar para mim com que cara?
-- Legal... passa lá! -- respondi, voltando a rubricar as fichas.
Por um lado, seria muita cafajestagem da minha parte se eu olhasse para Clara por cima do ombro de Lígia, mas um cruzar de olhos pode ser inevitável e completamente mal-interpretada. Par contre, é um jeito de afirmar que I'm not that into you.
Sabe o que é o pior? É que, no horário em que Clara chegar, eu sei que estarei no bar no mesmo turno que Lígia, ou seja, é bem possível que ela nos encontre together.

Situaçãozinha complicada, falaverdade!

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Ahumor #3: O gato

Duas rapidinhas:

"Querida, eu não ronco, eu ronrono!" (marido, em resposta à reclamação da sua mulher)

Essa é piada idosa já, mas nunca coube tão bem neste dia, que acabei de voltar de São Paulo: Casamento é igual à Paulista: começa no Paraíso e termina na Consolação...

Comidas e pegadas: o paladar alimentando o coração

Adoro cozinhar, sabe? Não sou lá tão íntimo dos utensílios de cozinha, mas é relaxante, quase terapêutico. O segredo de uma ótima refeição são os detalhes: aparência, bons ingredientes, aquela medida que só dá certo se a gente faz e aprende "na mão" (sempre que eu cozinho medindo "tantas xícaras disso, tantas colheres daquilo", dá errado; é incrível!). Muito se aprende só com a experiência, muito pode ser lido ou aprendido pelo que ouvimos dos outros, mas uma coisa é certa: o que garante a unicidade de um sabor é aquele toque que reflete a felicidade de quem prepara a refeição. Já diria aquela propaganda: o segredo é o amor.

A adstringência inaugura o paladar -- as notas acentuadas de um bom vinho são convidativas para um momento a dois. O bouquet clama por ser inalado, o perfume exalado do colo convida uma cabeça para repousar ali. O calor do vinho subindo às maçãs do rosto, uma embriaguez leve, que faz esquecer o mundo, louco mundo. Só existem nós dois. Aqui. Agora. Para sempre.
Sal é essencial -- aquela pitadinha de ciúmes é saudável, e não mata ninguém. Aliás, é necessária. A sensação de "eu te quero só pra mim, tá bom?" é indescritível.
Pimenta é ótima também -- capsaicina combina com vários pratos, desde carnes até chocolates. Um olhar eu-quero-te-comer-agora, aquela pegada máscula e inesperada, forte, mas não bruta. Breathtaking. Ela pede mais e mais, com os olhos lânguidos. Olhos que se entregam, bocas sedentas que clamam pelo encontro, corpos maliciosos que clamam pelo encontro...
Fogo, então, nem se fala! Rara e sem-graça a receita que não vai ao fogo. Meus braços que se enlaçam em seu dorso nu, os seus que enlaçam meu pescoço, mãos puxando meus cabelos, seu corpo de mulher pedindo pelo meu corpo de homem...
Doce é bom -- é o sabor que mais se destaca; a sobremesa encerra uma refeição completa. Um carinho, demonstração sublime de amor, daquela que nos deixa light-hearted. Os corpos se encaixam e se declaram, exauridos. Satisfeitos. Unidos.

domingo, 18 de outubro de 2009

Ahumor #2: Paradoxo

Stress? Cansaço? Nervosismo? Ansiedade? Que nada... quer coisa mais que broche tão irreversivelmente do que o próprio orgasmo masculino?

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Texto enjoadinho


Juro que não forjei este post lendo antes isso -- foi pura concidência eu ter postado o Ahumor hoje e eu visitar o site e ler essa crônica. E, claro, me motivei a discuti-la.
Confesso que me prendi até o fim! Muito bem-escrita, deixando aquele gostinho de curiosidade... Por mais que o autor tenha sido rechaçado nos comentários, eu preciso confessar uma coisa: ele está certo. Felizmente ou infelizmente, daí fica a critério de cada um.
[Leia o texto linkado antes porque vou fazer spoils!] Eu acho que é felizmente que Sall, autor do texto, está certo. Entendi que ele quis dizer que o casamento é uma "morte", mas tinha que existir umas vivalmas que interpretariam essa morte como o término de uma vida de gandaia solteiro, e xingaram o autor de todas as formas, alegando machismo da parte dele.


Imagine só, em vez da marcha nupcial, a fúnebre!

No tarô, a carta número 13 é a carta da morte. Ela não significa a morte em si. Na verdade, ela está relacionada também à renovação, ao rejuvenescimento. É esse tipo de morte que o autor quis dizer, eu acho, mesmo que eu não saiba se ele entenda de tarô eu não entendo. O casamento é uma revolução na vida de qualquer pessoa. É uma nova vida. E, para essa nova vida, é preciso "morrer" antes. Já diz um provérbio que cada escolha é uma renúncia.
Desculpe-me o empréstimo, Vinicius de Moraes, mas é totalmente cabível:

Esposa... esposa?
Melhor não tê-la!
Mas se não tê-la,
Como sabê-la?


Ninguém casa sem querer fazê-lo, conforme eu mesmo disse no meu primeiro Ahumor. Todo mundo reclama do comodismo que os anos de casamento trazem; no entanto, continuam casados. Se o sacripanta quis "morrer", a opção foi dele, oras. Ninguém pode ter duas vidas.


Ahumor #1: Cas(g)amento

Casar e cagar, quer coisas mais semelhantes não só na grafia? A gente sabe muito bem o que está fazendo, mas sempre dá aquela olhada para trás para ver o que fez...

(Vou fazer uma espécie de posts à la Twitter com frases irreverentes sobre relacionamentos, ok? Estreando nova série no blog: Ahumor!)

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Aguardem-me...

Na comemoração do aniversário de Vinicius*, um amigo, eu era o único desacompanhado dentre nove pessoas. Percebendo o fato cômico de eu ser o único solteiro da roda, eu o declarei, entre risos:
-- Nossa, se vocês tivessem falado que era o dia de encontro dos casais, eu nem vinha! -- ironizei.
-- Verdade! Agora que eu reparei -- disse Sidnei*, que divide apartamento com Vinicius, ambos amigos comuns entre mim e Carlos -- Bem que a gente precisava arranjar uma "senhora Gringa", hein? Falaí, Gringo, tem preferência? Loira, morena? Eu sou suspeito pra falar que prefiro morenas -- disse Sidnei, enquanto ele fazia um carinho na sua morena, Andréa*.
-- E eu as loiras -- disse Carlos, abraçando Priscila.
O melhor disso é que eu não me senti o castiçal do dia, mesmo que todos estivessem acompanhados. Como que pode caber tanta felicidade em mim, mesmo nessa situação constrangedora? É, um pouco de álcool faz milagres...
É, minha gente; pena que eu já tenho planos! Daqui a um mês a gente conversa...

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Planos para a noite #3 - O look certo

Falei aqui de quando eu estava très chic pra uma formatura e me lembrei de falar desse detalhe que, para alguns homens, é totalmente supérfluo, mas que faz uma diferença enorme para elas: a roupa certa.
Das duas, uma: os homens ou não têm um guarda-roupa muito bom, resumindo-se a camisetas básicas e jeans; ou têm um tão grande que, na hora de escolher, se atrapalham e demoram mais que as mulheres para se arrumar. No fim das contas, os donos de mega-guarda-roupas pegam aquela camiseta pólo de sempre. Nem preciso falar que os dois DETESTAM comprar e, principalmente, procurar uma roupa legal nas lojas, né?
Não estou aqui para discutir gosto de ninguém -- quem sou eu para fazer isso? Mas vou falar das peças coringas e ao mesmo tempo incomuns do meu guarda-roupa, que é dos mais compactos, mas nem por isso incompleto:

Calça/bermuda "esporte-fino" de sarja nude: É versátil, pois pode combinar muito bem com uma camiseta básica, estampada não-me-perca-na-neblina, pólos, etc.; ao mesmo tempo, ela foge do lugar-comum do jeans. Tanto a calça quanto a bermuda tem bolso faca -- aquele que é reto, quase vertical. Parece um detalhe bobo, mas isso dá um look social, mas por não ter o vinco típico das calças dos ternos (você sabe que vinco é esse, né?), fica mais descolado.
Pólos: essas são coringas em qualquer guarda-roupa masculino, fala sério! Mas dentre as que eu tenho, uma eu acho mais... especial, digamos -- ela é escura, de manga longa  e não tem punho "careca" como a maioria das pólos que se veem por aí; e sim, punho normal de camiseta. Na época que eu comprei, era difícil achar pólos de manga longa; hoje, nem tanto. Daí, eu a uso um pouco "arregaçada", como se fosse uma camisa 3/4. O caimento dela, levemente ressaltando o peito e os braços, é parfait!
Cinto de lona: eu tenho dois, um deles é uma faca de dois gumes. Ele é azul, vermelho e verde-farda, e tem ilhoses. Mas eu juro que ele não é brega! Claro que eu não o uso com qualquer roupa -- prefiro o cinto de lona preto para as camisetas não-me-perca-na-neblina. Os dois têm fivela tradicional. Fivela street, não, por favor... ou pelo menos eu não acho que fica bem em mim.

