segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Convenci-me

Hoje à tarde fiquei um bom tempo na internet, respondendo a emails acerca da comissão de formatura. Um deles veio de Úrsula*, que já havia causado uma mega-discussão entre a turma e a comissão, que não vem ao caso agora. Ela questionava sobre uma cobrança de juros, que ao meu ver (e dela também) era indevida.
Eu lhe disse que conversaria com a comissão para resolver o assunto.
Dois membros da comissão responderam: Maíra e Mateus*. Mensagens coladas na íntegra:

Maíra: Gringo, já conversamos sobre isso lembra??
Em um dos plantões que estavamos quase todos ou todos... isso aconteceu tbm com o Lucas* [é a mesma pessoa deste dia] e ficou decidido que isso NÃO VALE PARA A FORMATURA.
Porque a formatura não tem vencimento. As pessoas tem 1 mês inteirooo para fazer um depósito e se elas resolvem deixar para o último dia, problema delas! Está lembrado que falamos isso?
Inclusive, falamos pra quem tem transferência planejada deixar pra no máximo dia 28 de cada mês para que isso não acontecesse.
Então a decisão é essa. Isso também já aconteceu com o Lucas* e acho que com mais gente e nós não vamos voltar atrás e recalcular nada.. porque isso abriria espaço para outras exceções, concordam?
Todos de acordo? Ou alguém acha que não deveria ser assim? Porque se a maioria achar que não deve ser assim, a gente pode conversar... mas já conversamos sobre isso e já tinha sido tomado essa decisão.
Eu já transmiti isso pro Lucas quando aconteceu. Gringo, vc transfere essa informação pra Úrsula então?
 
eu: Sim, eu sei que a gente conversou.
Daí eu perguntei pro meu pai, que é dono lá das lojas. Peguei um dos contratos e li com ele aqui, e ele me falou que normalmente se passa pro próximo dia útil, por isso que eu quis discutir isso com a comissão.
Calma, Maíra, eu só tava perguntando pq tb me perguntaram, pra que tanta patada?

Maíra: Gringo, não estou dando patada. Se pareceu, desculpe. Mas para mim isso já era um assunto decidido porque, repetindo, nós não temos vencimento para pagamento, as pessoas têm o mês inteiro pra pagar.
Mas como disse, se todos (vc, a Letícia, a Marina e o Mateus) acharem que isso deve ser revisto..podemos conversar novamente a respeito. Mas acho que vai trazer dor de cabeça porque isso vai acabar tendo que ser aplicado em vários casos.
É isso...
bjoss
Novamente desculpa se pareceu patada...
 
 
Já comecei a ter palpitações desde essa hora. Não sei por quê.
 
 
Mateus: ow...num vi patada nenhuma!
enfim...primeiro faltam só dois meses pra acabarem os pagamentos e independente dos motivos num vale a pena mudar agora....e eu concordo com a Maíra, q isso já foi discutido várias vezes...então eu sou a favor de deixar como tá...a única coisa q eu acho eh q a gente devia ser tolerante com transferencias q atrasam...


Disritmia cardíaca aumentando. Dor de cabeça, tontura. Inexplicavelmente, consegui arranjar forças pra responder a Úrsula sobre o que discutimos. Tanto por preguiça quanto pra dizer implicitamente que não concordava, colei a mensagem dos dois.

Ela me respondeu. Nem ao menos li a resposta dela e encaminhei para a comissão.
Depois dessa hora, tudo que eu lembro são flashes de memória. Tudo rodava e rodava. Eu devo ter comido algo que me deve ter feito mal. Mas eu não fiz nada de mais hoje no almoço, e tudo estava fresco... o que é que está acontecendo?

Lembro vagamente que conversei com Mateus, e só agora fui procurar o que havíamos conversado no histórico de mensagens. Pra começar, nem lembrava que conversamos em francês, tampouco que o assunto era Maíra. Mateus reforçara sua discordância comigo quanto às patadas dela, mas concordara com sua principal característica: a falta de delicadeza.

E, claro, Mateus, como TODAS as pessoas que conheço, falaram pra eu relaxar.
Ah, foi o estopim! Chega, todo mundo só me fala pra relaxar! Como, se toda vez o chumbo sobra pra mim? Eu é que tenho que passar mensagens pra turma, mesmo que eu não concorde, porque as pessoas mal lembram que a Marina e o Mateus são da comissão, e todos bem conhecem a truculência da Maíra e a tendência a barracos da Letícia, a ponto de evitá-las.

Cansei dessa merda de comissão.
Tá acabando, relaxa! Só mais umas cinco reuniões e boa...
Vai sonhando que são só mais cinco!
São sim, mesmo porque nem tem mais dias pra fazer.

Sem ter consciência dos meus atos, desatei a chorar. Se alguém me perguntasse o motivo, eu diria que não sei, além de possivelmente responder com violência, tamanha a também inconsciente raiva de não-sei-o-quê. Deitei na cama e apaguei por entre alucinações.

Tive vários pesadelos. Não me lembro de todos.

No último, eu estava num pátio escuro, à noite. Chovia muito, tudo estava cinza. Gritei alto de dor, e algo me sugou tão forte de volta à consciência que acordei achando que estava caindo. Braços e pernas tremendo, suando frio.

Eu estava acordado, rolando na cama, inquieto. Já não estava tendo pesadelos mais. Acordado, alerta, tremendo. Mas de olhos ainda fechados. O que é está acontecendo? E por que eu estou com tanta fome? Meu Deus, tá parecendo uma larica.
Eu fazia força pra abrir os olhos, mas ainda não conseguia. Suava, rolava na cama, tremia. E nada. Vamos, pelo menos comer alguma coisa eu preciso! Levanta!

Finalmente venci a luta. Luz embaixo da porta? Como, Priscila e Carlos não podem estar acordado a uma hora dessas!
Olhei na cabeceira da cama: onze e meia. Meu Deus, eu juraria que eram mais de três da manhã.
Relutei alguns passos além da cama e cambaleei. Segura!
Que coisa é essa? Vamos, pelo menos um copo de água!
Lembrei que tinha um pote na geladeira com o que sobrou do meu almoço. Comi do jeito que estava mesmo: frio. Gelado, na verdade.
Bebi quase a garrafa de água inteira.

Passou.

Agora que estou me sentindo um pouco melhor - ainda com um pouco de dor de cabeça -, penso que tudo indica que eu tive um delírio. Não, mas eu não...

estou...

Doente...

Não! Agora até alucinações! Preferia a fase que eu só ficava triste...

Eu agora estou convencido: amanhã cedo eu vou procurar ajuda. Que se exploda a opinião dos meus pais, que se exploda a minha poupança, que juntei com tanto esforço. Uma vida está em risco.

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