domingo, 15 de novembro de 2009

A deficiência seletiva

Por eu ter sido sempre obeso mórbido cheinho desde pequeno (e só agora meu peso está aceitável), eu nunca gostava de ficar sem camisa, por razões óbvias: poupar as pessoas e a mim mesmo de um trauma. Ontem, inclusive, eu fui a um churrasco, e o calor dessa cidade, junto à proximidade da churrasqueira, estava insuportável. Mesmo assim, relutei em tirar a pólo rosa que eu estava usando.
Hoje, por outro lado, resolvi me propor uma prova de fogo. Precisava ir ao supermercado e à farmácia, que ficam não tão perto de casa, mas nada que impeça de ir a pé (aliás, eu não tenho outra condução além do Oscar-canhá e da Mercedes de 40 lugares). Resolvi ir topless, mas levei uma camiseta, é óbvio.
Para evitar cruzar olhares ou escutar comentários alheios (estigma do passado), levei meus óculos de sol bem grandes e meu mp3. Je n'écoute pas, je ne vois pas.

Tá aí, descobri uma coisa.
Bem melhor eu abstrair as opiniões dos outros, até porque se eu depender dessas opiniões eu cometo suicídio, com certeza. Bom também é não tentar tirar conclusões a partir de coisas pouco confiáveis, como um olhar dissimulado.

Minha aréola um pouco grande? Não tem como eu diminuir, tem? Então, xapralá.
Minhas estrias bem no baixo ventre? Versão alternativa do "caminho da felicidade" (rá!).
Barriga? Só manter a postura mais reta (o que para mim é uma dificuldade -- 1,85 m e timidez explicam), que ela some magicamente.
Que bom que das minhas pernas eu não tenho do que reclamar.
Cada parte é única. Não existe outro Gringo.

Não tenho abdome "trincado", tórax explodindo na camiseta, bíceps idem. Ainda bem. Não estou incomodado com isso. Se alguém repara demais nesses meus "defeitos", eu sou surdo e cego. Aliás, cega é uma coisa que essa pessoa não é, hein? Falaverdade... Hum...

Regardez-moi, je suis le plus beau du quartier
J'suis l'bien aimé
Dès qu'on me voit, on se sent tout comme envouté, comme charmé
Lorsque j'arrive, les femmes elles me frôlent de leurs regards penchés
Bien malgré moi, je suis le plus beau du quartier, hum, hum, hum
Est-ce mon visage? Ma peau si finement grainée? Mon air suave?
Est-ce mon allure? Est-ce la grâce anglo-saxonne de ma cambrure?
Est-ce mon sourire? Ou bien l'élégance distinguée de mes cachemires?
Quoi qu'il en soit, c'est moi le plus beau du quartier
Mais prenez garde à ma beauté, à mon exquise ambiguïté
Je suis le roi du désirable, et je suis l'indéshabillable
Observez-moi de haut en bas,
Vous n'en verrez pas deux comme ça
J'suis l'favori, le bel ami de toutes ces dames et d'leurs maris
Regardez-moi, je suis le plus beau du quartier
J'suis l'préféré
Mes belles victimes voudraient se pendre à mes lacets -- ça les abîme
Les bons messieurs, eux, ils voudraient tellement m'déshabiller -- ça les obstine
Bien malgré moi, oui bien malgré moi
Je suis le plus beau du quartier


Tá, eu ainda não cheguei a ter essa auto-confiança

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