Para os dias frios (por que roupa de inverno é tão mais bonita que de verão?):
Cardigãs e golas roulé: Outras que estão no limiar entre "estilosa" e brega, as blusas de gola roulé que tenho são ambas mais justas e de cores sabiamente escolhidas levando em conta as calças que tenho (uma das golas roulé é uma vermelha e a outra é preta). Sobre os cardigãs, tenho um cardigã amarelo que está meio abandonado, coitado, e outro azul marinho, que uso mais. Os dois vão muito bem com uma camisa clara, para um conjunto pouco mais chic, ou com pólos também claras. Acho que camisetas desvalorizam os cardigãs, a não ser que...
Cachecol: peça abominada pelos homens! Mas um look bem-feito com um cachecol é super charmoso. O único que tenho é preto e curtinho, e pouco usado. Eu meio que ganhei esse cachecol do Paulo*, um dos meus irmãos -- ele só usou durante uma viagem que ele fez para o RS, e o abandonou na gaveta. Como a cidade onde eu moro hoje é muito fria, eu adotei o cachecol abandonadotadinho. Eu sei que é muito difícil combinar, mas já fiz um look legal com o cachecol e o cardigã amarelo.

Calçados: eu não tenho muita opção, mas tento combinar looks casuais com tênis de couro branquíssimo se bem que ele está um pouco sujinho, ou com sapatênis baixinhos de couro nude, ou um par de tênis bem offroad, verde-farda (se fosse de cano alto, eu poderia falar que é uma bota!); ou looks mais chics com sapatos italianos (mega-bicos!) marrons ou pretos. Eu até uso bastante o sapatos, ao contrário da maioria dos homens, sempre nos mesmos tênis surrados.

E last, but not least, perfume: tenho dois, mas acho que eles são tão diferentes que são complementares: um é o Quasar Fire, d'O Boticário, e o outro é o 300 km/h, da Avon. Este é bem cítrico, "esportivo"; ótimo pro dia. Aquele é intenso, sensual; eu só o uso à noite para acender o fogo interior... Aceito sugestões e presentes de perfumes!

Claro, tudo isso vai muito da ocasião, da companhia da soirée, etc. Mas que eu peco pelo excesso... isso eu faço, e assumo sem dó! Se eu conseguir algumas fotos minhas, eu posto, ok?

Décimo primeiro mandamento: não casais com a primeira... ?

Li hoje aqui depoimentos de homens que se preparam para casar ou que já são casados com suas primeiras namoradas. Gostei do tema e vou pôr lenha na discussão.
A geração filha da década perdida (os atuais vinte e poucos anos) não poderia deixar de honrar sua década: é uma geração confusa pela transição de valores em que ela se encontra. De um lado, a modernidade sedutora: a geração perdida se encontra nos bares, boates, bacanais. Sexo na primeira noite é o grito da libertação das amarras do pensamento retrógrado da época da vovó. Homens provam sê-los conquistando seu harém semanal; mesmo que, para isso, eles joguem para debaixo do tapete suas responsabilidades. Conforme eu mesmo disse antes, tudo é válido, até auto-destruição em nome da infinitude do dia de hoje.
Do outro lado, o sonho do príncipe encantado. Revolução feminista? Faz-me rir... ela só apareceu para masculinizar o pensamento das mulheres, que algum dia vão buscar seu lado Vênus -- a tal da carência afetiva, o maior espanta-namorido já inventado. Alías, namorido por si só já é uma expressão de mulher carente.


Ah, por favor, não estou questionando aqui e nem é meu propósito levantar argumentos sobre o fato de uma mulher hoje "poder".

Onde está, então, o ponto de equilíbrio? A geração nascida da década perdida ainda o está, pelo jeito.
Respeito. Simplesmente o valor indelével.
Quer cair na gandaia, dar suas furunfadas? Vá lá, se esbalde. Mas respeito é bom e eu gosto. Meu Deus, maior reunião de gírias idosas ever! Nem todo mundo quer extravasar do seu jeito. Ah, tá, desculpa, você então é mais caseiro, tranquilo. Ok, mas não herde a intolerância das épocas passadas contra quem não seja do seu jeito.

