domingo, 20 de dezembro de 2009

A origem do amor platônico

Estava eu conversando com uma amiga, a Isabela*, e me veio o clique para escrever sobre um tema um tanto delicado: o medo de demonstrar algum afeto, mesmo que sem second intentions.
Diriam os psicólogos (né, Fer*?), sociólogos, filósofos - sei lá - que o homem, a partir do momento em que decidiu viver em sociedade, precisou de regras que delimitassem o espaço de cada um. Estão aí vários teóricos que discorrerão por páginas e páginas sobre isso. Desculpem-me, não conheço quais. Fer, me ajuda?
Não sei se estou sendo original quanto a essa ideia, mas uma coisa que eu pensei durante essa conversa: a intimidade é como uma volta à barbárie, então: a partir do momento em que nos tornamos mais próximos de qualquer pessoa, nós vamos ficando mais espontâneos, sentindo-se mais "em casa". Ou seja, gradualmente recuperamos nossa liberdade primitiva.
No entanto, um medo ainda fica: elogiar essa pessoa próxima sem soar como um xaveco, conforme a Isabela disse. Medo de quê, afinal?
Medo de não ser correspondido. Nós somos um pouquinho egoístas, bem lá no fundo da nossa mente. Nós é que queremos ser elogiados. Queremos nos certificar que a opinião que os outros têm de nós mesmos é boa.


"Não me importo com o que os outros dizem de mim". Bullshit! Auto-afirmação sucks.

E nós, suplicando inconscientemente pela atenção do outro, nos jogamos num amor platônico.
Para as mulheres, é até "bonitinho" quando ela está into someone. Harpas celestiais tocam quando ela o vê.
Ele não me dá atenção! Quem é aquela baranga do lado dele? Ai que raiva!
Ai que delícia é estar apaixonada! Aiquelindoooooow!


"Peço tanto a Deus para esquecer! Mas só de pedir, me lembro"


Agora, para um homem, é tratado como ridículo. É piegas, é coisa de mulherzinha. Pô, cara, que belo chá de buceta ela te deu, hein?
A vida em sociedade impede que o amor se manifeste da forma mais verdadeira e pura possível. Por isso, assim que arranjamos nosso espaço, tratamos logo de criar o mundo onde "só há nós dois". Nosso segredo. Nosso infinito particular.


segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Minha primeira loucura [2]


Ponha pra tocar e vá lendo...

Logo depois do almoço, saí para procurar o tal endereço. Confiança lá nas alturas, assim como meu pensamento, voando em encontro ao dela. Na rua de cima, eu já não conseguia sentir o vento úmido, minhas mãos sentiam falta do sangue correndo nelas. Frio, só o glacial no meu estômago.
A casa verde, de estilo antigo, era intimidadora, apesar de sua simplicidade. É um sobrado, em um bairro tipicamente residencial. Menos "central" do que meu apartamento, mas nem por isso muito afastado. Foi arriscado eu andar essa distância e talvez nem ter ninguém em casa, mas uma janela no andar de cima estava aberta.
Duas vezes o botão verde no celular. Vamos, dedos, vocês conseguem. É fácil!
Meu peito estava por arrebentar a qualquer instante. Não. Atenda. Por. Favor! Preciso me acalmar antes de qualquer coisa!
- Sua chamada está sendo encaminhad... [clic~]
Ufa.

Calm down, deep breath. De novo, vamos lá. Quatro toques e...
Oh sh*t. Um carro branco vira para entrar na garagem. O irmão da Alice. No susto, desliguei o aparelho e sorrateiramente tomei o caminho de casa.
Tem alguma coisa batendo na minha garganta, guess it's my heart.


O my God, me ferrei!
- Alô?
- Oi, quem fala?
- Ah, é-é-é o Gringo*. Com quem e-eu falo?
- Aqui é o Júlio*. Você ligou pra esse número?
- E-eu devo ter e-e-enganado de número.
- Ah, tudo bem.

Muitas emoções para um dia só. Melhor eu voltar pra casa. O irmão dela quase me flagra na porta da casa, e o pai dela me liga, investigando as ligações estranhas na tarde de domingo. Tragicômica foi a minha ansiedade e minha gagueira repentina. E meu desconhecimento de um identificador de chamadas no telefone fixo da casa de Alice.
Nem por isso eu não faria tudo isso de novo. Mas que esse foi o fail mais engraçado até hoje... ô, se foi!

Minha primeira loucura [1]

Acordei às oito e meia sendo que cheguei em casa às quatro e meia. Loucura? Bem possivelmente. Ainda estou enxergando meio embaçado, sem os óculos e com a cara amassada do travesseiro. Estou agora incrível e completamente sem sono. Feeling the butterflies in the stomach, y’know... Calma, que eu já explico o porquê. Aliás, nem tão "já" assim.


Conversei com Alice para combinarmos um horário para irmos. Acabei por conseguir uma carona dela.
Antes de irmos ao baile, tive uma conversa muito agradável e motivadora com a Fer*, minha eterna amiga e eu, seu eterno confessor. Relembramos histórias do passado, recebi elogios inesperados. Mais lighthearted que ontem, só se...
Alice me ligou falando que atrasaria um pouco. Já esperava por isso. Mulheres... Adoram nos deixar na expectativa! Meia noite e meia eu tô saindo de casa. Tudo bem, sem problemas.
Atraso de mais de vinte minutos depois da meia-noite e meia. Liguei. Fiquei preocupado, achei que poderia ter acontecido alguma coisa. Ah, não, foi só que eu dormi demais, desculpa. Já já eu passo aí.
Eu redefini minha concepção de breathtaking quando entrei no carro. Dissimulei meu encantamento; afinal, não éramos só nós no carro. Inclusive, o irmão dela dirigia. Pois é, eu acho que talvez não fosse cair muito bem.
Não era exatamente um vestido, mas uma peça única preta acetinada que consistia de um short e uma blusa com um decote vertiginoso e alucinante, as costas também abertas mostrando um soutien com strass. Brincos simples, mas o brilho deles só não se comparava ao dos olhos nigérrimos logo ao lado deles. A única maquiagem em seu rosto era um batom, que, aliás, nem parecia estar lá. Um rabo-de-cavalo bem simples emoldurava-a o rosto. Suas pernas brancas até reluziam na escuridão do carro, e insistiam em me tragar os olhos e em lhe preocupar as mãos para não mostrar partes indevidamente.
Fiz muito esforço, maior que o costumeiro, para olhá-la nos olhos somente [piada interna!]. Era inevitável. Perdoe-me, leitor; mas sou homem, after all.

Não encontramos os nossos colegas da comissão de formatura à primeira instância.
– Ah, olha só, não é a Jaque* ali? Só um minutinho, Alice.
Jaqueline*, minha veterana, estava com alguns amigos, aos quais fui apresentado.
Ela me cochichou, e apontou para Alice, disfarçadamente. Ela me olhava um pouco espantada, não sei.
– Namorada?
– Não, não – eu respondi, encabulado, com um sorriso amarelo. Bem que eu queria que fosse...

Vamos comer alguma coisa? Estou com um pouco de fome, Alice disse. Sim, daí enquanto a gente anda pelas mesas, a gente talvez encontre a Gabi.
Gabriela* era a outra pessoa da comissão de formatura que estava no baile, mais seu namorado.
– Engraçado, a Jaque me perguntou se eu era seu namorado!
Rimos sincronizados. Aqueles cílios se fechando, olhos curvados em um sorriso...


Aprecie a letra dessa música, principalmente! Super propícia...

Minha técnica para encontrar a Gabi não deu certo ainda bem. Mas ela acabou por nos abordar na nossa mesa de jantar.
Escutei por tabela uma conversa:
– Ai Gabi, ontem, que nem estava tão cheio assim, eu vim toda produzida! Hoje... ah, olha esse brinco, super simples! Nem lavei meu cabelo de ontem pra hoje, de preguiça; daí eu só fiz esse rabo.
– Alice, eu já até te falei isso: quem é linda "ao natural" nem precisa se produzir que fica linda! Não é verdade, Gringo?
– Verdade – e a olhei profundamente.
Discutimos depois sobre a nossa formatura, em relação à que estávamos. Alice estava um pouco blasée quanto a isso, não só por estar cansada, mas também por não estar gostando de uns detalhes naquele baile.
– Ah, Alice, não se preocupe... vai dar tudo certo na nossa formatura! – peguei em seu ombro, de um jeito que transmitisse segurança.

