quarta-feira, 20 de junho de 2012

Recaída

Bom, conforme eu escrevi da última vez, eu percebi que eu precisava sacudir a poeira e me rodear de gente que me faça bem.

Encontrei na academia uma amizade improvável. Confesso que I had a crush on her, mas nada muito uau. Instrutora do RPM, foi ela que acabou me puxando pro meu mais recente hobby não tão hobby assim: ciclismo. Aline* e eu não temos lá nenhuma amizade truly, mas o jeito de mulher poderosa, com uma pitadinha de meiguice de menina acaba me tragando...

Tá bom, tá bom, confesso. I do have a crush on her. I still do. Mas agora mais maduro, sem idealizações, sem ser previsível demais.

E puxando aos poucos, ela tem me convidado para uns programas. Um sábado aí, retornamos ao mesmo lugar em que um homem comprometido foi agarrado. Não conhecia ninguém à exceção dela.

Conversas um pouco incômodas, do tipo "estou há tantos anos solteira", ou comentários sobre os outros caras na balada; com uma naturalidade tal que me encabulava mais ainda.

Enfim, conversa vai, conversa vem, notei que uma das amigas dela, a Célia*, estava olhando demais pra mim. Não comentei, não disse nada. Afinal, eu já era um estranho, e vai que eu dou uma bola fora, comentando sobre uma possível pessoa comprometida. Ainda mais depois do episódio do "cara comprometido", não duvido de nada. E além do mais, eu já fui mal-intencionado: aproveitando dessa função de abre-alas que a Aline teria que ter, conversaríamos mais e então Aline e eu...

Enfim, percebi que era só eu virar para o lado da Célia e ela sorria. A linguagem corporal dela era estranha: por um lado, ela abria o sorriso em resposta e se virava para o meu lado, apontando os pés para o meu lado, o que é um sinal bem sutil, mas bem claro. Por outro, ela ainda "segurava o escudo" -  protegia-se com o braço à frente do corpo, brandindo a garrafa long neck como um escudo espartano.

A Célia estava com uma amiga, com uma cara de eu-deveria-ter-ficado-em-casa. Um tempo depois, essa amiga da Célia atendeu sua própria vontade, e foi embora. Célia ficou sozinha, e se jogou num sofá dessa balada.

Gu, posso te contar uma coisa? Uai, Aline, pode. A Célia quer ficar com você.

Err... é... então... eu tinha percebido.

Nem imaginei que talvez tivesse esse tipo de... de... sei lá, combinação entre as mulheres; ainda mais levando que eu era um dos poucos homens desacompanhados do grupo. Não que eu esperasse disputa de puxão de cabelo, mas normalmente quem faz esse tipo de jogo são homens superficiais demais ou mulheres caídas de amor. O que com certeza não era o caso, já que teoricamente não nos tínhamos visto antes. Estava eu sendo observado desde o começo? 


Não, Aline, eu quero você.


Sentei no sofá perpendicular ao que Célia estava sentada. Olhei para ela, com cara de Gato de Botas, e depois para o espaço ao meu lado. Senta aqui. Não me cabe, senta você de cá, retribuindo minha cara de pidão com um olhar meio blasé.

Fui. Deixei que ela puxasse assunto, dada a minha vasta experiência.

Olhei nos olhos, depois na boca e voltei aos olhos, mesma cara de maior abandonado, assim como a música que a banda havia tocado antes.

Qual é o sentido disso? A gente não se encaixa: ela, com sua expressão blasé e beijo sedento demais; eu, me escondendo atrás de um muro de timidez e beijo suave, lento. Não, não faz sentido.

Deixei-a na porta de casa. Mesmo que estivesse com vontade de ir além naquela one-night stand, estava consciente de que não daria certo. A gente não se encaixa. Definitivamente.  Não vou perder meu tempo.

Fui embora. Dirigindo pela madrugada, olhando pela janela, a luz amarelada dos postes como única companheira...

Como é que tem gente que gosta dessa vida de solteiro? É vazia! É cheia de nomes perdidos nas noites. Às vezes, nem mesmo nomes, só rostos e beijos desencontrados. Não que eu esteja com um par de alianças no bolso just because, mas eu não consigo viver essa vida de solteiro bandido.


E nessa hora, pensei em Diana. Nós sim, tínhamos algum quê de sincronia física. Ou não, vá saber? Foi a única experiência mais profunda que eu tive até agora... Definitivamente eu não fiz nada de diferente ou especial pra ela. Não há razão para ser diferente com outra pessoa.

Não, não pense nela. Isso é pura carência, não vale a pena. Você já sabe onde estará se metendo (heh), não perca seu tempo. Figurinha repetida não completa álbum.

Sei que "não é certo" em se falar de tipos de pessoa, mas eu sei o tipo de mulher que eu quero. Com todo o respeito, nem Diana, nem Lívia, nem Célia o são.

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