Falei, falei, falei e fugi do tema. Nem tanto. Eu fico no segundo grupo, caindo seriamente no risco de infringir o mandamento do título. Se eu guardo o sigilo da bevidade, é porque eu sei que a geração atual, apesar de todas as suas "modernidades", é intolerante com isso.
Eu aguardo com paciência o dia especial. O dia em que não haverá sigilo a ser guardado. Agora, se desse dia resultar uma história natimorta ou uma "linda e saudável", só o tempo irá dizer.


Uma das cenas que mais me tocaram em um filme... Atenção especial à musica Only time, de Enya.


A chave de tudo é essa: respeito. Sabendo respeitar o outro no relacionamento e, principalmente, a si mesmo, não há porque ele dar errado. Respeitar em todos os sentidos: os gostos, os sentimentos, o espaço, as vontades -- satisfazê-las não deixa de ser respeitar o sentimento do outro, não é verdade? --, etc. Havendo esse clima de respeito mútuo, não há espaço para se cogitar terminá-lo. Perceba que eu até agora não falei se é no primeiro, no segundo ou no quinquagésimo oitavo relacionamento.
Minha resposta ao mandamento não é minha, é de Enya.

Who can say where the road goes, where the day flows? Only time.
And who can say if your love grows as your heart closes? Only time.
Who can say why your heart sighs as your love flies? Only time.
And who can say why your heart cries when your love dies? Only time.
Who can say when the roads meet? That love might be in your heart?
And who can say when the day sleeps, if the night keeps all your heart?
Who can say if your love grows as your heart chose? Only time.
And who can say where the road goes? Where the day flows? Only time.

sábado, 10 de outubro de 2009

Viva la vida!

Nossa, senti saudades do blog hoje! Faz tanto tempo que eu não escrevo... Bom, talvez seja por eu estar completando minha vida. Realizei mais um objetivo notável, apesar de parecer bem bobinho.
Ontem, voltando da aula de francês, estava me sentindo bem, apesar de cansado: eu ouvia uma música legal no mp3, e estava voltando para casa sabendo que teria que programar várias coisas: viagens para os processos seletivos de estágio, estudar para as provas, essas coisas de sempre. No caminho da escola até em casa, há várias farmácias, e em uma delas resolvi subir na Juíza da Boa Forma.
Minha bochecha até doeu do tamanho do meu sorriso quando a Juíza me disse "oitenta e cinco". Não acredito, cheguei no peso que eu queria! Tudo bem que uma barriguinha ainda está meio saliente, mas minha nossa! Priceless!
Mas que felicidade é essa por saber que está pesando 85 kg? Oras, nesse peso, meu IMC (aquela continha conhecida para saber o peso ideal sabendo-se a altura) fica 25, o limite superior.
Limite superior, eu sei. Mas gente!, eu já cheguei a pesar 109 kg e usar calças 54! Hoje, uma calça 42 fica "folgadinha"...
Um brinde a mim!

Pois não.
Fomos a um bar super legal que tem perto de casa. Não para brindar à minha forma, obviamente; foi só um jeito cômico de encaixar meus pensamentos à ocasião. Ontem mesmo, um grupo de amigos combinamos de ir a um bar antes mesmo de eu me dar essa ótima notícia. Nós conversamos muito, rimos muito; nos divertimos, enfim. Eu contando ainda com essa felicidade a mais.
Pedi uma caipirinha de morango. Bebida de mulher, eu sei, mas eu não não sou muito fã de cerveja, e eu queria beber algo que me desse prazer.
Quando provei do primeiro gole, um transe, uma lembrança, um dia muito especial.

A primeira vez que eu tive uma iniciativa mais... incisiva... com a Lígia*. Trabalhamos juntos para organizar a formatura (ela é de outra comissão de formatura; nós vamos formar em três cursos diferentes). Nós fomos a uma formatura, a convite de uma empresa que queria fechar negócio conosco. Roupa très chic: estreando meu blazer, gravata azul escura cintilando em um peito também azul, porém contrastante com a gravata, vinco imaculado na calça social, sapatos estilo italiano lustrados no dia. Eu até tirei foto de mim mesmo pra guardar. Modéstia à parte, eu estava impécable.
Lígia estava em um vestido violeta lindíssimo. Contrastava com seu colo alvo de um jeito super sexy.
Bebíamos champagne com morangos -- daí a lembrança. Estava muito bom o baile de gala, mas Lígia não estava com uma expressão muito boa. Eu já estava processando o que falar.
Friozinho na barriga? Mais fácil falar de ter nitrogênio líquido no estômago!
-- O que foi, Li? Parece que você não está gostando da festa...
-- Ah, é que eu estou um pouco cansada de ontem -- de fato, ontem tínhamos ido ao mesmo lugar, para o jantar da formatura.
Lá vai, seja o que tiver que ser. Mão passando em volta da cintura, boca colada ao ouvido...
-- Queria eu fazer alguma pra animar essa carinha triste...
Ela deu uma risadinha, corando.