Havia outras comissões presentes, inclusive eu me abalei quando encontrei Clara lá (pois é, a própria!). Foi uma sensação um tanto inusitada para mim. Nunca tive uma ex, mas eu senti como se ela fosse uma. E como parecia que eu estava acompanhado por Alice, conforme a Jaque até me perguntou, foi uma sensação mais estranha ainda.
Tinha também outro cara de outra comissão de formatura. Daqueles que são o engraçado-malandróvski da turma, sabe? Daqueles que se esquecem de que estão arruinando a noite de outrem, por causa de sua... expansividade, digamos. Enfim, ele me fez a mesma pergunta da Jaque. Minha resposta foi a mesma, um "não" meio encabulado.
– Alice, de novo, acredita? Outra pessoa – e apontei para ele, disfarçadamente – me perguntou se a gente é namorado!
Desse jeito eu vou é querer que sejamos!
A mesma risada, os mesmos olhos... ai! Você me enloquece, você bem que merece.

Não, não ficamos. Sim, eu o enrolei até aqui, leitor, para fazê-lo perder seu precioso tempo.
Mesmo assim, não fiquei triste por mim. Porque todas as vezes que nós cruzávamos olhares, eu sentia que havia um quê de reciprocidade, é certo.
Chegando em casa, enquanto me preparava para dormir, o espelho me mostrava uma pessoa confiante. Aquele rosto que estava sendo limpo do corretivo facial se indagava "Por quê, então?".
Quiçá Gabi e Alice tenham combinado aquela conversa.
Quiçá ela também queira.

Tive um sonho. Nesse sonho, eu era plateia de uma palestra em que a palestrante estava muito nervosa. E ela começava a falar de si mesma de uma maneira que mexeu comigo. Humildade e simplicidade comoventes. Arrancou aplausos fervorosos da plateia, meus inclusive.
Por que será que a maneira tão simples dessa apresentadora foi tão emocionante? Humildade também impressiona. Aliás, muito mais que um exibicionismo prepotente. Logo associei a minha simplicidade à apreciação dos outros, conforme a Fer mesmo me disse antes de eu ir à formatura.

Uma loucura. Uma pesquisa rápida em dois sites, e eu faço a minha primeira loucura. Borboletas no estômago!
A primeira pesquisa foi associar um número de telefone fixo a um endereço. Um pouco difícil, mas consegui – ainda bem que eu sei o sobrenome de Alice!
Sim, tire suas conclusões.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Sempre ela, a intolerância

Por que é tão difícil fazer alguém acreditar que eu não quero o que quase todo mundo quer?


Desde tempos, eu já me via diferente dos outros. Sabe, enquanto aquela molecada na escola amava as aulas de educação física -- a fase em que toda energia é pouca! --, eu adorava matemática. No colegial, todos ignoravam a física e a química, enquanto eu as idolatrava, apesar de odiar o fato de os professores apelarem para a palhaçada, tentativa inútil de fazerem os alunos gostarem da matéria.
Resolvi fazer engenharia. "Ah, meu Deus, tem que gostar para fazer". Por acaso alguém faz medicina, direito, administração, biologia, ciências sociais, letras, enfermagem, terapia ocupacional, psicologia, artes visuais, música, seja-lá-que-curso-der-na-telha-do-colegial sem gostar? Enfim, eu acho que foi uma das escolhas mais acertadas que fiz na minha vida. Simplesmente não me vejo fazendo outro curso de graduação.

Agora, perto da reta final, estive procurando por estágios, como já bem falei por aqui. Participei de dez processos seletivos. Recebi o "não" de nove deles. O último, EU dispensei. Fiz uma extrapolação estatística (ou um silogismo, diriam os filósofos), só isso. Já que eu sempre era dispensado logo depois das dinâmicas de grupo, e essa era a próxima etapa, logo eu seria dispensado, right?
Sei que foi um pouco de exagero da minha parte, mas existe outra razão bem forte para isso.
Pode ser bem verdade que eu "não tenha o perfil que a empresa procura". Ainda bem. Serviu pra alguma coisa toda essa loucura.

Eu fiz pesquisa em IC, e simplesmente a-do-rei. Outra escolha que eu acho que foi muito bem acertada foi a de procurar fazer IC. Tamanho é meu gosto pela pesquisa que eu consegui uma premiação nacional na área. A-do-rei também ser monitor de Cálculo 1. Só não fui monitor em outras disciplinas porque eu não tinha tempo.
Pronto, decidi: vou virar pesquisador. Professor? Em se tratando de Brasil, os centros de pesquisa estão, na sua grande maioria, nas Universidades. Portanto, professor por tabela. E com orgulho.

Mas por que é tão difícil alguém acreditar que existe alguém que queira virar professor de engenharia?

domingo, 29 de novembro de 2009

Shall we dance?

Por fazermos parte da comissão de formatura, vez ou outra ganhamos convites das empresas para irmos a outras festas de formatura. E como final e começo de ano são quando há a grande maioria dos bailes de formatura, estamos em um período de vacas gordas.

-- É porque eu não sei em que formatura eu vou, mas eu não queria ir sozinho, também, né? -- Alice e eu conversávamos por MSN.
-- Eu também nem imagino... [risos~]
-- Daí como eu sei que você é daqui da cidade, ficaria mais fácil você ir nas formaturas em janeiro. -- eu disse --. Eu ainda estou para decidir, porque eu já sei que vou ficar aqui em São Carlos em janeiro.
-- Ah, vamooss! -- [sim, ela digitou desse jeito.]
-- Então você me avisa quando decidir, please?
-- Beleza... vou dar uma olhada lá e te falo, ok?!
-- Ok.

Mas não respondeu.

-- Oi! Então, eu 'tava pensando... eu vou na formatura do dia 29 e 30 de janeiro. Vamos? -- eu disse, via orkut.
-- Vamoo! Por mim, pode ser, Gringo!! Beijooos -- [respondeu desse jeito mesmo.]

Eu e minhas metáforas...
É complicado para um homem aprender dança de salão, mais do que para a mulher. Porque ele precisa aprender a conduzi-la. Portanto, precisa aprender não só para ele, mas também para ela. Como, no entanto, o homem aprende a conduzir a mulher na dança? Outra pessoa pode até tentar ensinar, mas depende muito mais dele -- de sua presença, de sua imponência.

Shall we dance, Alice?


O comando da situação deve ser meu. Não vou errar de novo.
Pau na mesa.

sábado, 21 de novembro de 2009

Será? [2]

Bom, eis a segunda parte do post, o tal plus a mais. Tão plus que está bem grande o texto. Sorry de novo.
A terceira festa que as comissões de formatura organizaram foi uma festa junina. Foi muito boa (deixei a barba crescer e fui a caráter, muito engraçado!). Mas deu MUITO trabalho. Muito mesmo: eu quase surtei depois de trabalhar quatro horas incessantes no caixa. Eu precisava parar de fazer conta de cabeça em segundos.
Por causa disso, eu precisava de alguma coisa que eu me mexesse e não pensasse. Troquei então com a Marina, que estava no correio elegante. Claro, eu ficava andando, e por isso, eu via tudo o que estava acontecendo na festa.
Pena que esse "tudo" passou um pouquinho do limite.
Letícia*, da minha comissão de formatura, estava no bar, servindo e bebendo feito louca, o que fazia não dar tempo para ela ficar com o Flávio*, seu namorado, que estava com vários amigos.
Por sinal, o Flávio é a mesma pessoa deste dia, ou seja, já não tenho motivo para ter um pingo de afinidade com ele.
Enfim, Flávio estava mandando vários correios-elegantes em pseudônimo para seus amigos, de brincadeira. Numa dessas andanças, eu estava entregando dois cartões ao mesmo tempo, mas eu tinha só uma caneta. Emprestei uma para ele e fui atrás de outra pessoa, que estava usando uma caneta própria. Peguei o coração de papel com a outra pessoa e fui andando em direção ao Flávio.
Chegando perto dele, seu amigo Lucas* parou na minha frente:
-- Cadê o Flávio? Eu preciso da caneta que eu emprestei...
-- Já já ele entrega -- respondeu. Por um momento, não entendi essa atitude dele, mas quando olhei para o lado...
Flávio estava na pegação forte com outra menina.

Fiquei pálido, paralisado. Choqué. Corri ao caixa, pois era o único lugar em que eu pudesse ouvir meu pensamento.
Lá estava Alice.
-- O que foi, Gringo? Tá estranho...
-- Alice... desculpa... -- eu estou arfando? -- é que eu vi uma coisa... o namorado da Letícia... tava com uma menina...
-- Sério? -- o choque era irradiante no rosto da Alice. -- Nossa, Gringo... espera, senta aqui, acalma...

