terça-feira, 15 de novembro de 2011

Eu menti

... mas não porque eu sou mentiroso. Explico.

Sabe qual é a coisa mais apaixonante? É quando a pessoa dá liberdade pra que a gente a descubra, mas a pessoa sempre tem uma surpresa. A gente adora o desafio de desvendar o mistério que é aquela pessoa. Não falo só por mim, que sou homem. Mulher também gosta disso.

Daí todo mundo distorce esse fato. Fala que mulher gosta é de homem cachorrão. Ou que tem que esnobar, sim. Ou, conforme o Gabriel me disse, quanto mais você mostrar que ela pode te perder a cada segundo, mais ela vai querer ficar perto de você. Mulher não pode ter segurança no relacionamento, tem que viver na insegurança.

Um absurdo!

Há um abismo entre ser esnobe e ser misterioso. O esnobe desrespeita, o misterioso é um gentleman. Mas nem por isso é um gentleman óbvio, forçado, friend-zoned. Versão masculina da "boazinha", da qual já vou falar daqui a pouco. Ele faz galanteios naturais, que poderiam ser feitos a favor de qualquer mulher, mesmo sem interesse sexual. Ou mesmo com outro homem.
Vai parecer falta de modéstia da minha parte, mas eu geralmente abro a porta do elevador do meu prédio primeiro, saio e seguro a porta pra todas as pessoas. Senhoras, senhores, moças, casais com filhos, whoever. Só não faço isso com marmanjo. Não porque eu não queira, mas porque infelizmente gera má interpretação. Coisa de brasileiro, fazê o quê.

Enfim, voltando.

O esnobe tem um ego minúsculo, apesar de parecer exatamente o contrário. Pior de tudo é que ele sabe identificar quem tem ego pequeno também, mas que o deixa bem claro: a menininha. A menininha - ou, conforme certa autora (que já citei aqui) já definiu, a boazinha. A boazinha cede demais, a boazinha é... boazinha. Simples assim. Todo mundo conhece no mínimo uma. 
Ressaltando: não é necessário que a boazinha seja aquela timidazinha que não conversa com ninguém, que tem vergonha até de palavrão que falam perto dela. Ih, o que eu conheço de gente que se acha "independente", mas tantas vezes atropela a própria vontade (e é exatamente isso que define a boazinha)!
Tem boazinha que usa Twitter pra contar tudo da vida dela. Se brincar, ela conta até quando vai cagar, porque acha que tem um interessado por perto. E sempre tem um interessado:  o clássico friend-zoned, que a segue. [essa vírgula fez total diferença nessa frase, cuidado ao ler!]
Tem boazinha que usa Truth box no Facebook e fica mostrando quando alguém dá uma cantada nela. E "acha ruim" - e declara publicamente - que ficam mandando. Coitada. Coitado também do cara que mandou a cantada.
Tem a boazinha que é biscate. Tem a boazinha que é santa-do-pau-oco. Tem várias boazinhas, todas agradam mais ao outro do que a ela própria.

Pro esnobe, encontrar uma boazinha é incrível. É a oportunidade perfeita da foda garantida. Coitado, vivendo outra ilusão tão grande quanto seu alter ego, a boazinha. Bem que se merecem mesmo.

Já o misterioso tem amor próprio, tem vida própria. E sabe muito bem que um sábado à noite em casa lendo um livro repetido, escutando umas músicas velhas (mas que ele adora) é tão prazeroso quanto uma balada. Diferente, é claro, mas tão bom quanto. E se por um acaso rolar alguma coisa na balada, ele está lá, sentindo cada centímetro daquela pessoa, tentando descobrir como é a personalidade da pessoa pela terceira nota do perfume dela.
O misterioso beija de olhos fechados, pois assim aguça os sentidos. O esnobe beija de olho aberto pra olhar pros peitos da gostosa que tá passando ali do lado. Completamente sem foco e perdendo a ótima oportunidade que está ali nas mãos dele, literalmente.

O misterioso não "pega". Está com aquela pessoa porque quer. O misterioso sabe que mais do que uma por noite já é exagero, porque sabe que desvendar uma pessoa só já é complicadíssimo. Mas adora desvendar pessoas. Quando estiver, esteja, já diria uma música. O esnobe, rá! O esnobe não perde nenhuma micareta, coitado.

Uma coisa é esnobar. Outra é ser misterioso.


Eu menti. Menti esse tempo todo porque eu desvendei a Diana muito rápido. Ela é boazinha. Acabou a graça. E eu não quero foda garantida, não sou esnobe, oras! Claro que é bom, mas eu não quero.

Eu quero desvendar.

... e como é que se fala tudo isso sem chocar qualquer boazinha? Eu ainda não sei e preciso aprender urgentemente.

E o pior de tudo é que, como toda boazinha, ela vai insistir. Não quero dizer que ela não possa manter contato, o que ela tem feito. Acho válido, a gente se conheceu bem demais. Mas "saudade de sentir seu corpo em cima do meu", ou "o que eu faço pra te esquecer?", ou "sou teimosa e intrusa" e afins? Poxa, você com a oportunidade de conhecer uma cidade maravilhosa que deve ser Madri! E você preocupada com sentir saudades de mim? Pra mim, isso não é teimosia, e sim falta de amor próprio!

Mas vai falar algo que nem chegue nesse ponto, mas que tenha a ver com isso...! Cês bem viram isso esses dias.

Não tem jeito de falar isso. É impossível.

E por isso eu menti.

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