Não me lembro do que eu fiz depois. Que nós ficamos, eu tenho certeza que não. Eu queria mesmo saber por que eu não consigo me focalizar quando eu estou nesses momentos!  Meu Deus, como eu fui burro de novo! Igual àquela vez da Amanda!
O que me deixa mais inquieto hoje foi saber que houve outra oportunidade única com a Lígia de novo! Em um dos churrascos que organizamos para arrecadar dinheiro, ela, já um pouco high, subiu na caixa térmica, de onde nós das comissões estávamos retirando e servindo as cervejas, e ela me chamou para subir junto e cantar. Confesso que eu também estava um pouco high, e subi. Mas a caixa não estava lá tão estável. Mesmo assim, subi e cantei junto com a música e com ela, para delírio da galera alcoolizada vizinha ao bar improvisado. Eu até lembro de Carlos me olhando com cara de "que COISA é essa?".
Mas eu não poderia deixar de fazer idiotice nessa vida. Minha falta de foco não poderia deixar de me atrapalhar de novo: eu já a segurava novamente pela cintura,  mas eu reclamei da instabilidade da caixa e desci.
Que falta de foco! Que ódio de mim mesmo!

Juro, da próxima vez, eu não vou deixar escapar! Anotem aí na agenda: dia 29, a partir das 18h, faremos uma cervejada lá na faculdade, e faremos o mesmo sistema de bar do churrasco exceto o fato de que não vai ser open bar. Lígia vai estar lá também. Li, me aguarde... eu não vou deixar outra oportunidade passar.
Um brinde a mim! Um brinde à vida! Um brinde... a nós.

domingo, 4 de outubro de 2009

"Perca" 12 minutos da sua vida com "Placas"

Eu já conhecia esse vídeo, que é simplesmente perfeito. Só não havia pensado nele depois que comecei o blog. Deixe carregando (é um pouco grande, 12 minutos) e, enquanto isso, vá lendo.

Contei na última postagem sobre o excesso de liberdade de Carlos*, e pensei que ele só daria muita risada da minha cara, se ele lesse o post. Ontem, havia uns amigos no quarto dele. Estavam tocando guitarra e rindo, e iriam jogar em rede nos computadores, grupo ao qual eu me juntei mais tarde. Naquele mesmo post, eu contei do que se passou, segundo minha visão, ou melhor, audição.
Sei que esse último parágrafo pareceu desconexo, mas o que eu quero dizer é que ele é feliz. Eu o invejo um pouco. Claro, uma inveja boa - eu o invejo porque ele com certeza sente a vida dele completa, e eu sinto um vazio aqui dentro...

Houve um momento em que eu cheguei muito próximo desse "nirvana". Foi no final de julho, quando participei de um congresso de iniciação científica de nível nacional. Apresentei meu trabalho no dia 29, um painel. Eu achei que havia apresentado bem, mas nada fora da média.
Na manhã do dia 30, foi o encerramento do congresso, em que haveria a cerimônia de premiação de trabalhos.
- O trabalho premiado na área de Operações Unitárias e Sistemas Particulados, ou melhor, oS trabalhoS, são quatro. Foi uma escolha difícil, pois os trabalhos estavam com um nível muito bom (...)
E eis que a presidente da organização do congresso anuncia, dentre outros trabalhos, o meu. Tamanha a minha incredulidade, eu precisei confirmar no livro de resumos se o código E8-P28 realmente era o meu trabalho, por mais que ela tivesse lido o título e o nome dos autores.
Fui até a frente do auditório receber as congratulações e o prêmio, que eram um livro relacionado à área de pesquisa e um certificado da premiação. Entretanto, como foram quatro premiados e um único livro, ele foi sorteado. Não ganhei o livro, mas pouco importa. Nunca senti tamanha sensação de trabalho feito. Aquela foi, sim, a representação máxima da minha capacidade como pesquisador.
Borboletas no estômago. A cadeira daquele auditório nunca me pareceu tão confortável, agora que eu não estava sentado sobre ela, e sim, de frente a tantos olhares. Eu sentia falta dela.
Ou melhor, delaS: a cadeira, e a pessoa para me falar ao ouvido:
- Não entendo exatamente o que representa essa premiação, mas eu estou muito orgulhosa de você. Maior do que essa sensação de plenitude que você está sentindo agora é o meu amor por você.