Depois que eu consegui respirar normalmente:
-- Então, Alice... agora eu não sei se eu conto pra ela. Eu não tenho aquela amizade com a Letícia, mas é muita cara de pau dele abusar do fato de nós estarmos aqui trabalhando feito loucos pra trair a Letícia! Ainda mais assim, na frente de todo mundo! Se fosse para fazer coisa errada, que fizesse a coisa errada de um jeito "certo", oras! Fosse pra um canto que ninguém os visse, e faziam o que quisessem lá! -- senti pulsadas de sangue na cabeça.
-- Ai, Gringo, nem sei o que te dizer...
-- Posso ficar aqui um pouco? Preciso esfriar a cabeça.

Pena que tempo para esfriar a cabeça era uma raridade.
Logo depois, eu tive que trocar de lugar: virei o pipoqueiro da festa. Flávio veio ao meu lado. Ah, lá vem ele...
-- Muito bom, Gringo, a festa tá muito boa! Vocês só não esperavam que fosse bombar desse jeito, não é verdade? -- conversa de elevador? Eu dispenso...
Respirei fundo, troquei minha expressão no rosto por um sorriso satisfeito e disse:
-- Pois é! Olha só essa mesa: eu fiz quatro bolos, fora os outros que as meninas fizeram! Tinha muito doce, paçoquinha e duzentos e cinquenta cachorros-quentes aqui, e tudo isso acabou com menos de duas horas de festa! Agora só tem pipoca e cerveja... e já saímos para comprar cerveja pelo menos umas duas vezes.
-- Fora o trabalho que dá, né? Aí, cara -- e ele apontou para a escala de horários da comissão, que estava colada na parede --, a Lê tá em todos os horários, trabalhando... nem dá pra eu curtir minha namorada!
Se bem que você não deixou de curtir outras meninas, não é? Calma, respira, breathe in...
-- Mas todos nós estamos em todos os horários, só estamos trocando de lugar de tempos em tempos. Repara bem...
Que cara hipócrita! Quem ele quer enganar? A mim?
O bar ficava em frente à barraquinha das comidas, de modo que eu via a Letícia. Sua embriaguez era evidente. Um dos nossos "clientes" estava próximo demais dela. Eu percebi que ele estava com second intentions, mas deixei quieto. Mais perto, mais perto e ele rouba um beijo dela.
Barraco geral. Flávio não estava perto, mas Letícia estava putíssima muito brava com o cara, querendo sair no tapa com ele. Um dos amigos do Flávio (que viu as duas cenas, tanto a da Letícia quanto a do Flávio) segurou a Letícia antes que ela batesse no cara, e o ladrão saiu correndo, com um sorriso malandro entortando sua expressão "olha-como-sou-fodão".
Meu Deus, quem é mais hipócrita aqui? O Flávio ou o amigo dele, que sabia da "outra" e segurou a Letícia? E eu quieto, no meu canto, controlando meus nervos.

Cheguei em casa cedo, como mamãe pediu. Cinco da manhã.
Às 8h da manhã (pois é, nem sei onde arranjei forças), eu tinha aula prática no laboratório, em dupla. Eu não poderia faltar, pois não há aula de reposição sem justificativa, e "festa junina" com certeza não está nas lista dessas justificativas.
Minha dupla é a melhor amiga da Letícia, e percebeu meus nervos à flor da pele quando eu quase arruinei o experimento várias vezes.
-- Gringo, está tudo bem?
-- Desculpe, Dani*. Realmente, eu não estou bem.
-- O que foi?
-- E-e-eu te conto no final da aula, por favor.
-- Tudo bem... que coisa.... -- e continuamos a fazer o experimento.

-- Nem sei se eu devia estar te contando isso, Dani, mas -- as palavras relutaram em sair da minha garganta -- eu vi o Flávio ficando com outra menina na festa ontem.
Claro, Dani me olhou com a maior cara de espanto.
-- Tem certeza que era ele, Gringo?
-- Tenho -- minhas mãos já estavam tremendo, geladas, e minha visão estava turva de lágrimas.

Depois de uma longa conversa com a Dani, eu fui para casa, almocei muito mal e fui à aula de francês. Preciso me distrair, e essa aula vai me ajudar.
Meu celular toca. Não conheço o número, mas atendi no intervalo.
-- E aí, Gringo? -- Flávio.
Associei toda a história por trás da minha distração: Dani e as outras amigas da Lê conversaram entre si, para resolver o que contariam para ela. Resolveram contar para ela, ocultando a identidade da testemunha ocular. Letícia, desesperada, precisa saber quem é essa testemunha. Suas amigas, com muito pesar, soltam a informação, entregue por Letícia com bandeja e lacinho para seu namorado, que a convenceu facilmente que eu era o mentiroso da história. Os pombinhos traidores terminaram juntos e eu, possivelmente, não saio vivo dessa.
Ele tentou conversar pacificamente comigo, perguntando que história era aquela, de eu falar que eu o vi ficando com uma menina.
-- Eu vi. Isso é tudo o que eu tenho a dizer. -- mantive a postura e a pose o tempo todo.
Ele, desconcertado pela minha firmeza, apelou e me xingou de todos os nomes possíveis, inclusive me ameaçando. Sim, ameaçando. Eu até pensei em começar a gravar a ligação, pois existia essa função no meu celular, mas desisti da ideia.

Voltei para casa mais preocupado ainda, e por acaso encontro Carlos, meu colega de apartamento, na rua, também voltando para casa.
-- Carlos, preciso te contar uma coisa. -- e contei tudo isso aí em cima.
Ele ouviu, impassível. Só lamentou por mim e por Letícia, mais nada. Carlos nunca foi uma pessoa tão preocupada com os outros. Nem sei porque perdi meu tempo falando isso. Acho que foi meu desespero.
Eu estava sem saída.
Alice. Ela é a única pessoa que sabe da história e que me resta agora.
-- Gostaria de falar com Alice, por favor? -- tentei ocultar a voz embargada.
-- Quem gostaria? -- a mãe dela, eu acho, que atendeu.
-- Ah, diga que é o Gringo. Obrigado. -- consegui disfarçar bem.
Ela atendeu.
-- Alice, lembra o que eu te contei ontem? Pois é. A história ficou mais cabeluda ainda.
-- Gringo, você está chorando? -- não consegui disfarçar a voz por muito tempo.
-- Sim, desculpa...  -- e contei o restante, inclusive do beijo roubado, que ela não sabia. -- Eu não fiz isso porque eu queria separá-los, mas olha a minha situação agora: ela vai continuar a ser namorado daquele hipócrita, e eu vou ficar como o fofoqueiro da história, talvez perdendo a pouca amizade que eu tenho com a Letícia!
-- Gringo, calma!
-- Ele me ameaçou, Alice! A-me-a-çou! Tem noção do que é isso? Como você quer que eu me acalme? Ele só se acusa mais e mais, pelas atitudes dele! Sabe... eu não conseguiria fazer um tipo de coisa dessa... se é para namorar, que seja coisa séria, não... isso! --  eu disse, com asco nessa última palavra.
[...]
-- Gringo, é sério... descansa, você está com a cabeça quente, ainda vai fazer bobeira.
-- É, eu preciso mesmo... fui o último a ir embora ontem, tive aula o dia inteiro... enfim, desculpa por te fazer de ouvido pros meus desabafos.
-- Imagina, Gringo, precisando, só me ligar. Você tem meus números...

No final das contas, Letícia me agradeceu por eu ter contado, mesmo que indiretamente, a ela toda essa história, já que isso quis dizer que ela pode confiar em mim. Nossa amizade continuou a mesma, e o Flávio bem que tenta ser gentil comigo agora, mas eu só mantenho a frieza, entretanto sem desrespeitá-lo.

Brigas superadas, amizades mantidas. Não é isso que eu quis ressaltar aqui.
Eu não fiz isso com second intentions; mas, depois disso, sem querer, Alice me conheceu muito mais que Clara, Fabiane, Amanda, Lígia. Talvez menos que Fernanda ou Ana, mas isso não tira o mérito do raciocínio que quero fazer aqui. She sees my true colours, diria Phil Collins no meu lugar.


