sábado, 15 de outubro de 2011

Easy

Três pessoas com quem conversei falaram pra eu largar se ser mole, capacho, cachorrinho. Eu sei, eu sei! Mas essas coisas, por mais que os outros tentem avisar, não adianta, o cara não vai mudar fácil (né, Gabriel?). E ainda criticamos quem é tratado como um capacho  - e ressalto que estou confessando que fiz isso! Apontando o indicador, a gente precisa lembrar que tem três dedos apontando de volta pra gente.

Coisas da vida.

Por esse motivo é que eu acho que tem umas coisas por que todo homem deveria passar. Não porque eu ache que todo mundo tenha que ser igual, mas algumas experiências ensinam tanto e tão bem que eu não conheço nenhum substituto.
Uma delas é ser um pouquinho de capacho, sim. Pra dar aquela balançada nas prioridades, pra aprender a valorizar o material. Outra coisa importante é passar pela fase puta. Não pelo lado devasso da coisa, mas pra saber se adaptar a diferentes pessoas. Eu disse ADAPTAR e não moldar, ou seja, sem ter recaídas no capachismo, sem mudar a essência. Até ele chegar no ponto em que vai pensar como a vida bandida é, apesar de movimentada, vazia; e se motiva a mais uma chacoalhada. [gostei do "ritmo" dessa última frase!]

E até agora eu vivi tendo muitas facilidades, não só nesse aspecto. Por exemplo, no final do ano passado, eu falei que falei pros meus pais que eu não queria um carro, e eles acharam que eu tava fazendo cu doce. Mas não. Eu sabia que eu não conseguiria me manter aqui em São Carlos só com a bolsa de mestrado e ser uma pessoa motorizada ao mesmo tempo. Consequentemente, eles continuariam a me mandar dinheiro. Se eu não tivesse carro, daria tranquilamente (um pouco apertado, talvez) pra eu me manter aqui, e independência financeira pra mim seria um bom aprendizado.
Aliás, até o fato de eu fazer mestrado foi assim. Tá, eu já estava cogitando a possibilidade, mas era "carta na manga", e não prioridade. Se eu não conseguisse um estágio, eu me matricularia como aluno especial no mestrado. Pronto, fácil, simples; Tudo bem, eu aprendo a gostar da carreira acadêmica, eu me acostumo a ver meus colegas ganhando mais que o triplo do que eu ganho como pesquisador. Sem problemas. Pelo menos eu não fico desempregado.
Outro exemplo: eu vou ter três oportunidades para conseguir uma bolsa de doutorado: (1) via projeto escrito por mim, minha preferência, não só pelo valor maior da bolsa; (2) via projeto do meu orientador, onde não sou avaliado e é praticamente impossível eu não conseguir, visto que meu orientador é autoridade mundial no assunto, e (3) via programa de pós-graduação, em que vou concorrer com outros profissionais com CVs e históricos escolares de graduação e mestrado; e em que eu também tenho boas chances, já que consegui primeiro lugar na classificação de mestrado pelo mesmo método. Ou seja, sem bolsa de doutorado eu não fico.
[só mais uma atualização: acabei de receber um email do meu co-orientador, que resumida, mas não explicitamente diz que eu já vou ter outro aluno de IC pra co-orientar enquanto estiver no doutorado, ou seja, CV potencialmente mais recheado, tendo mais chances de passar em concursos públicos...]
Pra finalizar, a própria separação forçada entre mim e a Di dentro de menos de uma quinzena. Eu não vou precisar ter força pra destrancar a porta, como eu escrevi há uns dias, já que a carreira dela vai fazer com que fiquemos literalmente um oceano de distância. Eu não vou passar pelo capachismo forçado, ficando a lição do mesmo jeito - agradar é uma coisa, ser passivinho é outra. Sem sofrimento.

Resumindo tudo, minha vida foi fácil demais até agora. Eu poderia ter saído o pior dos mimados, grazadeus eu não sou. Mas uma coisa eu peço: deixem que a minha vida dê um pouco errada.

Cansei de jogar no easyEu quero um desafio de verdade.

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