Eu não mereço tanto - realização no campo amoroso, no campo acadêmico-profissional... o que mais eu poderia querer? Amor, obrigado, esse prêmio também é seu: pelo apoio, pelo carinho, pelo amor, enfim... Eu te amo também.

Depois de sair do auditório, meus olhos foram ofuscados pelo sol forte, não dando tempo para meus óculos me protegerem antes disso. Meu esforço hercúleo e silencioso de segurar as lágrimas foram em vão.
- Tudo bem, Gringo, pode chorar agora, eu sei... - disse Marina*, uma amiga que também fora ao congresso.

Não, você não sabe o porquê dessas lágrimas salgadas. Queria que elas tivessem adoçadas - o sabor do amor.

... é isso. Agora, eu sei o que me falta nessa vida.
Carlos se sente tão bem, tão feliz, tão... completo, e a razão disso é que ele tem Priscila, os amigos, a família, as responsabilidades - por que não? -, a vida, enfim.
E eu não tenho minha "Priscila". Não, não tenho desejo algum pela "Pequena" dele, como eles chamam um ao outro. Acho que vocês me entenderam.

Pronto, acho que agora, o vídeo já deve ter carregado. Assista a ele e entenda o porquê de eu ter achado o vídeo perfeito. Será que é porque eu me identifiquei com Jason?

sábado, 3 de outubro de 2009

Intimidade e seus dois resultados

Sabe de uma coisa? Eu acho que dividir apartamento com o Carlos* está sendo uma coisa boa. Em janeiro próximo vai fazer dois anos que dividimos apartamento. Eu estou aprendendo a ser um pouco mais tolerante. Mas depois do que aconteceu ontem à noite e do que está acontecendo agora, enquanto escrevo, eu tive que parar para pensar em o que é ser tolerante com as intimidades.
Eu não ligava para os barulhos que eu ouço com frequência vindos do quarto dele - respirações profundas demais, rangido da cama, estalidos de beijos ou vindo de pelo menos uma boca, se é que me entendem, tapas, alguns gemdinhos, etc. Mas eu acho que hoje de manhã, o Carlos atravessou a linha tênue entre ter intimidade e faltar com o respeito.
Estou escrevendo meu texto ao som de estalos de tapas vindos do quarto dele, de porta fechada. Ele acabou de sair do quarto dele só de cueca samba-canção com um volume um tanto suspeito.
Tudo bem, todo homem acorda com uma ereção que dependendo pode até ser dolorida, de tão forte, e eu não fico atrás sem piadas infames, por favor. Já ouvi várias razões para que isso aconteça: os corpos cavernosos se enchem de sangue porque assim o esfíncter da bexiga, que normalmente está muito cheia depois do sono, fecha - fato vulgarmente conhecido como "tesão de mijo" -; ou por causa do relaxamento dos músculos da região pélvica durante o sono, que permite um melhor fluxo de sangue para a região. Enfim, explicações anatômicas à parte, o fato é que o falo acorda túrgido. E há maneiras e maneiras para que disfarcemos e desfaçamos essa inconveniência. Uma cueca mais justa e uma bermuda folgada, e uma ida rápida ao banheiro para urinar, por exemplo. Simples assim.
Mas ontem à noite ele fez a mesma coisa - sair do quarto dele de samba-canção com o falo ereto - e eu sabia que ele estava com a namorada dele, a Priscila*. Foi até a cozinha rapidamente e voltou com uma garrafa de água pequena. Ela ficou no quarto.
Conforme eu falei, eu não ligo para os barulhos, que sucederam, é óbvio. Mas pô, ele poderia muito bem ter me poupado da cena de vê-lo "naquele" estado. Duas vezes.

Por isso que eu falo sem piadas infames com a homografia do verbo falar, por favor: intimidade gera duas coisas que começam com F - filho e falta de respeito. Daqui a pouco ele está me chamando para filmar.