domingo, 18 de setembro de 2011

Documentos

Semana passada foi a formatura do Gabriel*. Voltei pra casa, fiquei lá uma semana.
Voltei feliz, mas com uma ideia fixa na cabeça: eu não quero continuar nessa enrolação e não quero mais me encontrar com a Di.
Eu sei que é de assustar, ainda mais depois de tudo isso que a gente passou junto, do que eu escrevi. Sim estou curtindo, mas é que não dá, não sei explicar. Os dez anos de diferença pesaram aqui: logo logo ela vai ter terminado o doutorado, e eu mal vou ter terminado o mestrado.
Também tem o fato de ela ter que fazer uma viagem internacional de quase 5 meses daqui a pouco tempo. Não adianta, eu sei que distância mata. Nem me venham com mimimi clichê - já vi muita gente teorizando sobre isso e um mês depois já tinham terminado relacionamento de mais de anos. À distância, pra piorar. Quanto mais um casinho ridículo desses.

Ressalto: não estou falando aqui que eu tô querendo "aproveitar a vida", porque eu nunca fui de esbórnia, cês bem sabem. Aliás, daqui a pouco eu escrevo uma coisa sobre isso.

No terceiro ou quarto dia que eu estava em casa, Di me mandou uma mensagem no celular. Ia responder meio que por educação, só - querer responder, mesmo, eu não queria. Ah, tudo bem, daqui a pouco eu respondo. Quinze minutos depois, a bateria do meu celular acaba. Ah, tudo bem, eu ponho pra carregar e...
Ops! Cadê o carregador? Ih, está a 280 quilômetros daqui, esqueci em São Carlos. Ah, tudo bem, eu respondo pela internet. Daí minha casa fica sem internet pelo resto da semana.
Ótimo.
Na mensagem: "Pessoa ingrata, nem dá notícia, nem um oi! (...)", dentre outros assuntos aleatórios.
E desde quando eu devo dar notícias? Nem pros meus amigos eu fico avisando se eu estou fazendo coisa x ou y, por que eu deveria? Não me sufoque. Não preciso ficar documentando meus passos.
Deixa eu querer fazer isso. Quando eu quiser fazer isso, pode ter certeza que aí sim temos um compromisso.
Engraçado, isso: dar liberdade pra que o outro se sinta na obrigação de contar como foi seu dia. Já escrevi sobre isso antes.

Na formatura do meu irmão, duas grandes decepções, ambas tendo a ver com meu primo Felipe*. Não sei se foi porque ele namorou sete anos e depois terminou, mas hoje ele é um recém-formado bon vivant: gasta quase inteiro o já abastado salário dele com luxos: baladas regadas a bebidas caras, carro esportivo importado, eletrônicos não tão essenciais.
Felipe trabalha na região de Belo Horizonte. Ainda assim, viajou mais de 600 quilômetros só para ir para a formatura do meu irmão.
Decidiu assim, de sopetão: estou saindo de BH pra formatura. Causou vários problemas quanto à quantidade de convites, à ida das pessoas pra formatura, tudo. Acabou por fazer meu irmão comprar um convite em cima da hora, preço lá nas alturas.
A cereja do bolo? Desacompanhado. E sem avisar pra namorada.
Ele sim teria que avisar. Não perca seu tempo em me falar que ele veio pra comemorar a formatura porque eu sei muito que não é esse o motivo. E ele perderia a oportunidade de uma balada com três garrafas de whisky, uma de tequila e uma de vodka importada  [sim, meus irmãos são uns sem-noção] de graça, fora outras bebidas comuns aos outros convidados? Never!
Tudo isso sem nem sentir a cara queimar.

Não que tenha que ser uma obrigação "de documento", mas teria que haver uma... uma... vontade de querer avisar, pelo menos.

E é justamente isso que eu acho que aconteceu entre mim e a Di: não existe ainda essa vontade. E ela atropelou. E eu desanimei muito.
Sei que é muito egoísmo da minha parte querer terminar o que aconteceu com a gente por causa disso - afinal, eu também fiz isso - atropelar as coisas - no começo.

Mas daí...

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