Eu continuarei a mostrar minhas true colours: eu não estou indo ao teatro dela só por ir. Eu gosto de teatro, acho incrível como os atores conseguem "se tornar" outra pessoa.
Eu gosto de cozinhar e de escrever também. Por causa disso, resolvi postar o "Comidas e Pegadas" no meu perfil do orkut, juntamente com uma letra de música irreverente -- mistura inglês e francês, minhas línguas estrangeiras, e ainda fala de amor. Eu estou querendo mostrar minhas true coloursWill she admire them?

Maintenant tu me connais plus que beaucoup de personnes. Si tu veux me connaître um peu plus, moi je vois seulement une manière pour satisfaire ta volonté...

Será? [1]

Alice* também é da comissão de formatura, não a do meu curso, mas a mesma da Lígia. Morena linda, thumbs up. A gente tem trocado umas palavrinhas a mais ultimamente, nada sério. Tivemos algumas reuniões, organizamos festas, essas coisas.
Numa dessas festas, eu fiquei responsável pelo material de divulgação e de fazer as fichas das bebidas. Para evitar desperdício das fichas, eu pensei em não cortar, mas picotar as folhas (igual o talão de cheque, sabe?). Assim, as fichas não-usadas ficam guardadas para outra oportunidade. Daí, eu lembrei uma técnica bem bizarra e engraçada de se fazer esse picote: com uma máquina de costura sem linha. Lancei a ideia no grupo de emails das comissões de formatura, perguntando se alguém conhecia alguma costureira. Alice disse que sua avó era.
Acabei não fazendo isso, mas usei essa informação.
Como eu mesmo disse que estou passando por uma mudança um tanto rápida de forma, eu perguntei a ela, mais tarde, se sua avó fazia ajustes em roupas. Ela me confirmou, mas seus dotes costurísticos eram mostrados só para a família (não nesses termos, obviamente; dê-me a licença poética!), mas que uma tia dela fazia essas coisas.
Bom, fui lá na casa dessa tia dela, (uma senhora muito boa no que faz, aliás), e deixei quatro calças e um blazer para serem ajustados.
No dia em que os busquei (ontem), eu a encontrei no ônibus, lotadíssimo, e ela em pé:
-- Nossa, tá difícil passar aqui, hein?
-- Pois é, Gringo!
Eu disse um tempo depois que estava indo na casa da tia dela, buscar as roupas:
-- Ela é muito rápida! Eu deixei as roupas lá anteontem e ela me falou que estavam prontas agora há pouco!
-- Ela é muito boa. Profissional, né? -- Alice concluiu.
Eu a olhei longamente antes de ela descer do ônibus. Procurei seus olhos por trás das lentes dos óculos escuros. Sorri de um lado só da boca, meio malandro, quando os encontrei.

Os outros três contatos foram todos a ver com fotos no orkut.
Bom, o primeiro foi assim: eu, por acaso fuçando na página dela, e eu vi umas fotos de uma festa. Na verdade, eu, como qualquer homem, fui atraído pela "falta de pano" de uma foto (segundo um comentário), e a falta de um sorriso na foto (legenda: "É, tá difícil foto sem rir! Rs"). Ela está complexada porque está usando aparelho nos dentes, e acha que fica "feia" quando sorri. C'est impossible, mademoiselle.
-- Complexada com o aparelho? Melhor pensar que é um investimento, para melhorar! - eu disse, via recado no orkut.
-- Pois é... mas nunca melhora, né? -- ela respondeu.
Nem sei porque você está usando aparelho...

O segundo contato virtual puxa o terceiro. Alice é atriz, sabe? Ela faz parte de um grupo de teatro. Nada muito profissional, mas nem por isso inglório. Ela postou fotos de alguns ensaios e de quando ela apresentou (um ensaio aberto, na verdade) em um asilo. Achei super legal a ideia, e as fotos dos velhinhos sorrindo só não foram mais priceless do que ela ver esses sorrisos ao vivo e saber que foi ela que os "causou". Mandei um recado parabenizando-a pela iniciativa e pela beleza das apresentações.
O outro foi quando ela divulgou em tudo quanto era lugar na Internet que estivesse ao alcance dela (ou seja, orkut e MSN) que ela fará uma apresentação na Oficina Cultural.
-- Queria ver a peça, viu? Porque pelo menos as fotos estão legais! (aqueles chatos né? [risos]) -- digitei no MSN.
Ela riu da minha piadinha idiota:
-- Vai lá, Gringo! Só aparecer! Sabe onde é a Oficina? -- e ela me indicou o caminho.
-- Nossa, do lado da minha casa!
-- Vai então, Gringo... [smiley piscando]
-- Pode contar comigo! [idem]
-- Ok! Fico feliz, Gringo! -- ela disse. -- Gringo, vou dar uma saidinha, mais tarde eu volto! Mas fiquei feliz em saber que você vai, viu? Beijos...
-- 'magina... Beijo.

Já contei tanta história sem final (ou sem começo, como queiram) aqui que até eu já estou cansando disso. Mas essa história tem um plus a mais, que eu vou contar em outro post.

domingo, 15 de novembro de 2009

A deficiência seletiva

Por eu ter sido sempre obeso mórbido cheinho desde pequeno (e só agora meu peso está aceitável), eu nunca gostava de ficar sem camisa, por razões óbvias: poupar as pessoas e a mim mesmo de um trauma. Ontem, inclusive, eu fui a um churrasco, e o calor dessa cidade, junto à proximidade da churrasqueira, estava insuportável. Mesmo assim, relutei em tirar a pólo rosa que eu estava usando.
Hoje, por outro lado, resolvi me propor uma prova de fogo. Precisava ir ao supermercado e à farmácia, que ficam não tão perto de casa, mas nada que impeça de ir a pé (aliás, eu não tenho outra condução além do Oscar-canhá e da Mercedes de 40 lugares). Resolvi ir topless, mas levei uma camiseta, é óbvio.
Para evitar cruzar olhares ou escutar comentários alheios (estigma do passado), levei meus óculos de sol bem grandes e meu mp3. Je n'écoute pas, je ne vois pas.

Tá aí, descobri uma coisa.
Bem melhor eu abstrair as opiniões dos outros, até porque se eu depender dessas opiniões eu cometo suicídio, com certeza. Bom também é não tentar tirar conclusões a partir de coisas pouco confiáveis, como um olhar dissimulado.

Minha aréola um pouco grande? Não tem como eu diminuir, tem? Então, xapralá.
Minhas estrias bem no baixo ventre? Versão alternativa do "caminho da felicidade" (rá!).
Barriga? Só manter a postura mais reta (o que para mim é uma dificuldade -- 1,85 m e timidez explicam), que ela some magicamente.
Que bom que das minhas pernas eu não tenho do que reclamar.
Cada parte é única. Não existe outro Gringo.

Não tenho abdome "trincado", tórax explodindo na camiseta, bíceps idem. Ainda bem. Não estou incomodado com isso. Se alguém repara demais nesses meus "defeitos", eu sou surdo e cego. Aliás, cega é uma coisa que essa pessoa não é, hein? Falaverdade... Hum...

Regardez-moi, je suis le plus beau du quartier
J'suis l'bien aimé
Dès qu'on me voit, on se sent tout comme envouté, comme charmé
Lorsque j'arrive, les femmes elles me frôlent de leurs regards penchés
Bien malgré moi, je suis le plus beau du quartier, hum, hum, hum
Est-ce mon visage? Ma peau si finement grainée? Mon air suave?
Est-ce mon allure? Est-ce la grâce anglo-saxonne de ma cambrure?
Est-ce mon sourire? Ou bien l'élégance distinguée de mes cachemires?
Quoi qu'il en soit, c'est moi le plus beau du quartier
Mais prenez garde à ma beauté, à mon exquise ambiguïté
Je suis le roi du désirable, et je suis l'indéshabillable
Observez-moi de haut en bas,
Vous n'en verrez pas deux comme ça
J'suis l'favori, le bel ami de toutes ces dames et d'leurs maris
Regardez-moi, je suis le plus beau du quartier
J'suis l'préféré
Mes belles victimes voudraient se pendre à mes lacets -- ça les abîme
Les bons messieurs, eux, ils voudraient tellement m'déshabiller -- ça les obstine
Bien malgré moi, oui bien malgré moi
Je suis le plus beau du quartier


Tá, eu ainda não cheguei a ter essa auto-confiança

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Kaboom!

