Engraçado isso: o Eduardo*, amigo meu de infância, agora está solteiro. Diz ele que from now on, I'm datin' myself. A justificativa? Ele estava fazendo muito pelo relacionamento dos dois, e, sob a clássica "Bonzinho só se f*de", terminou.
Tá, eu entendi bem a situação dele, acho que estava bem decidido na atitude a tomar, e realmente concordei com ele: a agora "falicida" achava que se garantia com ele, e, por conta disso, não fazia o mínimo de esforço para manter o relacionamento. Já tá firme mesmo, pra quê? Não preciso de ficar de mimimi.
Concordei com a atitude, mas não a justificativa. Ah, ela não faz nada por mim, então não faz sentido a gente ficar junto. Vai acabar dando na mesma, mas vejam se entendem minha justificativa:
Conforme a analogia que eu fiz há um tempo com a dança, o objetivo dessa condução, dessa imponência não é impressionar, como muitos homens fazem unfortunately. Prefiro pensar que é melhor querer fazer seu par feliz e, com isso, ser feliz a dois.
Um quê de caridade, talvez.
Mas a pessoa que recebe essa caridade precisa querer receber a caridade. Como assim? Perceba pelas campanhas filantrópicas, sobretudo no final do ano, a tal coisa do espírito natalino: normalmente, os necessitados acabam por abusar dessa beneficência, e se abastecem por meses, e torram seus salários ínfimos com inutilidades. E isso decepciona a quem ajuda. Essas pessoas não querem a caridade. E nos faz pensar: por que é que eu quero fazer essa pessoa feliz, mesmo que só nesse instante em que ela recebe minha caridade?
Uma vez, numa distribuição de sopa beneficente, presenciei essa cena:
- Tia, põe sopa aqui pra mim. P'ra minha mãe. - um menino raquítico estava com uma vasilha na mão.
- Ponho... Cadê sua mãe? - a minha mãe disse.
- Tá im casa, dormin'o. Ela foi nu forró ônti, e chegô tarde im casa. Aí ela falou pr'eu almuçá aqui, puquê ela tá cansada e num vai fazê cumida hoje não. I ela pidiu pra levá sopa pra ela tamén.
Ah, a sinceridade das crianças! Entende o que eu quero dizer com "não querer receber a caridade"?
Analogamente, é possível perceber quando alguém não quer a nossa caridade quando na vida à deux: não adianta eu querer fazer caridade, ou seja, querer fazer alguém feliz, querer fazer o bem para alguém, se essa pessoa não quer que eu a faça feliz, que eu faça o bem a ela.
Que diferença existe entre isso e o raciocínio do Eduardo? É que, do jeito que ele pensou, dá a impressão (pelo menos para mim) que ele a namorava esperando alguma recompensa. A gente espera receber alguma coisa com a caridade? Não acho que seja por aí.
Partindo daquela ideia, a (agora ex-)namorada dele não quis receber a caridade do Eduardo. E isso o fez pensar: por que é que eu quero fazer essa pessoa feliz, mesmo que só nesse instante em que ela recebe minha caridade? Nisso sim, eu concordo. E acho que a atitude dele foi certa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário