sábado, 1 de outubro de 2011

Coisas que sei e não sei

Eu não sei por onde começar essa conversa. Eu só sei que me senti um ímpeto tão forte de vir aqui, conversar, que...

Eu sei que, se eu der um estalo de dedos, você se entrega toda. Eu sei que eu a faço arrepiar da nuca até a coxa se eu eu a tocar com um mísero dedo no local e na intensidade certa. Eu sei que deve ser por isso que você se derrete toda por mim, querendo ser uma mosquinha para pousar na minha piel de miel.
Eu sei que você está começando a se apaixonar por mim - se já não estiver completa, loucamente apaixonada.

Eu sei que deveria é me orgulhar muito disso, e sei que poderia usar isso como armas pra te tratar como um cão trata um dono: sabe como fazer com que ele fique todo feliz, com cinco minutinhos de brincadeirinhas, até que ele [cão ou dono] se cansa e larga um do outro.

E infelizmente é isso o que eu tenho feito: algumas sextas-feiras à noite, você me liga toda carente... e eu, bobo que sou, apareço aí, dou pelo menos duas, tomamos café juntos e vou embora no outro dia, normalmente perto da hora do almoço. Cinco minutinhos de brincadeirinhas e, quando um cansa, larga do outro.

Perdeu a graça. Não há mais mistério a ser descoberto. Ficou óbvio. E é por isso que eu desanimei do nosso caso. Vinicius de Morais, no seu poema famosíssimo "Receita de mulher", mostra isso: a mulher não precisa ser extremamente bela, mas é obrigada a ser misteriosa.

Não vou dizer que eu não esteja gostando das nossas horas íntimas. Diria eu que estou... deslumbrado. Errei, errei muito no começo; foram como as primeiras machadadas no tronco: nem arranham a casca, mas, sem elas, não se derrubaria a árvore. É o tempo que perdemos amolando uma faca na cozinha, mesmo que seja pra cortar um só legume - aparentemente desnecessário, mas essenciais. E por isso eu serei eternamente grato e certamente me lembrarei de você por toda a minha vida.

Eu sei que deveria falar tudo isso, de um jeito mais brando, cara-a-cara. Mas o medo de magoá-la é tanto, tanto! Na minha cabeça, parece que eu estou dizendo "vou ali ser feliz e fique você aí jogada, aos prantos, com as lembranças dos nossos momentos".

Por não saber como começar, tenho mandado pequenos sinais, não cedendo a todas as suas chamadas. Entretanto, você me chama de ingrato se eu não falo com você por um período superior a 24 horas. E você ainda se diz forte... "pode falar se você não quer mais que a gente se encontre, eu entendo, agora eu tô forte pra isso".

Sei.

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