É muito fácil uma pessoa perder seu "quê" comigo. Não que eu seja intolerante ao extremo, mas eu deixei de invejar Carlos ontem cedo.
Eu fiquei um pouco completamente shocked, quando, na festa da minha comissão de formatura, Carlos me disse que estava solteiro.
Ah, sim; eu já havia percebido que eles estavam mais pra lá do que pra cá, e que a relação deles sempre foi unilateral (mais Priscila que Carlos). Aliás, eles contaram, nessas andanças nossas, que foi ela que "chegou" nele. Além disso, eu acho que às vezes ela sutilmente atropela seu amor por si mesma em detrimento ao seu por ele.
Enfim, não sou eu que vou servir de terapeuta de casal. Eles que se entendam.

Carlos me disse que iria à praia com uns amigos nossos no final de semana em que fui para minha cidade. Como eu já havia me programado, não fui. Não vou falar que ele deve ter aproveitado da sua recém-solterice, mas digamos que foi uma ótima oportunidade... melhor não pensar.
Domingo passado, Priscila veio aqui em casa à noite. Mal ela chegou ao quarto e os fatídicos sons começaram. Foram duas.
-- Ué, Carlos, achei que você tinha me falado que estava solteiro -- eu medi bem as palavras. Isso foi ontem cedo, quando estávamos indo para a faculdade, sem ela por perto, obviously. Aquela jogada de "verde" básica.
-- Pois é... tem coisa que a gente não escolhe -- respondeu, um pouco pesaroso.
Fala sério, essa era a pior resposta que eu poderia ter ouvido.



Foi isso que eu senti na hora.

Priscila, não faça isso com você mesma! Ele só está com você porque convém a ele, ele não te ama! Tudo bem que ele não te traiu, pelo que eu saiba. Isso não é demonstração dos sentimentos dele, é no mínimo o dever da fidelidade.


Tá bom, parei. Vocês que se entendam.

domingo, 8 de novembro de 2009

Repaginada [1]



Não, não foi assim. Tá, não foi totalmente indolor.  Poxa, eu achei que seria muito, mas MUITO pior do que foi. Bem mais intolerável foi a tentativa de pressão psicológica da esteticista, cujo delírio era evidente ao sentir minhas mãos geladas.
Só não esperava ficar com as costas marcadas, parecendo que fui chicoteado por horas. Está aos poucos sumindo, but ainda está bem feio.
Se minhas costas perderem o vermelhidão, eu posso falar que valeu a pena.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Página virada merece outro personagem

Ter voltado para cá me abriu bastante a cabeça. Muita coisa me aconteceu, conforme postei.
Agora, e novamente, e sempre, sou um novo eu. E o Gringo de agora quer mudar seu visual, inspirado novamente por navegadas básicas na internet.
Cansei de tees básicas, de pólos básicas, de calças retas sem barra feita, de tênis esportivos.
Notas de peças que eu pretendo comprar (aos poucos, claro), para dar um up no meu guarda-roupas:

-- Duas calças jeans: uma delas branca véio da gafieira mode on e outra tem que ser BEM escura, mas com as costuras claras, e ambas não tão retas, mas nem por isso skinnies. Cruzes! Como que alguém usa aquilo?.
Aliás, na última compra de peça de roupa minha, a vendedora me falou que eu tinha que dar uma "modernizada" nas minhas calças folgada essa vendedora, né? Mais que minhas calças naquele dia...
-- Óculos de sol "aviador".
-- Sandália de couro afinal, eu quero modernizar ou "recordar é viver"?
-- Mais uma regata fit clara (e não aquelas que sempre me fazem lembrar os cinquentões no bar da esquina de cima de casa, com aquela leve e sutil PANÇA-que-serve-de-fôrma-para-telefone-público)
-- Alguns acessórios, principalmente um cordão + pingente discreto ou pulseira de tiras de camurça. Pensei em um cordão preto com um yin-yang, bem onde as clavículas encontram. Será que combina comigo? Só achando e provando para saber...
-- Boina e/ou chapéu de panamá véio da gafieira mode on #2 Faltou o sapato branco para arrematar!. Sim! E eu rodei que rodei essa cidade hoje, tô com bolha no pé de tanto andar e não achei NENHUM! Nem que fosse para eu achar um que eu não gostasse... NENHUM MESMO!
-- Bata ou camisa de manga curta bem clara, soltinha; para o verão que está chegando.
-- Relógio de pulso classudo, para complementar o que eu tenho, completamente esportivo, apesar de não ser digital.

Não vão entrar aqui: calça skinny, camisa xadrez (não consigo gostar, na boa), bermuda surfer -- se bem que eu preciso de uma sunga legalzinha -- por eu não achar que não "vão" comigo.


Mudando de assunto, mas nem tanto: outro dia, eu perguntei pro meu cabeleireiro, lá na cidade onde eu estudo, o que eu poderia fazer com os malditos pelos das costas (que normalmente eles cortam à máquina depois de um corte de cabelo, engrossando-os):
-- Ué, depila!
[eu com cara de "Eu não vou fazer isso!"]. De fato, eu já raspei, com lâmina mesmo, o peito, a barriga, os ombros e as costas (sim, dei uma de contorcionista), e gostei do resultado, exceto o fato de que também engrossa o fio bagarai e que eu tinha que fazer a cada dois dias.
Ele continuou:
-- Eu depilo lá com a Nádia, na La Maison, e dura mais ou menos um mês -- eu tenho total certeza que ele é gay: roupas "justinhas" demais, corpo malhado demais, é cabeleireiro... já viu, né? Nada contra, please, mas depilar a ponto de ser íntimo "assim" com a depiladora passou do ponto pra mim. Pode até ser homossexual, mas não me venha com bichice, por favor.

E amanhã eu vou pagar pelo mau pensamento: eu me rendi e vou fazer o calvário de me depilar com cera pela primeira vez. Eu ainda estou com um pouco de preconceito de mim mesmo quanto a isso, mas se eu não tentar, fica parecendo criança: "nunca comi e não gostei" não quis dizer isso, seus libidinosos!.
Não contei para ninguém até agora. Sei que não faz sentido eu querer guardar segredo e, ao mesmo tempo, escrever aqui, para qualquer um ler; mas eu uso pseudônimo, mesmo! Então #tantufas.
Amanhã mais à noite eu conto como foi a sessão de tortura.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Ser macho e ser homem: meu insight de indelicadeza

Primeiro, não me leve a mal, please. Já peço desculpas de antemão se eu soar um pouco grosseiro ou irônico. Você sabe o quanto eu a amo.
Eu só estava associando mal as coisas. Eu queria achar algo que ligasse entre estas conversas e essas situações e seu recado no orkut para mim e para a Ana*: repetidos, pedindo ansiosamente por notícias. Nada a ver.
Ana me disse que vocês conversaram. E eu, por causa do recado repetido, estava desconfiado de uma coisa: de que essa conversa foi além do que você me disse ter sido. Mas é só meu olhar afiado demais, investigativo demais. Sorry. Achar pelo em ovo é uma arte.
Tudo isso não passou de um sofisma. Eu não estou nem estive com second intentions, longe disso. Eu concordo com você: seria muito estrago se... you know.
Então, por favor, esqueça o que eu disse. Eu é que devo desculpas dessa vez.

"Micareta não é altar", "Se namorar fosse bom, micareta não bombava", já disseram você e uma faixa que levaram no Axé, respectivamente. Se uma mulher que possivelmente põe o cinto com um bumerangue de tão gorda me arranhou no peito e suas unhas foram descendo, descendo... e eu não fiz nada; então eu só tenho uma coisa a falar:
Enchanté, c'est moi: Gringo. Eu sei que sou diferente. Eu sei que sou recriminado. Exemplos:

  1. "O Gringo numa micareta?", foi o que eu ouvi de Carlos*. Isso porque ele é meu colega de apartamento! Quero nem imaginar o que ele fala nas minhas costas. Muito menos o que as pessoas que não gostam de mim.
  2. Já contei aqui um caso de quando ouvi algo como "Como assim, você é gay?!".

