sexta-feira, 2 de julho de 2010

Uma não tão rápida sobre as expectativas

Final de semestre, e as notas finais saindo. Hoje, logo depois do jogo ridículo do Brasil na Copa, eu vi que saíram as notas de uma das disciplinas da pós-graduação.

Bom, contemos a lenga-lenga do começo:
O programa de pós daqui funciona assim: quanto às disciplinas, a gente tem que cursar 3 disciplinas obrigatórias. Os alunos efetivos devem manter rendimento superior a 60% em duas delas (conceito C) e superior a 75% na outra (conceito B). Caso contrário, são cortados do programa de pós. E isso os deixa muito tensos, reclamando da vida... por conta de míseras três disciplinas (*).
Um caso muito extraordinário é se o aluno efetivo conseguir dois conceitos A (mais que 85%) e um B, pelo menos. Nesse caso, e se o orientador autorizar, o aluno "A-A-B" pode fazer doutorado direto, sem o mestrado.
Meu caso (aluno especial, porque eu ainda não terminei a graduação) é um pouco diferente, pois eu não tenho a obrigação de ser "B-C-C". Aliás, eu nem tenho a obrigação de cursar as três disciplinas agora, e eu posso cursar as disciplinas de novo, caso não consiga os conceitos B ou C requeridos.
Por problemas de horário, eu escolhi cursar só duas. No entanto, eu ainda tinha as disciplinas da graduação (que são quatro, nem um pouco fáceis). Se eu não graduar, é óbvio que eu não posso continuar na pós-graduação, nem como aluno especial. Meu foco, portanto, é outro.

Apesar de não ser meu principal objetivo na universidade no momento, eu ia muito melhor nas disciplinas da pós que muitos dos alunos efetivos. Modéstia à parte. Não falo isso porque eu estou me gabando, e sim porque nem todos estão cursando a pós-graduação porque desejam, infelizmente. Sim, essa é a origem de maus professores, mesmo em grandes universidades.

Como é uma coisa que eu quero - e muito -, eu faço a minha parte para não precisar cursar as disciplinas de novo quando eu for um aluno efetivo. Inclusive, várias pessoas tiravam dúvidas comigo, copiavam listas (é, e quem disse que isso é coisa de graduando?), etc.

Não foi nem uma, nem duas vezes que ouvi:
"O Gringo* vai ser A em FT e Cinética."
"Certeza que o Gringo* vai conseguir doutorado direto."

A tal da expectativa.

- E aí, viu seu A em FT?
- Não, eu tirei B - respondi.
- Como assim? Você era o que mais estava manjando de FT na sala!
- Eu não estava me sentindo muito bem na segunda prova, foi isso.

O que não deixou de ser uma verdade. Final de semestre, eu tinha todas as avaliações dobradas - as da graduação e as da pós. Imagina se eu estava cansado.
However, mesmo que eu mantivesse a mesma média da primeira prova, eu seria B em FT. Aliás, o professor (que já me conhecia de outros tempos, já que ele foi meu orientador da IC e vai ser do mestrado) me deu o conceito B: se ele fosse fazer os cálculos certos, eu seria C.
E agora, eu acabei de olhar a da outra disciplina: B em Cinética.

Resumindo: sou B e B. Agora sim vocês estão felizes, colegas? Olha só, eu não posso mais pensar em doutorado direto! Não tirei o A necessário.

Eu acho engraçado isso. Todo mundo me acha um gênio. Ainda bem que eu sei que não sou. Gênio, certamente não. Esforçado, talvez. Alimentam-se expectativas em cima de uma genialidade que não existe.

Portanto, ficou aqui uma lição: não há razão nem para que eu próprio me  achar um gênio, quanto mais para os outros! Sou só humano, como todos são.

Prolongue essa lição para o campo que quiser: amoroso, profissional, etc.


(*) Mas que me faz rir pensar que eu fiz o dobro de disciplinas (contando as da graduação) que os mestrandos; que eu sou tesoureiro da comissão de formatura; que eu já estou fazendo pesquisa do mestrado (enquanto a maioria deles não está) e que eu tenho um aluno de IC co-orientado por mim... ô se faz!

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