Até você me recrimina por isso -- você prestou atenção no que você me disse? Não, não precisa pedir desculpas, eu aprendi a abstrair isso há tempos. Eu já estou acostumado.
Levando em conta sua escolha profissional, você vai procurar por algum fato do passado que possa ter me feito assim. Eu lho apontarei, então: bullying justamente "naquela" fase da vida. Sexta, sétima série, sabe? Pois é. Era geral: as poucas pessoas com quem eu mantinha algum laço eram por piedade delas. Agora você sabe porque eu, mesmo tendo ganhado uma bolsa de estudos integral pelo colegial inteiro, preferi sair daquela escola.
Eu seria mais respeitado se eu saísse "pegando geral", "passando o rodo", não é verdade? Que forma mais sórdida de se conseguir respeito... Sou mais forte que isso. Eu preciso acreditar que ser Gringo seja vantajoso. Não que eu ache que eu não preciso mudar ou que sou imutável. Eu só quero saber o que é mais respeitável: macheza ou hombridade?

terça-feira, 3 de novembro de 2009

... e reviravolta

Desculpem-me, primeiramente, pelo tamanho do post, mas foi inevitável.
Sexta-feira, logo depois que postei Predestinação, um pedido-relâmpago de recadastramento para um dos processos seletivos de estágio que eu estava participando apareceu no meu email. É uma das empresas que são minhas primeiras opções. Essa empresa alegou que houve uma falha no sistema e que todos os currículos dos matriculados na minha universidade haviam sido excluídos e, por isso, todos haviam sido desclassificados por acidente. Achei uma justificativa muito mal-dada, mas agradeci aos céus pela nova (?) oportunidade.
Uns minutos depois disso, conversei via MSN com uma amiga de longa data: conheço a Ana* desde os tempos de escola. Não, ela não é a homenageada deste post. Eu confesso que ela me intimida um pouco, mas não de uma forma ruim. Mesmo sendo uma pessoa muito "na dela". Mesmo não sendo uma pessoa de temperamento explosivo.
Essa baixinha me assusta.

Enquanto estávamos no colégio, eu me lembrava de quando fomos a dois shows aqui. Um deles foi do Djavan (óunnn) e o outro foi do Leoni (óunnn²). No primeiro, éramos um grupo enorme de pessoas, eu fui mais porque eu queria conhecer mais sobre o cantor. Já o segundo... fomos a Fernanda*, o namorado (atual noivo) dela, Ana e eu (#ui). Estávamos em pé, perto de uma barra de proteção, um do lado do outro, pessoas se apertando para chegar mais perto (#ui²)...
Ana, façamos um favor para essas pessoas: a gente bem que poderia ocupar o espaço de uma pessoa só aqui. Sabe como? Assim, ó...
Preciso comentar que eu não fiz isso?
Chamem-me de "fraco": aquela diferença de altura que "encaixa", um show do Leoni, aquelas músicas "para dois"... Eu responderei que nossa amizade já está estragada com o convívio. Eu já disse que nós três (a Fer, a Ana e eu) já estivemos fechados no quarto da Ana, na casa dela? Pois é. Eu era quase o amigo gay delas.

Depois que eu fui estudar em São Carlos, nós já encontramos só nós dois, em uma pizzaria. Foi totalmente obra do acaso essa soirée virar um rendez-vous, pois havia outras pessoas que tinham combinado de ir até a pizzaria. Bom, pelo menos eu acho que foi por acaso.
Que meus olhos ficaram sorrindo no dia, eu sei: reencontrar amigos de longa data é formidable. Sim, também: suas curvas, destacadas pelas suas roupas hell on heels, eram perigosas demais para um não-habilitado como eu.
Ela me buscou aqui em casa e me deixou, na volta, também, já que eu não tinha carteira de motorista na época. Mas conforme eu disse, já estragamos por demais nossa amizade., e ficou só nisso.

Eu lhe disse que estaria indo para a minha cidade natal logo hoje.
-- Ah, vamos no Axé, então -- digitou Ana.
-- Axé? Vai ser nesse final de semana? -- eu, como sempre, o maior desinformado de festas ever.
-- É, amanhã e domingo!
-- Eu acabei de te falar que eu 'tô podre por causa da festa de ontem! E você vem e me chama? -- Mas eu queria te encontrar, então eu vou! -- eu disse, de brincadeira, claro.
-- Ah, imagina, obrigada! [smiley do MSN envergonhado]

Na nossa conversa, a letra mais digitada foi "k", pois ríamos de qualquer bobagem que eu falava. entendeu minha piada?  Enquanto isso, liguei para o meu irmão que mora aqui, e pedi que ele comprasse o ingresso para o Axé. Quando Ana me disse dessa festa, eu pude imaginar que ele já comprara o dele, pelo menos. Dez minutos depois, ele me confirma a compra do ingresso.
-- Ah, ótimo! Depois a gente combina direitinho de a gente ir lá, tá? -- e ela me passou o número do celular.
-- OK.
Eu achei que seria a maior dificuldade ever a gente encontrar, pois estaria bem cheio. Fui surpreendido por uns braços que me puxavam o pescoço.
-- O-oi, Ana!
Depois de um tempo, ambos high, ela me veio com um papo... estranho:
-- Nossa, se você souber como anda minha vida amorosa! O "caboco" me vem e pede em namoro com menos de uma semana que a gente 'tava junto! Onde já se viu?
-- Ô louco! Ih, fi'a, se você soubesse da minha também... daria pra escrever um blog livro!

Pronto, 'tá aí nossa solução: tanto fail junto não tem como ficar pior!


-- Para de me deixar na curiosidade! Conta logo, beijou quantas lá? [...] Como assim, zero a zero? -- Fernanda me repreendia, por MSN. -- [...] Larga de rodeio que eu preciso sair, tenho que ir pra faculdade daqui a pouco!
-- Ah, tá bom, prontofalei: por um acaso você quis que seu melhor amigo e sua melhor amiga... ? Confesso que pensei, mas eu não quero repeteco da história da Clara.

Aguardem novos episódios posts...

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Predestinação


Eu não sei porque eu ainda alimento esperança: sempre que eu to me sentindo bem "demais", como nesse dia, vai existir alguma coisa para me fazer sentir muito, mas MUITO mal.
Como hoje.
Não, não estou com ressaca da festa de ontem. Pelo menos não alcoólica -- eu não consegui levantar da cama hoje de tanta dor nas costas e nas pernas. Adoro quando as pessoas me desapontam, sabe? Adoro quando as pessoas têm tanto bom-senso que se oferecem para ajudar ao perceberem que eu e mais quatro pessoas estávamos há QUINZE HORAS trabalhando na festa, abaixando até o chão a caixa térmica para pegar as bebidas. Literalmente, eu dei meu sangue por aquela festa -- estou com um corte na mão esquerda, feito pela lataria da caixa térmica.
Comentei com uma dessas pessoas, que também estava havia essas quinze horas, que minha vontade era de pegar um mísero palito de fósforo aceso daqueles maconheiros filhos da puta, que não deixavam a gente ir embora, porque queriam ficar mais na festa que já tinha acabado, e fazer um lança-chamas bem no meio do cu deles com um desodorante de aerossol que estava na minha bolsa.
Dor física? O quê? Isso existe? Perto disso, não é nada (suponho que comentários são dispensáveis: trabalhando por quinze horas, quando é que eu tive tempo?)


Ah, eu contei a última? Então. Foi assim: eu estou fazendo uma disciplina sexta-feira de manhã (sim, estou matando aula agora), e essa mesma disciplina é oferecida na segunda-feira à tarde. A primeira prova dessa disciplina aconteceu para a minha turma antes do que da turma de segunda. Daí, alguém da minha turma teve a brilhante ideia de copiar e mandar para o e-group de todos os alunos do meu ano a prova para que as pessoas da turma de segunda se guiassem para "estudar" (haja aspas: estudar para uma prova um final de semana antes? Convenhamos...). Carlos é da turma de segunda, e alguns dos amigos deles, que vieram estudar aqui em casa, também. Como eu havia feito a prova, eu falei para eles como eu fiz. Daí, foi minha vez de ter a brilhante ideia de mandar minha resolução da prova.
Fui retaliado.
Sim, de fato, eu reconheço que minha resolução já não estava perfeita, aliás, quem sou eu para isso? Mas para as pessoas escreverem OITO mensagens do tipo "é, o Gringo errou isso", ou "a resolução do Gringo está errada"? Façavor... Detalhe: dessas oito mensagens, sete eram de pessoas que já tinham feito a prova, portanto não precisariam estar estudando essa disciplina naquele final de semana. Ou seja, foi  só para mostrar "olha só como sou mais inteligente que o Gringo".


E qual é a utilidade da prestatividade? Acho que deve servir só para percebemos que nunca satisfazemos ninguém. Paciência tem limite.
Estou procurando estágio, e as empresas de RH fazem o favor de sempre dizerem "Vocês receberão resposta, positiva ou negativa". Algumas esperas vão fazer aniversário, se continuar nesse ritmo. Exemplos: uma empresa em Campinas não me responde faz um mês e meio; outra em São Paulo, dois meses. Uma aqui perto disse que até dia 23 deste mês me daria resposta (detalhe: amanhã é Halloween). Outra falou que "na semana que vem" (que seria há quinze dias) responderia.
Sim, eu acho que vou virar um estagnário no ano que vem.


É isso, eu estou predestinado. Predestinado a não ser reconhecido, de todas as formas possíveis: pelo empenho, exemplificado no tempo trabalhando na festa; pelo altruísmo, na resolução da prova; pelas minhas competências, nos processos seletivos de estágio.
O tiro de misericórdia é o meu reconhecimento como homem, que também dispensa comentários.


Ainda bem que pelo menos como filho ou como amigo de uns bem poucos eu sou reconhecido. Eu vivo bem, tenho dignidade. Eu ainda tenho que ser grato por isso.

Alanis Morrissette - Offer
Who, who am I to be blue?
Look at my family and fortune
Look at my friends and my house
Who, who am I to feel dead?
And who am I to feel spent?
Look at my health amd my money
And where, where do I go to feel good?
Why do I still look outside me
When clearly I've seen it won't work?
Is it my calling to keep on when I'm unable?
Is it my job to be selfless extraordinaire?
And my generosity has me disabled by this:
My sense of duty to offer.
And why, why do I feel so ungrateful?
Me who is far beyond survival
Me who sees life as an oyster
And how, how do I rest on my laurels?
How dare I ignore an outstreched hand?
How dare I ignore a third-world country?

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Cafajeste por acidente

Eu cortava e rubricava as fichas para as bebidas da cervejada de amanhã, quando Clara (sim, ela mesma) entrou na sala:
-- Gringo, a festa lá da sua comissão começa que horas mesmo?
-- A partir das 6 da tarde -- respondi -- e vai além!
-- Ah, sim, era isso que eu queria saber. Pensei que ia ter hora pra acabar porque, como vai ser no palquinho... A gente [ela e as amigas de apartamento] estava pensando em ir lá, mas perto das dez.
Eu senti uma pontada por dentro. Tudo bem que já rolou muita água por debaixo da ponte, mas e se Lígia e eu...vocês entenderam, Clara vai olhar para mim com que cara?
-- Legal... passa lá! -- respondi, voltando a rubricar as fichas.
Por um lado, seria muita cafajestagem da minha parte se eu olhasse para Clara por cima do ombro de Lígia, mas um cruzar de olhos pode ser inevitável e completamente mal-interpretada. Par contre, é um jeito de afirmar que I'm not that into you.
Sabe o que é o pior? É que, no horário em que Clara chegar, eu sei que estarei no bar no mesmo turno que Lígia, ou seja, é bem possível que ela nos encontre together.

Situaçãozinha complicada, falaverdade!

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Ahumor #3: O gato

Duas rapidinhas:

"Querida, eu não ronco, eu ronrono!" (marido, em resposta à reclamação da sua mulher)

Essa é piada idosa já, mas nunca coube tão bem neste dia, que acabei de voltar de São Paulo: Casamento é igual à Paulista: começa no Paraíso e termina na Consolação...

Comidas e pegadas: o paladar alimentando o coração

Adoro cozinhar, sabe? Não sou lá tão íntimo dos utensílios de cozinha, mas é relaxante, quase terapêutico. O segredo de uma ótima refeição são os detalhes: aparência, bons ingredientes, aquela medida que só dá certo se a gente faz e aprende "na mão" (sempre que eu cozinho medindo "tantas xícaras disso, tantas colheres daquilo", dá errado; é incrível!). Muito se aprende só com a experiência, muito pode ser lido ou aprendido pelo que ouvimos dos outros, mas uma coisa é certa: o que garante a unicidade de um sabor é aquele toque que reflete a felicidade de quem prepara a refeição. Já diria aquela propaganda: o segredo é o amor.

A adstringência inaugura o paladar -- as notas acentuadas de um bom vinho são convidativas para um momento a dois. O bouquet clama por ser inalado, o perfume exalado do colo convida uma cabeça para repousar ali. O calor do vinho subindo às maçãs do rosto, uma embriaguez leve, que faz esquecer o mundo, louco mundo. Só existem nós dois. Aqui. Agora. Para sempre.
Sal é essencial -- aquela pitadinha de ciúmes é saudável, e não mata ninguém. Aliás, é necessária. A sensação de "eu te quero só pra mim, tá bom?" é indescritível.
Pimenta é ótima também -- capsaicina combina com vários pratos, desde carnes até chocolates. Um olhar eu-quero-te-comer-agora, aquela pegada máscula e inesperada, forte, mas não bruta. Breathtaking. Ela pede mais e mais, com os olhos lânguidos. Olhos que se entregam, bocas sedentas que clamam pelo encontro, corpos maliciosos que clamam pelo encontro...
Fogo, então, nem se fala! Rara e sem-graça a receita que não vai ao fogo. Meus braços que se enlaçam em seu dorso nu, os seus que enlaçam meu pescoço, mãos puxando meus cabelos, seu corpo de mulher pedindo pelo meu corpo de homem...
Doce é bom -- é o sabor que mais se destaca; a sobremesa encerra uma refeição completa. Um carinho, demonstração sublime de amor, daquela que nos deixa light-hearted. Os corpos se encaixam e se declaram, exauridos. Satisfeitos. Unidos.

domingo, 18 de outubro de 2009

Ahumor #2: Paradoxo

Stress? Cansaço? Nervosismo? Ansiedade? Que nada... quer coisa mais que broche tão irreversivelmente do que o próprio orgasmo masculino?

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Texto enjoadinho


Juro que não forjei este post lendo antes isso -- foi pura concidência eu ter postado o Ahumor hoje e eu visitar o site e ler essa crônica. E, claro, me motivei a discuti-la.
Confesso que me prendi até o fim! Muito bem-escrita, deixando aquele gostinho de curiosidade... Por mais que o autor tenha sido rechaçado nos comentários, eu preciso confessar uma coisa: ele está certo. Felizmente ou infelizmente, daí fica a critério de cada um.
[Leia o texto linkado antes porque vou fazer spoils!] Eu acho que é felizmente que Sall, autor do texto, está certo. Entendi que ele quis dizer que o casamento é uma "morte", mas tinha que existir umas vivalmas que interpretariam essa morte como o término de uma vida de gandaia solteiro, e xingaram o autor de todas as formas, alegando machismo da parte dele.


Imagine só, em vez da marcha nupcial, a fúnebre!

No tarô, a carta número 13 é a carta da morte. Ela não significa a morte em si. Na verdade, ela está relacionada também à renovação, ao rejuvenescimento. É esse tipo de morte que o autor quis dizer, eu acho, mesmo que eu não saiba se ele entenda de tarô eu não entendo. O casamento é uma revolução na vida de qualquer pessoa. É uma nova vida. E, para essa nova vida, é preciso "morrer" antes. Já diz um provérbio que cada escolha é uma renúncia.
Desculpe-me o empréstimo, Vinicius de Moraes, mas é totalmente cabível:

Esposa... esposa?
Melhor não tê-la!
Mas se não tê-la,
Como sabê-la?


Ninguém casa sem querer fazê-lo, conforme eu mesmo disse no meu primeiro Ahumor. Todo mundo reclama do comodismo que os anos de casamento trazem; no entanto, continuam casados. Se o sacripanta quis "morrer", a opção foi dele, oras. Ninguém pode ter duas vidas.


Ahumor #1: Cas(g)amento

Casar e cagar, quer coisas mais semelhantes não só na grafia? A gente sabe muito bem o que está fazendo, mas sempre dá aquela olhada para trás para ver o que fez...

(Vou fazer uma espécie de posts à la Twitter com frases irreverentes sobre relacionamentos, ok? Estreando nova série no blog: Ahumor!)

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Aguardem-me...

Na comemoração do aniversário de Vinicius*, um amigo, eu era o único desacompanhado dentre nove pessoas. Percebendo o fato cômico de eu ser o único solteiro da roda, eu o declarei, entre risos:
-- Nossa, se vocês tivessem falado que era o dia de encontro dos casais, eu nem vinha! -- ironizei.
-- Verdade! Agora que eu reparei -- disse Sidnei*, que divide apartamento com Vinicius, ambos amigos comuns entre mim e Carlos -- Bem que a gente precisava arranjar uma "senhora Gringa", hein? Falaí, Gringo, tem preferência? Loira, morena? Eu sou suspeito pra falar que prefiro morenas -- disse Sidnei, enquanto ele fazia um carinho na sua morena, Andréa*.
-- E eu as loiras -- disse Carlos, abraçando Priscila.
O melhor disso é que eu não me senti o castiçal do dia, mesmo que todos estivessem acompanhados. Como que pode caber tanta felicidade em mim, mesmo nessa situação constrangedora? É, um pouco de álcool faz milagres...
É, minha gente; pena que eu já tenho planos! Daqui a um mês a gente conversa...

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Planos para a noite #3 - O look certo

Falei aqui de quando eu estava très chic pra uma formatura e me lembrei de falar desse detalhe que, para alguns homens, é totalmente supérfluo, mas que faz uma diferença enorme para elas: a roupa certa.
Das duas, uma: os homens ou não têm um guarda-roupa muito bom, resumindo-se a camisetas básicas e jeans; ou têm um tão grande que, na hora de escolher, se atrapalham e demoram mais que as mulheres para se arrumar. No fim das contas, os donos de mega-guarda-roupas pegam aquela camiseta pólo de sempre. Nem preciso falar que os dois DETESTAM comprar e, principalmente, procurar uma roupa legal nas lojas, né?
Não estou aqui para discutir gosto de ninguém -- quem sou eu para fazer isso? Mas vou falar das peças coringas e ao mesmo tempo incomuns do meu guarda-roupa, que é dos mais compactos, mas nem por isso incompleto:

Calça/bermuda "esporte-fino" de sarja nude: É versátil, pois pode combinar muito bem com uma camiseta básica, estampada não-me-perca-na-neblina, pólos, etc.; ao mesmo tempo, ela foge do lugar-comum do jeans. Tanto a calça quanto a bermuda tem bolso faca -- aquele que é reto, quase vertical. Parece um detalhe bobo, mas isso dá um look social, mas por não ter o vinco típico das calças dos ternos (você sabe que vinco é esse, né?), fica mais descolado.
Pólos: essas são coringas em qualquer guarda-roupa masculino, fala sério! Mas dentre as que eu tenho, uma eu acho mais... especial, digamos -- ela é escura, de manga longa  e não tem punho "careca" como a maioria das pólos que se veem por aí; e sim, punho normal de camiseta. Na época que eu comprei, era difícil achar pólos de manga longa; hoje, nem tanto. Daí, eu a uso um pouco "arregaçada", como se fosse uma camisa 3/4. O caimento dela, levemente ressaltando o peito e os braços, é parfait!
Cinto de lona: eu tenho dois, um deles é uma faca de dois gumes. Ele é azul, vermelho e verde-farda, e tem ilhoses. Mas eu juro que ele não é brega! Claro que eu não o uso com qualquer roupa -- prefiro o cinto de lona preto para as camisetas não-me-perca-na-neblina. Os dois têm fivela tradicional. Fivela street, não, por favor... ou pelo menos eu não acho que fica bem em mim.

Para os dias frios (por que roupa de inverno é tão mais bonita que de verão?):
Cardigãs e golas roulé: Outras que estão no limiar entre "estilosa" e brega, as blusas de gola roulé que tenho são ambas mais justas e de cores sabiamente escolhidas levando em conta as calças que tenho (uma das golas roulé é uma vermelha e a outra é preta). Sobre os cardigãs, tenho um cardigã amarelo que está meio abandonado, coitado, e outro azul marinho, que uso mais. Os dois vão muito bem com uma camisa clara, para um conjunto pouco mais chic, ou com pólos também claras. Acho que camisetas desvalorizam os cardigãs, a não ser que...
Cachecol: peça abominada pelos homens! Mas um look bem-feito com um cachecol é super charmoso. O único que tenho é preto e curtinho, e pouco usado. Eu meio que ganhei esse cachecol do Paulo*, um dos meus irmãos -- ele só usou durante uma viagem que ele fez para o RS, e o abandonou na gaveta. Como a cidade onde eu moro hoje é muito fria, eu adotei o cachecol abandonadotadinho. Eu sei que é muito difícil combinar, mas já fiz um look legal com o cachecol e o cardigã amarelo.

Calçados: eu não tenho muita opção, mas tento combinar looks casuais com tênis de couro branquíssimo se bem que ele está um pouco sujinho, ou com sapatênis baixinhos de couro nude, ou um par de tênis bem offroad, verde-farda (se fosse de cano alto, eu poderia falar que é uma bota!); ou looks mais chics com sapatos italianos (mega-bicos!) marrons ou pretos. Eu até uso bastante o sapatos, ao contrário da maioria dos homens, sempre nos mesmos tênis surrados.

E last, but not least, perfume: tenho dois, mas acho que eles são tão diferentes que são complementares: um é o Quasar Fire, d'O Boticário, e o outro é o 300 km/h, da Avon. Este é bem cítrico, "esportivo"; ótimo pro dia. Aquele é intenso, sensual; eu só o uso à noite para acender o fogo interior... Aceito sugestões e presentes de perfumes!

Claro, tudo isso vai muito da ocasião, da companhia da soirée, etc. Mas que eu peco pelo excesso... isso eu faço, e assumo sem dó! Se eu conseguir algumas fotos minhas, eu posto, ok?

Décimo primeiro mandamento: não casais com a primeira... ?

Li hoje aqui depoimentos de homens que se preparam para casar ou que já são casados com suas primeiras namoradas. Gostei do tema e vou pôr lenha na discussão.
A geração filha da década perdida (os atuais vinte e poucos anos) não poderia deixar de honrar sua década: é uma geração confusa pela transição de valores em que ela se encontra. De um lado, a modernidade sedutora: a geração perdida se encontra nos bares, boates, bacanais. Sexo na primeira noite é o grito da libertação das amarras do pensamento retrógrado da época da vovó. Homens provam sê-los conquistando seu harém semanal; mesmo que, para isso, eles joguem para debaixo do tapete suas responsabilidades. Conforme eu mesmo disse antes, tudo é válido, até auto-destruição em nome da infinitude do dia de hoje.
Do outro lado, o sonho do príncipe encantado. Revolução feminista? Faz-me rir... ela só apareceu para masculinizar o pensamento das mulheres, que algum dia vão buscar seu lado Vênus -- a tal da carência afetiva, o maior espanta-namorido já inventado. Alías, namorido por si só já é uma expressão de mulher carente.


Ah, por favor, não estou questionando aqui e nem é meu propósito levantar argumentos sobre o fato de uma mulher hoje "poder".

Onde está, então, o ponto de equilíbrio? A geração nascida da década perdida ainda o está, pelo jeito.
Respeito. Simplesmente o valor indelével.
Quer cair na gandaia, dar suas furunfadas? Vá lá, se esbalde. Mas respeito é bom e eu gosto. Meu Deus, maior reunião de gírias idosas ever! Nem todo mundo quer extravasar do seu jeito. Ah, tá, desculpa, você então é mais caseiro, tranquilo. Ok, mas não herde a intolerância das épocas passadas contra quem não seja do seu jeito.

Falei, falei, falei e fugi do tema. Nem tanto. Eu fico no segundo grupo, caindo seriamente no risco de infringir o mandamento do título. Se eu guardo o sigilo da bevidade, é porque eu sei que a geração atual, apesar de todas as suas "modernidades", é intolerante com isso.
Eu aguardo com paciência o dia especial. O dia em que não haverá sigilo a ser guardado. Agora, se desse dia resultar uma história natimorta ou uma "linda e saudável", só o tempo irá dizer.


Uma das cenas que mais me tocaram em um filme... Atenção especial à musica Only time, de Enya.


A chave de tudo é essa: respeito. Sabendo respeitar o outro no relacionamento e, principalmente, a si mesmo, não há porque ele dar errado. Respeitar em todos os sentidos: os gostos, os sentimentos, o espaço, as vontades -- satisfazê-las não deixa de ser respeitar o sentimento do outro, não é verdade? --, etc. Havendo esse clima de respeito mútuo, não há espaço para se cogitar terminá-lo. Perceba que eu até agora não falei se é no primeiro, no segundo ou no quinquagésimo oitavo relacionamento.
Minha resposta ao mandamento não é minha, é de Enya.

Who can say where the road goes, where the day flows? Only time.
And who can say if your love grows as your heart closes? Only time.
Who can say why your heart sighs as your love flies? Only time.
And who can say why your heart cries when your love dies? Only time.
Who can say when the roads meet? That love might be in your heart?
And who can say when the day sleeps, if the night keeps all your heart?
Who can say if your love grows as your heart chose? Only time.
And who can say where the road goes? Where the day flows? Only time.